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Leite com cabras ao fundo

O leite de cabra pode não ser popularmente consumido no Brasil como o leite de vaca, porém em países como Índia, Bangladesh, França e Espanha, esse alimento é produzido e consumido em larga escala. Isso porque o produto possui um perfil nutricional ligeiramente diferente, sendo, muitas vezes, considerado mais fácil de digerir para algumas pessoas, especialmente aquelas com alergia à proteína do leite de vaca (APLV). Segundo o especialista Javier Maciel, fundador da Capriana, primeira granja leiteira de cabras do Brasil, esse leite possui, aproximadamente, 12% menos lactose do que o leite de vaca.

Javier é engenheiro, argentino de Don Torcuato, Tigre, e vive no Brasil há 16 anos. Foi trabalhar na área de logística de combustíveis, depois voltou-se para o agronegócio e, há seis anos, decidiu reeditar uma antiga ligação com o campo (o pai de Javier tinha uma fazenda no Uruguai e a semente do campo ficou adormecida em sua mente), iniciando um projeto de produção original no meio da Mata Atlântica, a apenas duas horas do Rio de Janeiro. Ele cria cabras da raça suíça Saanen, a mais utilizada no mundo para fins leiteiros. De 50 cabras adquiridas inicialmente, no próprio laboratório da granja, com o auxílio da inseminação artificial, passou a 1.050 cabeças, das quais tem atualmente 350 em ordenha produzindo 800 litros de leite por dia.

Javier Maciel, fundador da Capriana, com suas cabras
Javier Maciel, fundador da Capriana, com suas cabras

Na cidade de Sapucaia, Maciel emprega 25 pessoas e produz leite de cabra, vários tipos de queijo de cabra e até um doce de leite de cabra conhecido como “do argentino” que já está conquistando o paladar brasileiro.

A Capriana fica em Sapucaia, a 1000 metros acima do nível do mar, perto da cidade de Teresópolis, a cerca de duas horas da capital fluminense. Dos 89,68 hectares, 54,90 são de Mata Atlântica preservada – um espaço tranquilo e silencioso, cercado por um cinturão de morros, protege o rebanho do barulho e dos ventos, e conta com duas nascentes de água pura, livres de qualquer resíduo ou poluente.

Cabras no pasto
Cabras na ordenhadeira mecânica
Cabras na ordenhadeira mecânica

Embora compartilhem muitas semelhanças, como por exemplo utilização na culinária, potencial a alergia e a variedade na produção de lácteos, o leite de cabra possui minerais e vitaminas diferentes e importantes para o organismo do ser humano: maior porcentagem de vitamina A, vitamina B, vitamina D, cálcio, fósforo, magnésio e potássio.

Javier Maciel também afirma que o leite caprino também possui menos gorduras: “O tamanho do glóbulo de gordura é menor do que o de vaca. Isso faz com que a digestibilidade seja melhor. O sabor do leite pode variar dependendo da raça das cabras, do ambiente em que são criadas e dos métodos de manejo e processamento utilizados”.

O gosto do produto caprino é característico, mas se altera rapidamente quando fica estocado. Essa estocagem deve ser feita em condições adequadas, higiênicas e de baixa temperatura. Por isso, consumir produtos derivados do leite de cabra, em menos de 2 dias, torna o sabor dos produtos mais suaves. Quanto mais tempo até a consumação, mais intenso fica o sabor.

Visão aérea da granja
Visão aérea da granja
Capril
Cabras em lactação na ordenhadeira mecânica. São 350 que produzem 800 litros de leite por dia
Cabras em lactação na ordenhadeira mecânica. São 350 que produzem 800 litros de leite por dia

Além do paladar, um ponto interessante a ser ressaltado a respeito deste tipo de bebida é a produção sustentável. A granja leiteira funciona em ciclos fechados, ou seja, ela promove, naturalmente, a sua auto suficiência. Isso faz com que todo o processo produtivo seja reutilizado.

O chão do estábulo é feito de madeira com alguns centímetros de espaço para o estrume cair. Por baixo do chão, há galinhas que formam uma espécie de parceria virtuosa com as cabras. As galinhas escavam e movimentam o estrume, oxigenando-o e promovem o processo de compostagem. As minhocas transformam 30 toneladas de estrume em húmus. O esterco das cabras, através de um processo de vermicompostagem, se transforma em húmus de minhoca, que volta para as lavouras como fertilizantes.

O soro do queijo é reaproveitado, juntamente com o leite, para complementar a nutrição dos cabritos. O criador aperfeiçoou todas as fases do processo, desde o manejo das forragens até à industrialização final do produto. As cabras permitem ter um processo muito verticalizado, um mini mundo. Toda a alimentação dos animais vem da própria fazenda, e tudo é feito em pequena escala. A granja tem uma pequena fábrica de ração.

Vista aérea do capril e os piquetes
Vista aérea do capril e os piquetes
Milharal para silagem
Milharal para silagem

Todos os processos da Capriana estão integrados de forma circular, desde o ecossistema da quinta até o tratamento dos animais e à produção de leite e produtos lácteos. Utiliza-se racionalmente da tecnologia e da biotecnologia, otimizando o emprego dos recursos e promovendo a autossuficiência, tudo para gerar um impacto positivo.

O diferencial da granja leiteira Capriana é a produção de lácteos, principalmente de queijos de cabra. Os queijos são os produtos mais conhecidos derivados do leite caprino. Eles variam em sabor e textura, desde o suave queijo de cabra fresco, até os queijos mais curados e intensos. A Capriana fabrica queijo tipo Boursin (um pequeno lanche francês), Frescal (queijo fresco típico do Brasil), queijo Feta, Raclette, Moleson, Caprino Romano envelhecido por 18 meses e um especial com Blueberry (mirtilo). O mirtilo é cultivado nas terras do argentino. A granja também produz o doce de leite de cabra do argentino. É um dos produtos mais vendidos, não havendo uma pessoa que não o prove e o leve consigo.

Queijo com blueberry (mirtilo) da Capriana
Queijo com blueberry (mirtilo) da Capriana
Doce de leite de cabra do argentino da Capriana
Doce de leite de cabra do argentino da Capriana

De acordo com Javier, o propósito de comercializar este produto no Brasil é também por uma questão de saúde: “O queijo de cabra contém uma proporção relativamente maior de gorduras de cadeia média, que são absorvidas mais rapidamente pelo corpo e podem ter benefícios para a saúde cardiovascular”, diz. Para finalizar, o empresário também destaca a menor quantidade de sódio no produto.

Para contatar ou agendar uma visita à Capriana: Telefone (21) 3641-6304

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