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BlogFauna RuraltecTV – Cigarra

Cigarra gigante ou cigara do cafeeiro (Quesada gigas)

As cigarras já foram usadas na medicina tradicional, como símbolo religioso, como símbolo monetário e como alimento. Muitas pessoas interpretavam e continuam interpretando o som das cigarras como sinal de mudanças no tempo. Na China, existia o hábito de prender os machos em gaiolas, por causa de seu canto. As cigarras estão presentes em muitas narrativas e em mitos de povos nativos. Elas também são personagens da famosa fábula de La Fontaine “A cigarra e a formiga”.

Apesar de surgirem, especificamente, nos períodos quentes, as cigarras se abrigam debaixo da terra por anos. Percorrendo túneis escavados, lá vivem de 3 a 17 anos, se alimentando da seiva das raízes, até que estejam prontas para o acasalamento.

Ao saírem, os pequenos insetos vivem por semanas, até que cumpram com o seu papel reprodutivo e morram logo após da deposição dos ovos em rachaduras nos caules de plantas hospedeiras e o nascimento dos filhotes.

Ao contrário do que possa parecer, a cigarra não emite o som com a boca ou com alguma vibração vocal que realiza. É o esfregar das asas no próprio corpo, em um par de estruturas abdominais chamadas timbales, que consegue produzir e amplificar essa sinfonia. A amplitude do som pode chegar a 120 decibéis. No abdômen da cigarra macho há o órgão cimbálico. Ele tem músculos que são contraídos quando o inseto quer emitir seu som característico para atrair as fêmeas. Quando esses músculos contraem, eles fazem vibrar uma espécie de caixa acústica no interior da cigarra, uma bolsa de ar envolta por uma membrana. É essa vibração que produz o som típico da cigarra macho. As fêmeas têm um órgão cimbálico atrofiado e não possuem a membrana vibrátil, por isso não emitem o som.

O canto é exclusivo para cada espécie, com medidas em decibéis diferentes. É a própria emissão de som que vai permitir às populações diferenciarem o macho da fêmea e se relacionarem durante o acasalamento.

A sinfonia começa a aparecer com a chegada Primavera e permanece em alta até março, com seus adultos em plenos pulmões. Apesar de espécies muito conhecidas, sua importância ecológica e os hábitos desenvolvidos não são tão famosos assim.

Não só barulhentas e filhas de uma grande transformação, as cigarras também são especiais por apresentam um importante papel ecológico na cadeia alimentar. As aves se alimentam de muitas cigarras quando elas saem de seus esconderijos e esses insetos são encontrados facilmente graças ao som forte que emitem, facilitando a localização.

 

CIGARRA (Quesada gigas)

Características – há no mundo mais de 1.500 espécies de cigarra. A Quesada gigas é conhecida como cigarra gigante ou cigarra do cafeeiro. Atingem 7 cm de comprimento contando com as asas e envergadura de até 10 cm. Corpo grande, boa visão. Macho e fêmea morrem antes do inverno. As cigarras são muito conhecidas pelo ruído estridulante (canto), um som emitido por um órgão localizado no abdômen dos machos para atraírem as fêmeas para o acasalamento. A cantoria é, na realidade, exclusividade dos machos, com o objetivo descarado de atrair as fêmeas para o acasalamento. Tanto que o próprio ato da cantoria já faz com que o órgão sexual do animal se projete para fora do corpo, prontinho para receber a parceira.

Praga – inseto pertencente a ordem hemíptera, as cigarras do cafeeiro são insetos sugadores que possuem metamorfose incompleta. É uma praga que não ataca somente o cafeeiro (polífago), dessa forma, ela pode atacar outras espécies de plantas. Na cafeicultura da região do sul de Minas Gerais, ocorrem três espécies de cigarra, sendo elas: Quesada gigas, Fidicinoides sp. e Carineta sp., no entanto, a Q. gigas é predominante e causa maiores prejuízos. Essa espécie possui em torno de 5 a 7 cm e apresenta trânsito de agosto a novembro, por isso, deve-se ficar atento com a ocorrência dessa praga. As fêmeas adultas após terem sido copuladas pelos machos, depositam seus ovos nos ramos das plantas hospedeiras. Após a eclosão dos ovos, há a formação da fase ninfa móvel, que desce até o solo através de um filamento produzido pela própria ninfa, a fim de buscar uma raiz do cafeeiro e iniciar sua alimentação da seiva. Terminada a fase de ninfa móvel e já totalmente desenvolvida, elas abandonam o solo, deixando buracos no solo em sua saída, sobem no caule do cafeeiro e fixam-se no tronco, passando assim para a fase ninfa imóvel. Posteriormente a essa fase, ocorre a ecdise (mudança do exoesqueleto) emergindo o adulto, dessa forma estando prontas ao acasalamento.

Apesar de ser uma praga que não ataca apenas a cultura do café, as cigarras podem trazer prejuízos ao cafeeiro, quando não manejadas.  Devido o seu costume alimentar de sugar a seiva das raízes, pode acarretar em prejuízos ao aproveitamento de água e nutrientes pela planta, resultando em morte das raízes, clorose, queda precoce de folhas, prejuízos a granação dos frutos, queda na produção, diminuição da vida útil das lavouras e até mesmo podendo resultar em definhamento progressivo e morte das plantas, em casos mais severos. Embora nos últimos anos as cigarras não tenham apresentando grandes problemas em diversas lavouras cafeeiras, devido ao controle com produtos eficientes via solo, ainda pode-se encontrar lavouras com infestação dessa praga. Para a tomada de decisão do controle, deve-se realizar o monitoramento, com o intuito de verificar a infestação e procurar orientação técnica. O monitoramento é feito nos talhões, após observar a presença de orifícios circulares de saída de ninfas móveis do solo, na projeção da copa do cafeeiro e a presença de exúvias (cutícula do exosqueleto quitinoso dos artrópodes) no caule.

Deve-se escolher 10 plantas ao acaso, e realizar trincheiras de um lado dessas plantas, retirando as ninfas encontradas, para posteriormente serem contabilizadas e multiplicadas por dois, para que represente ambos os lados da planta amostrada. Caso sejam encontradas mais de 35 ninfas móveis, deve-se realizar o controle.

Habitat – áreas rurais e urbanas

Ocorrência – em todo o Brasil

Hábitos – passam a vida adulta nos galhos e troncos das árvores. Mudam de lugar somente para se abrigar do sol. Além de chamar as fêmeas para o ato de reprodução, o canto também serve para a identificação das espécies de cigarra. Há milhares delas e cada uma emite um som diferente

 

Alimentação – seiva, que ingerem em grande quantidade, mas retêm apenas o açúcar.

Reprodução – os ovos são postos nos galhos das árvores. Quando se abrem, as larvas caem no chão. Ficam sob o solo e alimentam-se da seiva das raízes das árvores, às vezes por vários anos para então, voltar à superfície e escalar uma árvore. Seu tegumento então se abre e deixa à mostra as asas. Só quando o clima esquenta e começam a cair as primeiras chuvas de verão, é que ela sai de seu esconderijo debaixo da terra, em busca de um parceiro(a).

Predadores naturais – pássaros e primatas.

Ameaças – poluição e destruição das áreas verdes.

 
 
 
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