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Raça – Santa Inês

Reprodutor Santa Inês

Quando se fala em criação de ovinos, muitos pensam logo em ovelhas fofinha, cheias de lã. A imagem é tão forte que mesmo as as ovelhas lanudas, por serem os ovinos que mais aparece em histórias e notícias, transformaram-se na representação padrão da espécie.

Porém, nas últimas décadas, abriu-se uma nova porta para os ovinocultores brasileiros: a ovelha Santa Inês, uma raça sem lã cada vez mais apreciada por grande parte dos criadores de ovinos do país. E um fator que contribui muito para essa preferência é o forte crescimento econômico da ovinocultura de corte, a qual vem apresentando bons preços e uma alta demanda carne ovina. Nesse cenário, muitos ovinocultores vêm mudando para essa raça nativa, rústica e os rebanhos vêm crescendo consideravelmente por boa parte do país.

Reprodutor Santa Inês
Reprodutor Santa Inês

No sudeste, principalmente, nos últimos anos tem-se verificado não só um aumento no efetivo dos rebanhos, mas também no número de propriedades envolvidas nessa atividade com a adoção dessa interessante e importante raça. O mercado de carne ovina, apesar de ainda não estar definitivamente estabelecido, nem adequadamente dimensionado, vem apresentando crescimento inconteste, o que se reflete nos preços relativamente altos observados.

Fêmea Santa Inês
Fêmea Santa Inês

Essa maior demanda, todavia, é específica para carcaças de boa qualidade, ou seja, com peso médio de 12 a 13 Kg, provenientes de animais novos, com no máximo 120 dias de idade. Até essa idade os animais mostram alta velocidade de crescimento e maior eficiência no aproveitamento de alimentos menos fibrosos que animais mais velhos, apresentando uma proporção significativamente maior de corte traseiro em relação ao dianteiro e costilhar e ainda um nível adequado de gordura, suficiente para propiciar uma leve cobertura da carcaça, protegendo-a contra a perda excessiva de umidade durante o processo de resfriamento e um mínimo de gordura intramuscular, a qual garante o paladar característico da carne ovina e, aliado a pouca maturidade dos feixes musculares do animal jovem, garante maciez ao produto.

A raça 100% brasileira é a que mais ganha impulso no País. Comparada ao nelore pela rusticidade, adaptação ao clima tropical e pelo aumento significativo do rebanho a cada ano, a Santa Inês conquista criadores de diferentes regiões do Brasil. Estes animais ganham cada vez mais espaço nos campos de vários estados, como São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, por exemplo.

Rebanho Santa Inês pastando

Reprodutores alcançam cifras altíssimas. O potencial é tanto que muitos criadores estão trocando bovinos por ovinos. Ainda não há um senso sobre este rebanho no país, mas números extra-oficiais ultrapassam os 5 milhões de cabeças. Tudo isso graças ao interesse que os animais vêm despertando Brasil afora. Os principais Estados criadores são a Bahia, Ceará, Paraíba, Piauí, Pernambuco e Sergipe, região onde tudo começou. Graças ao trabalho de técnicos e criadores, a genética desses animais está cada vez mais apurada. A raça tem crescido muito, e está avançando nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Mato Grosso.

Origem da raça

A raça de ovinos Santa Inês já existe há pelo menos quatro décadas no Brasil, sendo originária do nordeste brasileiro, através de cruzamentos intercorrentes e seleção natural com base nos genes das raças:

  • Morada Nova;
  • Somalis;
  • Bergamácia;
  • outras ovelhas Sem Raça Definida (SRD).

Após todo o processo, surgiu uma raça de grande porte e sem lã, perfeita para o corte e para a produção de couro a partir da sua pele. A Santa Inês surgiu para agregar grande valor à ovinocultura, por todas suas qualidades que as tornam eficientes e produtivas. Ela é uma excelente alternativa para a produção de carne no Brasil, adaptável a quase todas as regiões do País.

O alto grau atingido pela raça nos dias atuais é produto da seleção natural e dos trabalhos de criadores e técnicos, fixando as características ideias por seleção genealógica. O porte do Santa Inês, o tipo de orelhas, o formato da cabeça e os vestígios de lã evidenciam a participação da Bergamácia, enquanto herdou da Morada Nova a característica de deslanado e as pelagens. A participação da Somalis é evidenciada pela apresentação de alguma gordura depositada ao redor da base da cauda, quando o animal está muito gordo.

Rebanho Santa Inês pastando

Com isso, após todo o processo de seleção e cruzamento, surgiu uma raça de grande porte e sem lã, muito usada na produção de couro e, principalmente, para produção de carne. Por isso, as ovelhas da raça agregam muito valor criação de ovinos brasileira. Em primeiro lugar por terem dupla aptidão. Em segundo, por todas as qualidades que as tornam eficientes e muito produtivas.

Características

Já esqueceu aquela visão costumeira que temos da ovelha felpuda, branquinha e cheia de lã? Pois é, a raça Santa Inês é diferente, mas nem por isso é desvalorizada. O foco aqui está na carne, na pele, na reprodução dos melhores animais e na participação de programas de pesquisa para o melhoramento genético da produção de ovinos para abate.

Desprovida de lã, apresenta pelos curtos, finos e sedosos. Sua pele é pigmentada e possui uma grande variedade de cores entre os animais, destacando-se o vermelho, castanho, preta, branca, chitada de preto e branco e chitada de vermelho e branco. Porém, por estética, existe uma grande busca pelo animal de pelagem preta. A depender do clima, essa pode ser uma desvantagem, pois estudos comprovam que o pelo preto absorve radiação solar, prejudicando o equilíbrio térmico do animal e aumentando a incidência de doenças e parasitas como bernes e bicheiras. Apresentam espelho nasal, perimetro ocular, vulva e períneo escuros.

Raça é de porte grande, de elevada estatura, pernas compridas, orelhas longas. A cabeça é de tamanho médio, proporcional ao corpo e mocha, perfil semi-convexo, orelha com forma de lança inseridas firme e ligeiramente acima da linha dos olhos, pouco inclinadas em direção ao comprimento da cabeça, coberta de pelos, com olhos redondos e brilhantes, chanfro liso com pelos finos, focinho largo e pigmentado com fossas nasais dilatadas e bem separadas, apresentando mandíbulas fortes e simétricas. As fêmeas possuem pesos que variam de 60 a 90 Kg, e os machos de 80 a 120 Kg.

Rebanho Santa Inês preto

O pescoço é de tamanho regular, proporcional ao corpo, bem musculoso, harmoniosa implantação ao corpo, com ou sem brincos e mais longo nas fêmeas.

Tronco grande e comprido, dorso-lombar larga e retilínea tendendo para a horizontalidade e com boa cobertura muscular, peito largo, arredondado e com boa massa muscular, tórax amplo, largo, profundo e arqueado com costelas compridas, largas e afastadas. Ventre amplo, profundo e com boa capacidade, ancas bem separadas musculosas e arredondados, garupa ampla, comprida e com suave inclinação, cauda com inserção harmoniosa, afinando proporcionalmente e comprimento médio.

Os membros são fortes, bem posicionados, proporcionais ao corpo, articulações fortes e bons aprumos. Os membros anteriores com paletas corretamente ajustadas à posição oblíqua, os membros posteriores com coxas largas, compridas e com boa cobertura muscular, os cascos pretos nos animais de pelagem preta e em animais de outras pelagens admite-se cascos brancos ou com rajas claras.

Machos com testículos bem desenvolvidos, simétricos, com circunferência de 30 cm (a partir da idade de 12 meses), bolsa escrotal com pele solta e flexível, prepúcio direcionado cranialmente, que não ultrapasse 45º (quarenta e cinco graus) com a linha ventral e fêmeas com vulva bem conformada com desenvolvimento de acordo com a idade do animal.

Possui dupla aptidão para carne e pele. A pele é de alta qualidade, tem valor elevado, sendo bem aproveitada pela indústria, a carne de sabor delicado, baixo teor de gordura e fácil digestão. Apesar de alguns animais apresentarem algumas restrições quanto à carcaça, com pouco desenvolvimento, o mérito da raça não é diminuído frente aos bons resultados na produção de carne.

Rebanho se reunindo no piquete

A rusticidade é uma característica da raça. No geral, ovelhas se alimentam de pasto e cabras comem variados tipos de folhas. Esses animais são adaptados às condições edafo-climáticas da zona semiárida, porém, adaptam-se bem em ambientes com bons recursos forrageiros. Devido à adaptação ao clima semiárido, as ovelhas Santa Inês tem hábitos alimentares muito parecidos com os dos caprinos, ou seja, não precisam de pastos, uma vez que são capazes de se alimentar de folhagens diversas. Isso facilita a criação da raça elevando seu nível de rusticidade, afinal são animais que podem ser criados em pecuária intensiva ou extensiva e apresentam alta resistência à parasitas e doenças.

Além de serem rústicas, as matrizes Santa Inês também são boas reprodutoras, prolíferas e com boa habilidade materna. É comum que as fêmeas façam partos duplos. Além disso, produzem leite com fartura. Ainda é importante dizer que as ovelhas Santa Inês são poliéstricas anuais, isto é, podem ser acasaladas e procriar em todas as épocas do ano.

Em resumo, confira abaixo alguns traços que identificam as ovelhas Santa Inês das demais raças:

  • As ovelhas Santa Inês não têm lã. Ou seja, possuem pelos curtos, finos e sedosos.
  • A pele é pigmentada.
  • São ovinos de grande porte.
  • Possuem pernas e orelhas compridas.
  • A ossatura é vigorosa, com troncos fortes e traseiros grandes.
  • Andam com desenvoltura.
Santa Inês

Temperamento e comportamento

Os animais dessa raça são muito sociáveis, gostam de estar perto de pessoas, por isso, ele tornou-se de fácil domesticação. Andam com bastante desenvoltura e apresentam comportamento bastante ativo, explorando o ambiente, diferente dos lanados europeus. É preciso ter cuidado, pois, costumam se perder do rebanho durante suas explorações.

Os ovinos deslanados possuem hábitos alimentares um pouco diferentes dos lanados, com uma maior aceitação de plantas de folha larga. Dessa forma, tem-se uma maior diversidade de plantas, ponto importante em pastos com grande diversidade de espécies.

Criação e manejo

Por ser uma raça sem lã, a Santa Inês adapta-se facilmente às variações climáticas brasileiras e diminui o custo do produtor com vermífugos. Animais lanados, que não são adaptados ao nosso clima, estão suscetíveis a doenças e diversos parasitas, por isso, precisam ser vermifugadas diversas vezes (mensalmente até), levando ao rápido aumento de resistência dos parasitos aos princípios ativos utilizados, o que pode tornar a ovinocultura insustentável. O parasito do gênero Haemonchus é o principal agente causador deste tipo de enfermidade, espoliando o organismo animal através de sua ação hematófaga. Trabalhos têm mostrando que animais da raça Santa Inês são menos susceptíveis a tal enfermidade, diminuindo muito a necessidade de vermifugações.

Matriz com dois cordeiros ao pé

Em relação aos cordeiros, a raça Santa Inês não precisa da descola (corte da cauda dos recém nascidos), procedimento que gera problemas de cicatrização e, muitas vezes, tétano e miíases secundárias, o que gera perda de cordeiros e prejuízos.

Ovinos são susceptíveis a infecção nos cascos denominada pododermite necrótica, sendo os lanados particularmente sensíveis, já os animais Santa Inês tem mostrado menor susceptibilidade a esse tipo de problema.

Reprodução

Um dos aspectos que mais chama a atenção dos criadores na raça santa Inês é a fertilidade. A raça pode ser acasalada em qualquer época do ano, desde que em estado nutricional adequado. As fêmeas mostram ainda possibilidades de, em condições especiais de manejo, apresentarem cios ainda com a cria ao pé, o que diminui acentuadamente o intervalo entre partos, sendo possível intervalos inferiores a oito meses.

As matrizes são conhecidas por partos duplos e frequentes, ótima produção de leite para os cordeiros e extraordinária capacidade materna. Assim, aumentam-se as chances de sobrevivência durante o período perinatal (após o nascimento), aumentando a disponibilidade de animais para abate, como para a reposição de matrizes.

Ovelha com dois cordeiros

Por outro lado, apesar de conseguirem desmamar cordeiros acima do peso e com uma saúde incrível, por terem tido em sua formação a influência de diversas raças, entre as quais a bergamácia, que possui acentuada capacidade leiteira, as ovelhas Santa Inês apresentam período de lactação mais longo que as raças especializadas para corte. Desta forma, um grande número de animais apresenta úberes com implantação não satisfatória. Estas características dificultam o desmame precoce, tornando mais freqüente o aparecimento de mastites, o que pode levar a perda de tetos.

Como já mencionado, as fêmeas podem apresentar cio pouco tempo após o parto, diminuindo o intervalo entre partos para períodos inferiores a 8 meses. Conseguem desmamar cordeiros acima do peso e com uma saúde incrível.

Na região sudeste do Brasil tem-se tornado usual a utilização de matrizes comuns, sem raça definida, ou ainda de animais deslanados, notadamente da raça Santa Inês, mantidas em pastagens. São animais menos exigentes em alimentação e mais prolíferas. Podem ser cruzadas com reprodutores de raças de corte, Suffolk, Ile de France e Poll Dorset, que conferem ganho de peso elevado às crias mestiças, além de melhorar as características de carcaça, para produção de cordeiros para abate precoce. As crias são amamentadas em pastagens exclusivas para matrizes com crias ao pé e posteriormente confinadas do desmame ao abate.

Em algumas criações adota-se o confinamento das mães e crias já a partir do nascimento, o que possibilita a adoção do desmame precoce aos 45 dias, resultando em níveis de ganho de peso bastante elevados, além de menor mortalidade de crias. Através desse sistema de criação, são obtidos animais com peso vivo entre 28 e 30 Kg, considerado ideal para abate, com idade inferior a 110 dias. Para tanto, o peso ao nascer deve estar em torno dos 4,0 Kg e o desmame ocorrer entre 45-50 dias, com os animais pesando entre 15 e 17 Kg. A expectativa de ganho diário de peso vivo irá aproximar-se de 280 e 240 g, respectivamente nos períodos de pré e pós desmame.

Excelente fêmea Santa Inês
Excelente fêmea Santa Inês

Para se obter resultado positivo na ovinocultura é preciso, além do bom desempenho e qualidade individual dos cordeiros, ter-se ainda uma elevada disponibilidade de animais para abate, o que quer dizer, elevado número de cordeiros nascidos (eficiência reprodutiva) e desmamados (baixa mortalidade e alta habilidade materna) e, principalmente, um baixo custo de produção.

O sistema de manejo reprodutivo tradicionalmente utilizado pelos ovinocultores em nosso meio adota o acasalamento das matrizes a cada 12 meses. Isso determina a obtenção de um único ciclo reprodutivo, por fêmea, no ano, limitando o número de crias obtidas e resultando na manutenção de um grande percentual de fêmeas vazias no plantel durante uma parte significativa do ano. Além disso, a concentração da atividade reprodutiva em uma época do ano dificulta o atendimento da demanda de mercado, por cordeiros para abate, no restante do período, representando um entrave à consolidação e ampliação do mercado consumidor.

Dentro da tecnologia proposta pelo Instituto de Zootecnia, de intensificação do manejo reprodutivo, com base em experimentos já conduzidos, é preconizada a realização da monta a cada oito meses (3 partos a cada 2 anos), que resulta no aumento do número de cordeiros produzidos durante o ano, sem prejuízo para o desempenho ponderal, tanto da ovelha como das crias. Essa tecnologia pode ser adotada mesmo com raças lanadas, tais como a Suffolk e Ile de France, consideradas estacionais, todavia sua aplicação fica extremamente facilitada quando aplicada a fêmeas deslanadas, notadamente a Santa Inês.

Ovelha com dois cordeiros ao pé

Rendimento

Quando comparada às outras raças, a Santa Inês sai na frente no quesito carne e reprodução. Como já mencionado anteriormente, as matrizes são prolíferas, com um período reduzido entre gestações, o que fornece uma grande quantidade de gestações e cordeiros, acontecendo gestações duplas com frequência.

Os animais Santa Inês têm peso entre 3,5-4,0 Kg ao nascer, peso ao desmame (45 a 60 dias) entre 13-16 Kg. É possível obter ganhos de peso diários de 220 e 200 gramas nos períodos de pré e pós desmame, com animais bem alimentados. Em sistema intensivo de criação, os cordeiros apresentam menor ganho de peso e características de carcaça inferiores em relação às raças melhoradas, mostrando menor proporção de traseiro, carcaça menos compacta e menor perímetro de perna. No entanto, esses aspectos podem ser muito melhorados por meio de cruzamento industrial com carneiros de raças melhoradoras para tais características. Além disso, possuem características extremamente interessantes como menores exigências nutricionais. Seus hábitos de pastejo possibilitam maior exploração dos recursos alimentares disponíveis. De acordo com os pesquisadores do Instituto de Zootecnia, ovinos deslanados mostram uma maior aceitação de plantas de folha larga que ovinos lanados, desta maneira consomem maior diversidade de plantas.

Não podemos esquecer da carcaça ser um fator com grande influência no rendimento, pois interfere no peso vivo do animal, ponto de grande lucro, principalmente entre os cordeiros.

Cordeiros Santa Inês
Cordeiros Santa Inês

Ao receber um bom aporte nutricional e um manejo adequado, um lugar de pastagem com variedade de plantas consumidas pela raça e cuidado com doenças, teremos maiores rendimentos e carcaças com um adequado engorduramento. A raça Santa Inês elevou o status da produção de carne da ovinocultura e permitiu que diversas pessoas pudessem conhecer a qualidade da carne desse animal.

Evolução da raça

Muita coisa evoluiu desde 1973, ano em que foi registrado o primeiro exemplar da raça, no Ceará. O investimento em genética tem sido constante, e há criadores fazendo clones, inseminação e transferência de embriões.

Durante todos estes anos a seleção direcionou a raça para um tipo específico, buscando uma forma ideal para produção de carne, um intermediário entre um super precoce (gordura) e um animal longilíneo ou tardio. Definiu-se por um animal intermediário, com pouco acúmulo de gordura e uma carcaça de boa qualidade, o tipo é classificado na Zootecnia como moderno, que se caracteriza por apresentar:

  • Formas corporais menos compactas, com corpo mais comprido, de linha dorso lombo sustentável. A conformação pode ser considerada como fator qualitativo da carcaça;
  • Ligeiro desequilíbrio entre dianteiro e traseiro com predominância do traseiro, que deve apresentar massas musculares proeminentes;
  • Grande desenvolvimento da massa muscular evidentes em regiões distintas, denotando a função carne;
  • Ausência de maneios evidentes (depósito de gordura – no colar, paleta, maçã do peito, costelas, etc.);
  • Linhas do corpo discretamente paralelas, alta e baixa, aliados a uma boa sustentação da linha dorso lombar que deve ser forte, ampla e larga;
  • Extremidades mais alongadas (corpo, pescoço, mais compridos e membros proporcionais ao corpo);
  • Grande perímetro torácico, com amplo arqueamento de suas costelas;
  • Maior extensão e largura da cernelha, tornando-a arredondada, sem saliência de suas escápulas, que devem apresentar bem inserida ao corpo;
  • Amplo assoalho de peito, com boas implantações de membros;
  • Aprumos corretos, bem implantados, bem direcionados, no caso dos membros traseiros, com boa angulação, e bem apoiados ao solo, descrevendo, um retângulo de apoio ao solo proporcional ao corpo, permitindo um andar harmônico e confortável;
  • Altura de membros, promocionais a altura do corpo, numa relação de 60 para 40, na idade jovem indo diminuindo para uma relação de 50 para 50, na idade adulta;
  • A estrutura corporal é uma característica apreciada, visivelmente pelo exterior do animal, que exerce grande influência, sobre o crescimento, ganho de peso, eficiência alimentar e acabamento dos animais. A estrutura corporal é definida pela proporção entre altura e comprimento do corpo.
Reprodutor Santa Inês

O empenho dos criadores, atualmente, é para melhorar a carcaça. Já houve muita evolução nos últimos dez anos, com animais passando de 100 Kg para até 150 Kg. A carne de ovinos é muito procurada, e a produção interna não supre a demanda e a carne do Santa Inês tem pouca gordura, tornando-a ideal para as dietas de pessoas que buscam uma alimentação saudável.

A nutrição dos animais conta muito para um alto grau de padrão de qualidade. A criação a pasto é possível graças à rusticidade desses animais, que se adaptam facilmente. Os pastos devem ser fartos e de boa qualidade. Recomenda-se fazer rotação periódica para aproveitar o que o pasto oferece de melhor. Também é recomendável fornecer sal mineral para suprir necessidades que não são contempladas pelas gramíneas. No caso de animais de elite, o ideal é fornecer, sem exagero, ração de boa qualidade.

Os animais são abatidos entre seis meses e um ano de idade, de acordo com as exigências do mercado. Para ter exemplares de qualidade, aconselha-se a adoção de um manejo que inclua assepsia ao nascer; vacinação contra clostridioses, raiva e linfadenite; vermifugação periódica; abrigo em lugares secos e limpos; e pastos de fácil acesso. Os animais devem ser criados por faixa etária e os infermos separados dos saudáveis, tanto destinados ao abate quanto à reprodução.

Reprodutor Santa Inês

Para quem está começando na atividade

Para quem quer fazer um criatório destinado tanto à reprodução ou rebanho de elite e participar de exposições, é importante adquirir animais de linhagens já comprovadas, auxiliados por técnicos que tenham um bom tempo de conhecimento da raça. É interessante comprar animais PO por terem uma boa carga genética. Nem sempre o melhor animal de fenótipo é o melhor animal de produção. O registro é uma boa ferramenta para análise.

Para quem se utiliza de inseminação artificial, é bom lembrar que a transferência de embriões chega mais rápido a animais superiores. Investir em genética é fundamental. O ideal é começar com o auxílio de um técnico ou núcleo de criadores. É fundamental entender a atividade. A ovinocultura é mais rentável, mas também dá mais trabalho. É preciso estar consciente disso quando se investe.

Outra dica importante é começar com um número reduzido de exemplares e ir aumentando o rebanho aos poucos. Há muito desperdício por parte de quem não conhece o ramo. Pode-se aproveitar tudo – carne, pele e vísceras.

Grupo de animais Santa Inês pastando

A ovinocultura se adapta facilmente à pecuária do século 21, século que exige rapidez em qualquer que seja a atividade. O boi, por exemplo, demora 24 meses para ser abatido. Já os caprinos e ovinos levam de três a quatro meses. A falta de carne para dar conta do volume de encomendas tem atraído cada vez mais pecuaristas para a atividade. Por isso se vê grande valorização de animais e leilões, que servem para abastecer os criatórios de boa genética e, consequentemente, de boa carcaça e carne de qualidade. O que o mercado busca em termos de carne são animais com acabamento de carcaça, bons aprumos, velocidade de ganho de peso e maciez da carne. Quando o assunto é genética, os criadores estão interessados em adquirir super-reprodutores e fêmeas com grande habilidade materna.

Depois de ver tudo isso, fica muito claro que a raça Santa Inês é relevante para a ovinocultura do nordeste, sua origem, e do país. A raça já está em várias partes do país, provando que já é um rico patrimônio da agropecuária brasileira.

Afinal, é uma raça de alta resistência e de boa adaptação ao clima e à vegetação do país, com boa capacidade de reserva genética. Por isso, usar essa raça em cruzamentos assegura ao ovinocultor brasileiro animais de mais qualidade, e claro, maior produtividade e renda.

Se você deseja empreender na criação do Santa Inês,
é altamente recomendável que comece por obter
orientações de técnico capacitado e da associação da
raça e, evidentemente, pesquisar e estudar bastante

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