Agricultura familiar -  Saiba tudo sobre o Pronaf

Javali

Superpopulação dos animais causa danos ao gado, plantações, florestas, fauna nativa, nascentes e ameaça até mesmo os seres humanos!

Os javalis (Sus scrofa) são animais exóticos (de origem estrangeira trazidos para o Brasil) e extremamente nocivos ao meio ambiente. É um animal de grande porte, agressivo, muito inteligente e se reproduz exponencialmente. Essas características fazem com que os métodos normais de controle populacional simplesmente não tenham qualquer resultado prático.

Os javalis competem de maneira desigual com os outros animais silvestres nativos. Por serem onívoros, eles comem tudo o que encontram na natureza: raízes, sementes, capim, cascas de arvores, frutas, tubérculos, cogumelos, animais, ovos, carcaças de animais mortos e outros.

O javali é uma ameaça ao meio ambiente e a lista de danos é extensa:

  • Estraga as nascentes, sujando toda a água;
  • Cava as encostas causando erosão;
  • Come filhotes de animais como os veados, causando sério problema para a reprodução destas espécies nativas;
  • Come ovos e filhotes de pássaros que nidificam no solo como o inhambu, uru, macuco, codorna e a perdiz, causando baixas na população destes animais, muitos já com problemas populacionais;
  • Compete pelos alimentos que seriam naturalmente de catetos, queixadas, quatis, cotias, pacas e outros;
  • Prejudica as raízes das árvores frutíferas ao revirar todo o solo na base da planta.
Lavoura de milho destruída por javalis

Os javalis são animais devastadores para o meio ambiente brasileiro. Esta é a principal razão pela qual o javali deve ser encarado como um problema ambiental muito sério. E como não há outra alternativa viável e eficaz para conter o avanço desses animais, a caça precisa ser regulamentada e controlada pelo governo brasileiro igualmente como fazem as autoridades Europeias e Norte Americanas.

Os javalis são animais dominantes e ecologicamente agressivos

Um grupo de javalis é capaz de devastar plantações inteiras em uma única noite. Javalis atacam culturas de soja, milho, arroz, trigo, cana de açúcar, aveia, entre outros. Além disso, logo após o plantio do milho esses animais chegam a revirar toda a terra em busca das sementes. Nem as pastagens do gado são poupadas pelos javalis.

A título de curiosidade, alguns estudos calculam que o prejuízo anual causado pelo javali nos Estados Unidos seja superior a 1,5 bilhão de dólares. No Brasil não temos informações a respeito.

A caça torna-se uma alternativa viável de controle

Minas Gerais é um dos Estados que sofrem com a presença de javalis nas matas. Os animais são considerados pragas para os produtores rurais e à sociedade. Para se ter noção da gravidade da presença desses animais, 64 dessas cidades estão classificadas como prioridade extremamente alta para a prevenção, no aspecto ambiental. Ou seja, o javali é uma ameaça preocupante para a flora e a fauna mais sensíveis. Existem várias espécies endêmicas ou ameaçadas de extinção por lá com o risco de serem atacadas, destaca o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA).

Estes suídeos se reproduzem tão rapidamente que é praticamente impossível controlar. Alguns defensores dos animais e ambientalistas insistem em contrariar a necessidade da caça como ferramenta de prevenção, mas não conhecem o problema a fundo.

Nos EUA, mesmo sendo a caça de javali extremamente popular e mesmo com toda a tecnologia empregada, estima-se que a população cresça de 15 a 20% ao ano, causando danos inimagináveis a natureza e a agricultura.

Cercas próprias para javalis - Bioexclusão

No Brasil, o problema está caminhando na mesma direção e as autoridades precisam tomar uma iniciativa no sentido de regulamentar e controlar a caça.

Outra ferramenta importante para ser utilizada no controle de população da espécie é a bioexclusão ou cercamento das áreas de cultivo com cercas específicas para a espécie. Esses mecanismos certamente devem ser empregados de forma integrada na tentativa de controlar os danos causados pelos bandos de javali que vêm crescendo consideravelmente.

Um pouco de história

A introdução do javali no Brasil ocorreu durante a década de 80. O javali foi capaz de adaptar-se em praticamente todos os biomas, tendo sua presença confirmada em todos os estados brasileiros. Embora raros em um passado recente, foi a partir de 2010 que o problema começou a ser conhecido pelo público.

Devido à reprodução acelerada, grande adaptabilidade e a ausência de predadores naturais, os javalis continuam conquistando novos territórios. Ou seja, é possível dizer que no Brasil há lugares que têm javalis e lugares que vão ter javalis. E se não bastasse esta invasão, um grupo de javalis é extremamente destrutivo.

Vetor de doenças

Os javalis podem abrigar carrapatos, pulgas, piolhos e outros parasitas. Além disso, mesmo que não sejam afetados, os javalis carregam uma série de doenças que facilmente podem infectar os porcos domésticos e até pessoas. A lista de doenças pode incluir cólera, tuberculose, antraz, febre maculosa brasileira e várias outras.

Durante a caça e abate dos javalis, os caçadores precisam tomar algumas precauções para evitar algum tipo de contágio. Por outro lado, estas doenças não tornam a carne imprópria para o consumo. Assim como o porco doméstico, que quando infectado pode causar cisticercose, a carne de javali também precisa ser devidamente cozida ou congelada por mais de 72 horas. Apenas trate este porco selvagem como qualquer outro animal de caça e cozinhe bem.

Praga dos javalis pode gerar R$ 50 bi de prejuízos

Um possível problema sanitário na população de javalis relacionado à febre aftosa ou à peste suína clássica seria catastrófico para a criação comercial de animais no Brasil.

O estudo realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estima que, em uma situação hipotética de que o vírus de uma dessas doenças atinja a população de javalis, os prejuízos partiriam de R$ 3 bilhões, com potencial para atingir R$ 50 bilhões.

Pequeno bando de javalis

A ideia desse estudo partiu da necessidade de entendermos qual seria o impacto se uma doença atingisse os javalis e, posteriormente, fosse introduzida nos nossos rebanhos comerciais.

Em um contexto em que a população de javalis espalhasse vírus para outros lugares do país, a conta fica ainda maior. O controle dos javalis que circulam pelo país é a única forma de se promover uma redução dos prejuízos que podem ser causados pela espécie invasora.

Esse animal que está se ambientando ao nosso sistema não é mais o javali como aqueles primeiros que apareceram vindos da Europa. Essa mistura sucessiva com animais domésticos gerou um javali muito maior, que chega a 400 Kg e que precisa ser melhor estudado para conhecermos alguma vulnerabilidade.

A erradicação é impossível. Opção é trabalhar no controle.

No Brasil, o controle do javali é realizado pelos manejadores da espécie, que fazem o abate dos animais seguindo procedimentos rigorosos e constantemente fiscalizados pelas autoridades competentes. 

Caça legal

É importante lembrar que para caçar legalmente o javali no Brasil você precisa fazer o cadastro no IBAMA. Primeiro, é necessária uma inscrição no Cadastro Técnico Federal (CTF) e emitir um certificado. Então, o interessado precisa de uma autorização de manejo no Sistema de Monitoramento de Fauna (Simaf). Para poder utilizar arma de fogo, um registro junto ao Exército é requisito.

Cachorro de caça encurralando um javali e sendo atacado por este

Sobre a parte que cabe ao Exército, o subtenente Cleison Julio Cavalheiro lembra que é preciso de muita seriedade e comprometimento dos envolvidos em todo o processo. O militar esteve presente, junto com o subtenente Diones Junior Rempel, na reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da FAEP, no dia 4 de julho, em Curitiba, para tirar dúvidas dos integrantes do grupo a respeito do combate ao javali. Existe a expectativa de que o Exército Brasileiro tenha uma atuação direta no controle. A interferência direta é uma discussão ampla e o caminho correto para cogitar essa possibilidade é pela mobilização de legisladores para levar a discussão a Brasília.

Leia também:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *