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Macuco (Tinamus solitarius)

Na época do Império, existia em grande quantidade na floresta da Tijuca e no maciço da Pedra Branca, na cidade do Rio de Janeiro. Durante o Império, a receita mais difundida foi a canja. Dom Pedro II adorava o prato preparado com macuco, conta o escritor J. A. Dias Lopes no livro “A Canja do Imperador”. Deduz-se, portanto, que grande parte da carne do macuco tenha vindo dessas duas reservas florestais.

Macuco (Tinamus solitarius)

MACUCO (Tinamus solitarius)

Características – é o segundo maior dos representantes meridionais da familia Tinamidae medindo 52 cm de comprimento. O macho pesa de 1,2 a 1,5 Kg e a fêmea de 1,3 a 1,8 Kg. Com aparência física corpórea semelhante à galinha doméstica, sua silhueta é ovalada mais comprida no sentido cauda-cabeça que a altura pé-dorso. Ave inconfundível pela coloração do dorso pardo azeitonado e ventre cinza-claro, com desenho em forma de grega nas asas e parte ventral do corpo. Tarsometatarso médio, robusto e munido de três dedos voltados para frente, e um mais curto voltado para trás. O metatarso pode ser marrom ou azulado, conforme a espécie. Pescoço curto e grosso e cabeça pequena em relação ao volume do corpo. Bico de tamanho médio, forte e próprio das aves que se alimentam de sementes, frutos, raízes e vermes terrestres. Cauda reduzida, volumosa, de forma oblonga, voltada para baixo. Quando a ave se espanta, a cauda se eriça para cima em atitude de defesa ou proteção.

Habitat – principalmente na franja da Mata Atlântica, no interior das matas virgens, mas pode ser encontrada em áreas como córregos e grotas de difícil acesso, em áreas bem escarpadas, entre elas riachos com pedras em desnível e grotões. Nessas áreas pouco visitadas pelo homem, por exemplo, se refugiam para fugir dos predadores, apesar de preferir matas limpas.

Mata Atlântica, habitat do macuco
Mata Atlântica, habitat do macuco
Área de ocorrência da espécie
Área de ocorrência da espécie

Ocorrência – por todas as regiões florestadas do Brasil Oriental, indo de Pernambuco ao Rio Grande do Sul, incluindo Minas Gerais, Sul de Goiás e Sudeste de Mato Grosso. Ocorre também no Paraguai e Argentina.

Hábitos – é uma ave terrestre solitária e tímida. Não é gregária e nem forma bandos. Na mata vive em casal, principalmente na época do acasalamento e reprodução. As fêmeas é que formam, defendem e protegem seus territórios. O macuco macho tem um pio característico, que é diferente do emitido pela fêmea em momentos de comunicação. Segundo pesquisadores, o som foi evoluindo com o passar do tempo para despistar os predadores. O piado de som grave tem apenas a sílaba “fon”. As fêmeas dominam o território e a dupla fica sempre a uma distância de 250 metros para ouvir o pio do outro espécime do casal. Os pios costumam acontecer pela manhã, muito espaçados durante o dia, e ao anoitecer, quando ao empoleirar, as aves emitem três piados longos seguidos. Desconfiados, imobilizam-se instantaneamente de pescoço ereto, parte posterior do corpo levantada ou deitam-se; algumas vezes. Quando assustados e perseguidos, fingem-se de mortos. Isso acontece, por exemplo, quando ouve barulho de tiro. Ela deita onde está e permanece imóvel até que perceba o fim da ameaça.

Macuco empoleirado para dormir
Macuco empoleirado para dormir
Macuco (Tinamus solitarius)
Macuco (Tinamus solitarius)

Escondem-se ocasionalmente em buracos. Levantam voo apenas como último recurso pois são muito pesados e retilíneos, o que dificulta evitar os obstáculos. Gostam de tomar banho de poeira além de banhos de sol. A sua plumagem frequentemente adquire, por estar impregnada, a cor da terra local. Sob chuva adquirem forma ereta (sua silhueta então assemelha-se à de uma garrafa) deixando a água escorrer sobre a plumagem. É hábito ainda se refrescar com uma série de banhos diários, inclusive com os filhotes maiores. Empoleira-se para dormir e andam em casais.

Alimentação – frutos caídos, folhas, sementes duras e também de alguns pequenos artrópodes e moluscos.

Reprodução – macho e fêmea só se encontram para acasalar, o que acontece entre agosto e setembro. A aproximação e encontro entre as aves adultas se faz através de vocalização (pios). Logo depois, se separam. Não se empoleiram enquanto se dedicam a essa tarefa. Sistema de reprodução que envolve a poligamia. A fêmea põe os ovos no intervalo de três a quatro dias, completando a postura com até cinco ovos de cor verde-turquesa ou azul. Os ninhos do macuco são feitos entre raízes de árvores ou colados a troncos caídos. No período de chocar, a ave fica dócil e bastante fragilizada diante das presas. A incubação é feita em 22 dias. O macho se incumbe da tarefa de chocar e criar filhotes. Entretanto, na última postura do ano, a fêmea se encarrega desse trabalho. As posturas podem ser duas ou três, para uma mesma fêmea.

Ovos de macuco
Ovos de macuco
Filhote de macuco
Filhote de macuco

Predadores naturais – gato-do-mato, raposa, guaxinins, furões, gambás e iraras, além dos gaviões e corujas. Também os ninhos podem ser saqueados por cobras, macacos e outros carnívoros.

Ameaças – estão ameaçados pela destruição ambiental e pela caça indiscriminada. Um novo perigo são as caçadas noturnas facilitadas pelas modernas e possantes lâmpadas que não tem dificuldade em localizar a ave no poleiro. O macuco, assim como outras aves nativas, depende da preservação do seu habitat para não desaparecer.

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