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Percevejo gaúcho (Leptoglossus zonatus) numa espiga de milho

Quando se trata do cultivo de milho, os percevejos podem ser um desafio significativo, muitas vezes passando despercebidos, mas causando danos sérios às lavouras.

O produtor rural deve compreender a importância de enfrentar esse problema de forma eficaz. Neste artigo, abordaremos as principais espécies de percevejos que afetam o milho, como identificá-los e como implementar práticas de manejo adequadas para proteger suas lavouras e otimizar sua produtividade.

Os percevejos do milho: uma ameaça silenciosa

Enquanto lagartas e outros insetos desfolhadores são mais visíveis em seus ataques, os percevejos representam uma ameaça igualmente importante, embora menos óbvia. Estes insetos sugadores têm sido uma preocupação crescente para agricultores em várias regiões do país, prejudicando o desenvolvimento das plantas e a produção agrícola.

Milharal
Milharal

Conhecendo os percevejos do milho

Os percevejos pertencem à ordem Hemiptera e à subordem Heteroptera, apresentando diferentes hábitos alimentares. No contexto do milho, focamos nos percevejos fitófagos, que se alimentam sugando o líquido das plantas através de seus estiletes. Diferentes espécies, como o percevejo-barriga-verde (Dichelops spp.), o percevejo-marrom (Euschistus heros) e o percevejo-gaúcho (Leptoglossus zonatus), podem atacar o milho, causando danos significativos.

Por que os percevejos são um problema?

Os percevejos adaptaram-se bem ao sistema de cultivo moderno, encontrando nas lavouras um ambiente propício para se reproduzirem e prosperarem. A redução no controle de pragas como lagartas, devido às tecnologias Bt (A tecnologia Bt confere às plantas a capacidade de resistir a determinados insetos-praga. Isso é feito por meio da biotecnologia, com inserção de genes da bactéria Bacillus thuringiensis, que produz uma proteína tóxica para alguns insetos), aumentou a prevalência dos percevejos. Eles têm vantagens como sobreviver em restos culturais entre safras, alta capacidade de dispersão e serem insetos altamente polífagos, o que os torna uma ameaça persistente.

Principais espécies de percevejos do milho

Percevejo-barriga-verde (Dichelops spp.):

Percevejo barriga verde (Dichelops melacanthus)
Percevejo barriga verde (Dichelops melacanthus)

Esses insetos podem causar danos consideráveis ao milho. A identificação é baseada em diferenças de tamanho e características nos ombros e extremidades dos espinhos.

Percevejo-marrom (Euschistus heros):

Percevejo marron (Euschistus heros)
Percevejo marron (Euschistus heros)

Embora mais comum em lavouras de soja, o percevejo-marrom também pode afetar o milho. Sua coloração e hábitos alimentares o distinguem de outras espécies.

Percevejo-gaúcho (Leptoglossus zonatus):

Percevejo gaúcho (Leptoglossus zonatus)
Percevejo gaúcho (Leptoglossus zonatus)

Embora menos frequente, este percevejo pode causar redução no peso das sementes e comprometer a produtividade do milho.

Impactos dos percevejos nas lavouras

Os danos causados pelos percevejos do milho são mais intensos entre os estágios V1 e V6 das plantas. Seus ataques resultam em perfurações nos colmos, injeção de toxinas e danos ao sistema de crescimento das plantas.

Os sintomas incluem:
  • furos nas folhas,
  • folhas murchas,
  • encharutamento,
  • plantas deformadas e amareladas.

Em casos extremos, o “coração morto” (o ataque se dá no coleto da planta, onde o inseto cava uma galeria vertical que, pela destruição do ponto de crescimento, provoca inicialmente murcha e posteriormente morte das folhas centrais causando o sintoma) pode ocorrer, levando à morte da planta.

Estratégias de manejo de percevejos do milho

Monitoramento antes do plantio:

O controle começa antes do plantio, monitorando possíveis infestações em culturas anteriores, como soja e feijão. Isso ajuda a prevenir que os percevejos migrem para o milho.

Sementes de milho tratadas

Tratamento de sementes:

Utilize tratamentos de sementes industriais (TSI) com inseticidas sistêmicos para proteger as plântulas em seus estágios iniciais.

Monitoramento após emergência:

Avalie a presença de insetos vivos a cada 10 metros lineares, pelo menos uma vez a cada 7 dias. Adapte a frequência de acordo com a infestação.

Níveis de controle:

Estabeleça níveis de controle específicos para cada estágio da cultura. O controle pode variar entre 0,8 e 2 insetos/m².

Aplicação de inseticidas:

Em caso de alta infestação, utilize inseticidas eficazes, preferencialmente durante os períodos de maior atividade dos percevejos (10h às 13h e 16h às 19h). Lembre-se de sempre executar sob a orientação de técnico capacitado.

Ilustração do manejo integrado de pragas-MIP

Manejo integrado de pragas:

Integre diferentes métodos de controle e pratique o manejo cultural adequado para maximizar o controle e minimizar o impacto ambiental.

Conclusão

O manejo eficaz dos percevejos do milho é uma preocupação constante para produtores rurais. Identificar as espécies, entender seus hábitos e implementar estratégias de controle adequadas são passos essenciais para proteger suas lavouras e garantir uma produtividade saudável. O monitoramento contínuo, o tratamento de sementes e a integração de diferentes práticas de manejo são fundamentais para enfrentar esse desafio.

Com dedicação e conhecimento, é possível minimizar os danos causados por esses insetos e otimizar seus resultados no agronegócio.

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