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Ciência – Piscicultura – Barriga de aluguel acelera produção do Salmão do Atlântico

Salmão do Atlântico (Salmo salar)

Pesquisa inédita busca produzir o Salmão do Atlântico (Salmo salar) em até dois anos – enquanto naturalmente são necessários quatro anos para a reprodução do peixe.

A celeridade do processo está na utilização da Truta Arco-Íris (Oncorhynchus mykiss) como barriga de aluguel. O projeto é de responsabilidade da Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Campos do Jordão do Instituto de Pesca (IP-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo e os primeiros testes para a reprodução do peixe por meio da técnica de barriga de aluguel se iniciaram em 2015.

A ideia é que com a aceleração do processo de reprodução do salmão seja possível realizar o melhoramento genético da espécie na metade do tempo normalmente necessário nos métodos tradicionais.

Melhoramento Genético

Para realizar o melhoramento genético das espécies são necessárias várias gerações. Considerando um processo de melhoramento de três gerações, como o salmão leva cerca de quatro anos para atingir a idade reprodutiva, este processo levaria cerca de no mínimo 12 anos. Com a barriga de aluguel, é possível encurtar esse período pela metade, ou seja, em seis anos.

Salmão do Atlânctico (Salmo salar) e Truta arco íris (Oncorhynchus mykiss)
Salmão do Atlânctico (Salmo salar) e Truta arco íris (Oncorhynchus mykiss)

Para se ter uma ideia, a Truta Arco-Íris (Oncorhynchus mykiss), que está sendo utilizada na pesquisa, antes de passar pelo melhoramento genético, levava cerca de cinco anos para se reproduzir. Atualmente, leva dois anos.

A seleção genética permitirá produzir salmões em menos tempo e que se adaptem melhor às condições de cultivo no Brasil.

Resultados obtidos

Os primeiros resultados do projeto demonstraram que 90% das trutas submetidas aos transplantes sobreviveram e a colonização das células foi detectada em mais de 80% dos receptores.

Na próxima etapa da pesquisa, esta tecnologia será aplicada utilizando células germinativas de salmões com melhores taxas de crescimento para iniciar um programa de melhoramento genético.

O salmão e a truta são peixes de água frias, produzidos, principalmente, na Serra da Mantiqueira. O Instituto de Pesca (IP) é referência brasileira em pesquisas com a truta, peixe estudado pela APTA há mais de 50 anos. Os trabalhos de cruzamentos e seleção do IP permitiram o desenvolvimento de linhagens adaptadas às condições de cultivo no país e o desenvolvimento de produtos como a truta salmonada e o sucedâneo de caviar de truta.

Estação de Truticultura do Instituto de Pesca de Campos do Jordão, SP
Estação de Truticultura do Instituto de Pesca de Campos do Jordão, SP

A produção brasileira de salmão se destina até o momento apenas a fins experimentais. A maioria do salmão consumido no Brasil é importado, principalmente, do Chile. São cerca de 80 mil toneladas importadas anualmente. O peixe é utilizado, principalmente, na culinária japonesa.

Técnica permite conservação de espécies ameaçadas de extinção

Pesquisadores do Instituto de Pesca explicam que a técnica de barriga de aluguel permite também a conservação de espécies de peixes ameaçadas de extinção, através do congelamento de células germinativas desses animais.

O projeto de pesquisa desenvolvido no IP prevê a utilização da técnica em outras espécies, como a pirarara (Phractocephalus hemioliopterus) ou o surubim-do-paraíba (Steindachneridion parahybae), esta última avaliada como “criticamente em perigo” pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

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