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Besouro Sternochetus mangiferae (broca-da-manga ou gorgulho-da-manga) sobre um fruto cortado

A praga não oferece riscos à saúde humana, mas causa prejuízos no cultivo e ameaça as exportações

Nove municípios fluminenses da região metropolitana da capital relatam presença do besouro Sternochetus mangiferae (broca-da-manga ou gorgulho-da-manga) e a preocupação passa a ser evitar que ela se espalhe por outros estados.

A fruta é a com maior valor nas exportações brasileiras e a presença da broca pode colocar esse setor em risco, por causa das restrições à exportação de vegetais infectados com pragas quarentenárias, como é o caso do Sternochetus. Praga quarentenária é todo organismo de natureza animal e/ou vegetal, que estando presente em outros países ou regiões, mesmo sob controle permanente, constitui ameaça à economia agrícola do país ou região importadora exposta. Tais organismos são geralmente exóticos para esse país ou região e podem ser transportados de um local para outro, auxiliados pelo homem e seus meios de transporte, através do trânsito de plantas, animais ou por frutos e sementes infestadas.

Balança comercial em risco

A cultura da manga é um negócio que movimenta mais de US$ 200 milhões por ano. Se as exportações forem reduzidas, a balança comercial poderia ser afetada significativamente. Portanto, os produtores devem estar aletas para a presença do besouro, devendo comunicar imediatamente os órgãos de defesa fitossanitária estaduais ou a Embrapa, por meio do Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC). A Embrapa lançou uma publicação explicativa para a identificação do inseto.

Em caráter de urgência, os municípios onde a praga foi detectada são considerados zona interditada, com trânsito de mangas proibido para áreas livres do problema e a movimentação de frutos produzidos no Rio de Janeiro está condicionado à apresentação de permissão de trânsito de vegetais com Certificação Fitossanitária de Origem (CFO), emitido pela Coordenadoria de Defesa Sanitária Vegetal.

Conheça a broca-da-manga

Conhecido como broca-da-manga, gorgulho-da-semente-da-manga, gorgulho-da-manga, besouro-do-caroço ou besouro-da-manga, o Sternochetus mangiferae é uma praga exclusiva dessa fruta e o seu ciclo de vida engloba três fases: larva, pupa e adulta. As formas jovens se desenvolvem silenciosamente dentro do endocarpo (caroço), o que dificulta muito sua descoberta.

Fora do fruto, o besouro adulto costuma realizar suas principais atividades, como locomoção, alimentação e acasalamento, durante a noite, reduzindo as chances de ser encontrado pelo agricultor. Na fase adulta, chega a medir 9,5 milímetros e é capaz de sobrevoar distâncias curtas, se alimentando exclusivamente de folhas, galhos e frutos da mangueira.

Mangas maduras

O que está sendo feito?

Estão sendo levadas a cabo medidas de contenção para evitar a proliferação da praga para outras regiões produtoras de manga no Brasil. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) firmou um Termo de Execução Descentralizada (TED) com a Embrapa Agrobiologia (RJ) para realizar um levantamento detalhado da ocorrência da praga nos nove municípios, capacitar técnicos dos serviços de defesa vegetal federal, estadual e municipais para reconhecimento da praga em campo, produzir material gráfico para campanhas de educação fitossanitária, avaliar formas de controle, entre outras ações.

Nesse momento, todo conhecimento adquirido tem grande validade, pois nada se sabe sobre esse inseto nas condições brasileiras e nem sempre as soluções propostas em outros países podem ser usadas aqui ou são realmente efetivas na contenção do S. mangiferae.

Atenção: Enterre os caroços!!

Ainda não há registros de produtos químicos ou biológicos que combatam a praga no Brasil, por isso, algumas medidas preventivas devem ser tomadas pelos produtores. Neste momento, a melhor forma de conter o avanço do Sternochetus é coletar os frutos caídos ou os caroços das frutas consumidas e enterrá-los. Esta medida deve ser adotada também nos quintais, uma vez que a praga não ocorre somente em áreas rurais, mas também nas urbanas.

Perdas e danos

A praga reduz a capacidade de germinação das sementes e também afeta o desenvolvimento da manga, diminuindo seu comprimento e circunferência. Os frutos costumam cair precocemente, o que ocasiona perdas e danos à sua estrutura.

O besouro causador da broca-da-manga não voa grandes distâncias, mas ocorre tanto em áreas rurais quanto urbanas, em grandes plantações ou quintais. Por isso, a conscientização da população é primordial no processo de controle, uma vez que a manga cultivada dentro do estado do Rio de Janeiro não pode ser transportada, sob o risco de proliferação da praga para outras regiões. Em tese, nenhuma mangueira está condenada por conter a praga, mas frutos de árvores que tenham broca não devem ser comercializados.

Mais de 40 técnicos da Emater-Rio e da Seappa já foram capacitados para reconhecimento da praga. Também foi realizado em 2019 um curso para emissão de CFO no Rio de Janeiro. No estado, esses profissionais estão aptos a orientar produtores e comerciantes sobre o problema, seus riscos e as soluções viáveis para cada caso.

Mangueira (Mangifera indica) com frutos

O que o produtor pode fazer para ajudar?

  • Não compre mudas ou sementes sem certificação. Jamais plante sementes cuja procedência é desconhecida.
  • Não leve sementes ou mudas de mangueiras de um município para outro dentro ou fora do estado do Rio de Janeiro.
  • Se estiver viajando e comprar mangas em cabanas instaladas na rodovia, ou visitar amigos ou parentes no estado do Rio de Janeiro e eles lhe oferecerem mangas, consuma lá mesmo. Não transporte frutos ou sementes.
  • Não comercialize frutos de mangueiras que tenham a broca-da-manga.
  • Se os frutos da mangueira do seu quintal ou sítio têm a broca-da-manga, colete os frutos caídos e enterre-os. Enterre também os caroços dos frutos consumidos.
  • Se quiser comercializar mangas do estado do Rio de Janeiro para outros estados, é necessário obter o CFO (Certificado Fitossanitário de Origem) emitido por um técnico qualificado, credenciado pela Secretaria de Agricultura. Contate a Coordenadoria de Defesa Sanitária Vegetal (https://www.agrodefesa.go.gov.br/defesa-sanitaria-vegetal/programas-sanidade-vegetal/181-defesa-sanitária-vegetal.html) do estado.
  • Se notar qualquer presença da praga em qualquer estado, procure os órgãos de defesa fitossanitária estaduais ou municipais ou a Embrapa (SAC).

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