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Broca do café num grão atingido

A broca-do-café era a principal praga do cafeeiro até 1970. Mas a adoção de algumas ações, como o maior espaçamento para a mecanização no controle da ferrugem, ajudaram para impedir o seu desenvolvimento

Apesar disto, a broca ainda é um grande problema na cafeicultura. Principalmente nas regiões mineira da Zona da Mata e nos estados do Espírito Santo e Rondônia.

Lavouras irrigadas ou próximas às grandes represas são mais afetadas pelo inseto. Estas condições aumentam a sobrevivência da praga na entressafra nos frutos úmidos remanescentes da colheita e que permanece na planta ou sobre o solo.

A maior parte do ciclo de vida da broca-do-café (Hypothenemus hampei) ocorre no interior do fruto, sendo esse o único local de sobrevivência e fonte de novas infestações para as safras seguintes.

Broca do café - Vistas superior e lateral do inseto

As larvas do inseto apresentam coloração branca, não possuem pernas e se alimentam da semente, resultando na destruição parcial ou total dos frutos e consequentemente na perda de peso do produto beneficiado.

As fêmeas, diferente dos machos, voam para perfurar outros frutos e podem atacar frutos verdes (chumbões) até maduros (cerejas) ou secos (passas). 

ATENCÃO: Mais da metade das gerações da broca ocorre no período da entressafra

Os danos causados pela praga geram uma quebra em torno de 21% ou cerca de 12 Kg na saca de café em lavouras com alta infestação. Essa redução de peso é dependente da evolução do ataque (tempo e nível de infestação).

Ocasiona também a depreciação do produto na classificação por tipo (cinco sementes brocadas constituem um defeito) que pode passar do tipo 2 para o tipo 7 com o aumento da infestação.

A perda na renda do beneficiamento, ou seja, a relação de café em coco seco por café em grão beneficiado, sendo normal na faixa de 20 Kg/saca a 22 Kg/saca (40 Kg café coco), pode chegar, em casos extremos, de 8 Kg/saca a 12 Kg/saca, ou seja, uma perda de até 50% no peso.

Outro prejuízo ocorre devido à flutuação dos frutos brocados, que mesmo em cereja, possuindo na maioria dos casos um dos grãos em perfeito estado (sem ataque), passam pelo lavador/separador junto com os “boias”, diminuindo a renda e a parcela de cafés oriundos de frutos maduros, de melhor bebida.

Praga auxilia na proliferação de fungos

Quando o inseto perfura os frutos ainda no campo, as lesões formadas podem favorecer a infecção por micro-organismos do ambiente externo. A broca pode ser um veículo de contaminação dos grãos com fungos, já que vários tipos de micro-organismos podem estar presentes em suas fezes, mandíbula, patas, cutícula e demais partes de seu corpo.

O combate

Os principais métodos de controle dessa praga são o químico, o biológico e o cultural.

Inseto num fruto brocado

Destes, o controle cultural é o mais eficiente. Adotar o repasse eficiente e evitar que os frutos permaneçam na planta, no solo, nos secadores, nos terreiros de café, nas tulhas e nas outras máquinas que por algum motivo foram utilizadas é fundamental. A broca pode ter sua população reduzida em 98% com este método de controle. 

Não existe inseticida que mate a broca-do-café a altos índices populacionais. Em pesquisas realizadas pelo Grupo de Pesquisa em Manejo Integrado de Pragas da UFV – Campus de Rio Paranaíba (GPMIP-UFV-CRP) e avaliações de campo de produtores, a colheita com repasse manual ficaria a um custo de R$ 1.000/ha. Esse custo é menor em relação aos de aplicação dos principais inseticidas utilizados para tentar controlar a broca.

É preciso que os produtores fiquem atentos aos oportunistas de mercado que vendem soluções químicas para reduzir o problema. Como exemplo, há venda de enxofre para desalojar a broca, com o argumento de que o cheirinho do enxofre desaloja a broca do fruto de café. Isso não é verdade, pois em diversos experimentos, testando diversas fontes de enxofre, não ocorreu o resultado prometido.

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