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Ovinos

Segundo a Emater/RS-Ascar, ligada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR), na região administrativa de Bagé, o rebanho ovino exibe excelentes condições corporais, abrangendo matrizes, borregas e cordeiros. No entanto, algumas propriedades enfrentam problemas devido à alta incidência de verminose, afetando o estado nutricional dos animais.

Em Caçapava do Sul, onde a criação de raças lanígeras é comum e o encarneiramento ocorreu no início do verão, a esquila pré-parto em matrizes está em andamento. Na região de Pelotas, as temperaturas têm favorecido o serviço dos carneiros, principalmente durante as noites. No entanto, casos de bicheira e doenças de casco persistem em áreas úmidas, especialmente no extremo sul, exigindo cuidados sanitários contínuos por parte dos criadores.

Os ovinocultores estão se preparando para o plantio das pastagens de inverno, visando garantir o adequado suprimento alimentar para os animais. Em Santa Rosa, o clima seco tem facilitado a retomada do pastejo, especialmente para as espécies menos tolerantes à umidade. Além disso, os produtores estão se preparando para iniciar a tosa das matrizes nas próximas semanas, visando facilitar o parto e a amamentação dos cordeiros recém-nascidos.

O acompanhamento de um profissional habilitado é fundamental
O acompanhamento de um profissional habilitado é fundamental

De acordo com o levantamento semanal da Emater/RS-Ascar no Estado, o preço médio do cordeiro registrou um aumento de 0,40%, subindo de R$ 7,54 para R$ 7,57 por quilo vivo.

O controle da verminose nos ovinos nem sempre é simples, mas algumas medidas podem ser eficazes na prevenção e redução dos casos na propriedade. Ovinos e caprinos são susceptíveis aos vermes em todas as suas fases de produção. A verminose é um problema grave e muitos produtores acabam desistindo da atividade por conta dos prejuízos. É o problema sanitário mais frequente nas criações. Quando não é controlada, ocorrem altas taxas de mortalidade nos rebanhos, principalmente dos cordeiros ou de raças mais sensíveis ou menos adaptadas aos trópicos. Além disso, há perdas produtivas, causadas pela diminuição no ganho de peso e no crescimento dos animais e queda na produção.

O controle é ineficaz, na maioria dos casos, porque a estratégia utilizada é baseada sobretudo no tratamento com vermífugos. No entanto, com o passar do tempo, os vermes adaptam-se e tornam-se resistentes, principalmente pelo uso frequente e inadequado desses produtos.

Ciclo do Haemonchus contortus

Os vermes mais perigosos

Os ovinos são atacados por diversos tipos de vermes, mas os mais comuns e perigosos são:

  • O verme vermelho da coalheira (Haemonchus): é altamente hematófago, causa anemia aguda (mucosas pálidas e fezes ressequidas). Mata até animais gordos, em menos de uma semana. Predomina nos meses quentes (primavera, verão e outono), mas, também, pode ocorrer durante o inverno em ovelhas prênhes.
  • O verme do intestino delgado (Trichostrongylus): causa intensa diarréia (negra) que debilita o animal. Predomina no outono e na primavera.
Haemonchus contortus e Trichostrongylus axei

Medidas de controle importantes

Diferentes medidas podem ser utilizadas pelos ovinocultores para reduzir os casos de verminose na fazenda. O uso de ovinos mais resistentes é uma opção. Esses animais toleram maior carga parasitária e não apresentam as mesmas perdas produtivas observadas nos ovinos mais sensíveis aos vermes. Isso pode ser obtido pela identificação e seleção de animais mais resistentes (e descarte de ovinos mais sensíveis), assim como pelo uso de raças mais resistentes na criação de animais puros ou para os cruzamentos.

Ovinos no piquete

Outra maneira é a redução da contaminação das pastagens. O manejo do campo é o mais importante passo para o controle dos
vermes. Combinado com o uso de vermífugo é mais eficaz e econômico que o controle baseado exclusivamente em remédio. Assim, só com vermífugo não se controla a verminose (o remédio elimina só os vermes que se encontram no animal, ou seja, apenas 2% a 3% do total dos vermes). Os outros 97% a 98% dos vermes estão nos pastos. Por isto, prevenir a contaminação dos pastos, e mantê-los livres dos vermes, é mais importante do que apenas dosificar o rebanho. Por isso fique atento a essas medidas:

  • Não usar lotações excessivas
  • Manter os campos roçados
  • Usar pastoreio alternado com bovinos adultos (eles são resistentes aos vermes dos ovinos. Eles ingerem e destroem suas larvas)
  • Evitar campos muito úmidos ou alagadiços (o calor e a umidade do ar e do solo favorecem a proliferação dos vermes)
  • Manter o rebanho bem alimentado (para aumentara resistência aos vermes).

A roçada expõe os parasitas ao sol, aumenta o intervalo de tempo até a utilização do pasto novamente e, ainda, proporciona o uso da pastagem para criação de outra espécie animal antes da nova introdução de ovinos.

Estruturas limpas e bem elaboradas, com uma boa cama e alimentação é fundamental na criação de ovinos. A nutrição é muito importante. O produtor precisa fornecer alimentação adequada à necessidade de cada categoria. Animais com dieta precária ficam mais vulneráveis ao agravamento dos sintomas causados pela verminose.

Aplicação de vermífugo oral é tradição na criação de ovelhas no Brasil
Aplicação de vermífugo oral é tradição na criação de ovelhas no Brasil

A vermifugação

Recomenda-se que os criadores tenham cautela e façam a vermifugação apenas dos ovinos que realmente precisam ser tratados, ao invés de tratar todo o rebanho indiscriminadamente. O tipo de vermífugo a utilizar depende do tipo de verme que está parasitando o rebanho. Para um controle mais eficiente das verminoses é necessário o acompanhamento da infestação parasitária, com base no exame de fezes e orientação veterinária. Isto, inclusive, pode evitar dosificações desnecessárias.

-Orientação geral (com base na ocorrência dos diferentes vermes, nas condições do RS)

  • Nos meses frios: Usar os produtos ampla ação conhecidos como benzimidazóis, levamisóis e ivermectinas, que atuam sobre vários tipos de vermes (Trichostrongylídeos).
  • Nos meses quentes: Usar produtos de ação específica contra o verme vermelho da coalheira, à base de closantel, disofenol e triclorfon (princípio ativo).

-Ajude o vermífugo funcionar(H4)

  • Dar preferência aos vermífugos de via oral (a aplicação é mais segura e fácil)
  • Seguir rigorosamente as instruções da bula
  • Dosificar com jejum mínimo de 12 horas (via oral)
  • Lavar e desinfetar a pistola dosificadora antes de iniciar cada serviço
  • Aferir a pistola dosificadora antes de iniciar e durante o serviço(usar um medidor com graduação: seringa ou copo graduado)
  • Dividir os animais em lotes (por peso)
  • Dar a dose certa para cada animal (com base na média de peso dos animais mais pesados, evitando assim a sub-dose)
Verminose em ovinos, se não tratada pode debilitar um animal rapidamente, causando sua morte
Verminose em ovinos, se não tratada pode debilitar um animal rapidamente, causando sua morte

Além disso, para que os vermífugos continuem a funcionar por um período maior, antes que os vermes desenvolvam resistência, é essencial a identificação dos animais e o controle dos ovinos vermifugados. Lembrando que a dose do anti-helmíntico depende do peso e da indicação do fabricante, seguindo as recomendações da bula. O ideal é que o produtor tenha uma balança na propriedade para evitar super ou subdosagem. Dessa forma, a resistência no rebanho pode ser adiada e as perdas produtivas reduzidas.

-Programar dosificações preventivas

Independentemente das condições do clima, dosifique o rebanho em momentos estratégicos, para prevenir a ocorrência de surtos de verminose.

  • Antes do início do período de cobertura
  • Antes do início do período de parição
  • Após o final do período de parição
  • Por ocasião do desmame.

Os animais jovens necessitam de cuidados especiais (dos 3 meses aos 18 meses de idade eles são muito sensíveis à infestações parasitárias). Ao programar o consumo, ou a venda de animais para abate verifique na bula o poder residual do vermífugo a utilizar. Alguns vermífugos possuem poder residual de até 60 dias, (o que significa que a carne fica imprópria para o consumo por 60 dias).

Ao adquirir animais, sempre que possível dosifique na origem, 2 a 3 dias antes do transporte. Se isto não for possível, dosifique no momento da chegada dos animais na propriedade. Por último e muito importante, tenha acompanhamento de um profissional habilitado, busque apoio em profissionais com experiência no ramo e capacidade de lhe auxiliar na prevenção das verminoses em ovinos.

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