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Serra da Bocaina

O chamado Vale Histórico da Serra da Bocaina é uma região incrustada no Vale do Paraíba do Sul, no trecho paulista, que inclui os municípios de Silveiras, Areias, São José do Barreiro, Arapeí e Bananal.

Criado em 1971, o Parque Nacional da Serra da Bocaina é uma unidade de conservação com uma área de cerca de 104 mil hectares e que possui uma grande biodiversidade. Controlado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a sede fica em São José do Barreiro (SP).

São trilhas, mirantes, picos, muitas cachoeiras de águas geladas e uma diversidade surpreendente em torno da Mata Atlântica.

Devastação marca a ocupação local

A forma de ocupação da região deu-se com a devastação da Mata Atlântica e o uso intensivo e inadequado do solo.

Técnicas inadequadas de plantio de café, que garantiam excelentes safras por um longo período, levaram à exaustão do solo e sua intensa degradação.

Com o esgotamento dos solos, a safra cafeeira sofreu grandes perdas e isto causou a migração do capital e de gente para outras frentes.

A substituição dos cafezais pelo pasto, para a criação de gado leiteiro, de início pareceu ser a salvação para compensar a perda da riqueza produzida pelo café. Apesar de, a partir de 1950 até o início da década de 1990, surgirem alguns laticínios, ao longo da chamada Via dos Tropeiros (SP-068), antiga estrada Rio-São Paulo, que corta o Vale Histórico, a população masculina, economicamente ativa, continuava a migrar para outras regiões.

A invasão no mercado brasileiro do leite argentino mais barato, a partir da criação do Mercosul, fez com que laticínios passassem a apresentar grandes prejuízos e muitos deles colapsaram. Desta vez, a mão-de-obra feminina também foi afetada.

Golpe final

A estagnação da região aprofundou-se ainda mais com a abertura da Via Dutra e, definitivamente, com a duplicação da rodovia, em 1967. A Via dos Tropeiros sofreu o seu golpe fatal.

Ainda há esperanças

A partir da década de 1980, observou-se foi um crescente interesse pela Bocaina que começou a ser vista como uma opção de descanso e lazer. Mas somente na década de 1990, obras de recapeamento foram realizadas, com manutenção da sinalização e abertura da estrada que liga Areias a Queluz, na Dutra, e a melhoria da ligação de Bananal com Barra Mansa (RJ) e com Rio Claro-Angra dos Reis (RJ).

A região tornou-se um mercado em potencial para o desenvolvimento do ecoturismo, pois, conta com muitas áreas preservadas, com porções da Mata Atlântica remanescentes e com cenários incomparáveis.

Há um esforço no sentido de incrementar melhorias visando o turismo, seja ele de aventura, rural, histórico ou de qualquer outra modalidade, mas para que isso aconteça, ainda há muito que fazer.

Necessidades da região para se tornar um polo de turismo atraente:

  • necessidade de ampliar e qualificar mão-de-obra especializada;
  • ampliar e melhorar a oferta de hotéis, pousadas e similares;
  • o mesmo no caso de restaurantes e locais de alimentação adequados e toda infraestrutura de apoio ao turista;
  • sinalizações com as atrações locais;
  • melhoria das vias vicinais;
  • maior visibilidade do calendário de eventos etc.

Transformar o Vale Histórico da Serra da Bocaina exige um planejamento estratégico que inclua, um levantamento minucioso dos recursos naturais e culturais disponíveis e uma consulta à população sobre quais seriam suas perspectivas e quais os tipos de turismo mais adequados para gerar riqueza na região.

O planejamento, sem dúvida, deverá eleger um amplo estudo de impacto ambiental e social, de modo a criar mecanismos para controlar ou regular possíveis problemas que venham surgir.

A Serra e seu povo

Comidas e bebidas típicas, paisagens rodeadas pelo verde da Mata Atlântica, uma cultura bem preservada e personagens locais que te acolhem como se você fosse da família. Este é um resumo da Serra da Bocaina, região de fronteiras não muito claras, um emaranhado de caminhos entre São Paulo e Rio de Janeiro que revela ser extraordinário tanto no sentido histórico quanto na imersão na natureza.

A Bocaina é como um misto entre a cultura caiçara e caipira, uma região de riquezas naturais e culturais imensuráveis.

A Serra e seu sabores

A gastronomia caipira – surgida da necessidade de se aguentar longas viagens por quem andava por esses cantos –, chamada também é conhecida como comida de farnel.

Ao longo da viagem pela região, pratos preparados com porco se fazem muito presentes. Há uma mistura incrível ainda com farinha, frango, pamonha, leitão à pururuca, feijão tropeiro, bolinho de mandioca, angu – todos gordurosos para dar sustento aos tropeiros. Para isso, o fogão a lenha faz toda a diferença e é como um altar ao redor do culto da comida, esta que é fonte de memória e de força.

Neste balaio gastronômico, uma coisa fica clara: a Bocaina também é um ótimo reduto de pequenos produtores. Há uma união de diferentes produtores e produtos que é lindo de se ver, os quais sobrevivem basicamente de vender o que produzem e usam, na maioria dos casos, feitos com mão de obra familiar.

Assista ao vídeo “Serra da Bocaina: caminhos e experiências que desembocam na vida caipira” do programa CNN Viagem & Gastronomia, nosso Vídeo da Semana:

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