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Mulheres no agro – Conquistas e desafios para igualdade

Mulher sentada na cerca

Estudo que ouviu 408 mulheres que atuam no agronegócio, com média de idade de 40 anos, de norte a sul do país, traz dados que traduzem a participação feminina no setor

A Agroligadas – entidade formada por mulheres profissionais do agronegócio – realizou a “Pesquisa sobre a participação feminina no agronegócio” em parceria com a Corteva Agriscience, a Abag (Associação Brasileira do Agronegócio) e o Sicredi.

O assunto ganha força neste mês de outubro, em que se celebra o “Dia Internacional da Mulher Rural”, data estabelecida pela ONU (Organização das Nações Unidas) para ressaltar a importância das mulheres na agricultura e identificar os desafios para que tenham uma participação plena e bem-sucedida no agronegócio.

Quebradeira de coco

A mulher deixou de ser agente secundária no agro

Apesar dos avanços, há barreiras que precisam ser enfrentadas. De acordo com o levantamento, 93% das brasileiras têm muito orgulho de trabalhar no campo ou na indústria agrícola.

Porém, quando o assunto é desigualdade de gênero, 64% das entrevistadas acreditam que esse problema cerca a cadeia do agronegócio, mesmo 79% afirmando que a situação de hoje é melhor que há 10 anos. 

Para 21% das entrevistadas, há otimismo e essa igualdade deverá chegar ao agronegócio em menos de 10 anos. Para que isso possa acontecer, 90% dizem que é necessário:

  • dar visibilidade aos projetos de sucesso;
  • aumentar a capacidade de treinamento e
  • ter acesso ao crédito de forma igualitária.

Um ponto que chama a atenção é que 54% das mulheres acreditam que ganham menos que os homens, ainda que a desigualdade de gênero tenha diminuído na opinião das entrevistadas.

O acesso a financiamento – importantíssimo para todo produtor ou produtora rural – é mais um gargalo. Do ponto de vista de igualdade de confiança do setor financeiro para aquisição de linhas de crédito, apesar de 49% das mulheres dizerem ter as mesmas facilidades, ainda afirma ter menos acesso que os homens.

Mulher na horta de alface capinando

No entanto, 80% das mulheres buscam financiamento para empreender.  Especificamente para o público feminino, o Sicredi lançou, em setembro de 2020, o “Comitê Mulher”, que tem o objetivo de promover a equidade de gênero no cooperativismo de crédito e em todos os níveis de gestão das cooperativas.

O presente e o olhar para o futuro

Ao refletirem sobre as preocupações atuais das mulheres na produção rural, 95% delas prezam pelo bom desempenho dos negócios. Os maiores desafios neste sentido são:

  • se manter firme e atuante no mercado;
  • estabilidade financeira (93%);
  • realização profissional (92%) e
  • futuro dos filhos (83%).

Esse olhar de cuidado é percebido também quando são questionadas sobre o que esperam para sua rotina de trabalho e para sua vida pessoal e familiar em um futuro próximo.

Para 95%, melhorar a capacitação profissional está entre as principais prioridades; 90% querem aumentar a capacidade produtiva de suas propriedades; seguido por 82% das entrevistadas que sonham ter mais tempo para si próprias.

Mulher com laptop no milharal

Conquistar espaço e confiança no ambiente de trabalho são desafios da mulher contemporânea, independentemente se ela vive no campo ou na cidade.

Equidade de gênero

Em 2018, apenas 16% das mulheres acreditavam que a equidade chegaria antes de 10 anos. Hoje, esse número subiu para 26%, demonstrando que há mais esperança de mudança a médio prazo. Essa posição se confirma quando vemos que em 2018, 20% das entrevistadas acreditavam na mudança em três ou mais décadas, dado que caiu para 12% na nova pesquisa.

Em relação aos principais caminhos para promover a equidade de gênero, a opinião das entrevistadas em ambas as pesquisas é que se mantêm importantes, como consta abaixo:

  • Comunicar mais amplamente (ao público em geral) os sucessos e contribuições das mulheres na agricultura – 2021 (90%) – 2018 (88%)
  • Mais treinamento em tecnologia – 2021 (87%) – 2018 (89%)
  • Mais educação acadêmica – 2021 (79%) – 2018 (87%)
  • Mais apoio – jurídico e de outras formas – para ajudar as mulheres na agricultura que sofrem discriminação de gênero – 2021 (80%) – 2018 (88%)
  • Sensibilização do público para a discriminação de gênero na agricultura – 2021 (74%) – 2018 (85%)
Mulher conduzindo trator

A experiência de trabalho é reflexo do avanço?

Ainda que exista a desigualdade de gênero, muito pontuada em diversos aspectos em ambos os levantamentos, alguns indicadores demonstram progresso e satisfação, como nos comparativos a seguir:

  • Sentir-se mais feliz com o trabalho que exercem – 2021 (97%) – 2018 (57%)
  • Reconhecimento de suas habilidades no setor – 2021 (77%) – 2018 – (45%)
  • Autonomia na tomada de decisões – 2021 (60%) – 2018 (33%)
  • Mesmas oportunidades de trabalho no setor – 2021 (40%) – 2028 (28%)

Perfil das entrevistadas em 2021

  • O estudo entrevistou 408 profissionais do agronegócio, com média de idade de 40 anos, que vivem nas regiões de norte a sul do país.
  • Com realidades distintas, o levantamento trouxe proprietárias/arrendatárias – agricultura de subsistência (69%), diretoras, gerentes ou administradoras (17%), empregadas ou supervisoras (16%), veterinárias, agrônomas ou zootecnistas (15%) e estagiárias (4%).
  • No que diz respeito ao tipo de produção, a pesquisa aponta que 54% atuam na agricultura, 32% de subsistência, 27% bovinocultura, 2% avicultura galináceos, 7% bovinocultura de leite, 1% piscicultura e 5% outros animais.
  • Do total de entrevistadas, 41% delas possuem pós-graduação, 29% superior completo, 8% superior incompleto, 11% ensino médio completo, 6% ensino fundamental.
  • 63% das entrevistadas moram na zona urbana e 34% na zona rural.

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