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Ostra nativa Crassostrea gasar

Pesquisas, inovação, práticas sustentáveis e garantia da qualidade dos produtos são aspectos importantes para o crescimento sustentável da malacocultura no Nordeste e fazem parte da linha de ações da Embrapa Tabuleiros Costeiros.

A malacocultura refere-se à uma aquicultura específica para moluscos marinhos ou de água doce para a produção de mexilhões, ostras e vieiras. No mundo, a atividade tem crescido nos últimos anos impulsionada pela demanda por pescado e pela busca de alternativas sustentáveis de produção de alimentos.

No Brasil, apesar de diversas regiões costeiras apresentarem condições para o cultivo de moluscos, o desenvolvimento da produção varia de região para região, dependendo de fatores como pesquisas, infraestrutura, adaptação climática, regulamentações ambientais, mercado consumidor e capacitação dos produtores.

Produção da malacocultura entre janeiro e dezembro de 2022

Dados da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que, no Brasil, a produção de ostras, vieiras e mexilhões contabilizou 8.739.136 toneladas em 2022. O número significa uma queda de 22% na comparação a 2021, quando somou 11.204.381. No ano passado, a região Sul, com predominância de Santa Catarina, foi a maior responsável pela produção nacional (8.291 toneladas). Por outro lado, o Nordeste ainda tem uma atuação muito tímida no segmento, sendo responsável por apenas 100 kg de toda produção da malacocultura brasileira em 2022.

Em 2018, para impulsionar a produção da maricultura, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) definiu que, das três unidades que atuavam na temática maricultura (Tabuleiros Costeiros, Meio-Norte e Pesca e Aquicultura), a Embrapa Tabuleiros Costeiros concentraria as pesquisas relacionadas à atividade nacional.

Em 2002, foi formada a equipe de maricultura da Embrapa para atender a demanda de produtores da carcinicultura e para realizar a prospecção de espécies nativas com potencial aquícola.

Sede da Embrapa Tabuleiros Costeiros em Aracaju/SE
Sede da Embrapa Tabuleiros Costeiros em Aracaju/SE

Desde então, a Embrapa Tabuleiros Costeiros, com sede em Aracaju, Sergipe, tem desenvolvido projetos no segmento. Atualmente, por exemplo, está em andamento um projeto na malacocultura cujo foco principal é elevar as taxas de crescimento e sobrevivência da ostra nativa Crassostrea gasar em águas estuarinas no Norte e Nordeste, diferentemente de Santa Catarina que desenvolveu todo um sistema de produção apoiado pela Universidade Federal, Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), uma universidade privada e vários pequenos produtores que eram pescadores e se tornaram empresários na região Nordeste e continuaram adotando práticas que foram trazidas na década de 1970 e sem adaptação local.

O oceanólogo, pesquisador e coordenador do projeto de malacocultura da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Jefferson Francisco Alves Legat, explica que entre outras ações, os projetos da Embrapa têm adaptado estruturas de cultivos e práticas de manejos mais eficientes em águas tropicais brasileiras. Para a produção da malacocultura no Nordeste, o sistema mais tradicional consiste na atuação com as estruturas chamadas de “Método Francês”.

Ele é feito próximo ao solo, com as ostras dispostas em travesseiros, sobre estruturas chamadas mesas, camas ou racks. Nelas, as mesas fixas são cobertas pela água durante a maré cheia e ficam expostas ao ar durante a maré baixa, período no qual é possível fazer o povoamento, manejo e despesca das ostras. Mas em áreas tropicais, essa prática pode causar problemas.

Crassostrea gasar nas raízes do manguezal
Crassostrea gasar nas raízes do manguezal
Ostras da espécie Crassostrea gasar colhidas
Ostras da espécie Crassostrea gasar colhidas

Para isso, a Embrapa Tabuleiros Costeiros está desenvolvendo o projeto Aquicultura com tecnologia e sustentabilidade – Aquitech. Financiado pelo Sebrae e conduzido no Maranhão, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, o estudo é desenvolvido com várias espécies.

No caso das ostras, visa a avaliação e adaptação de técnicas e tecnologias para a produção da Crassostrea gasar em águas tropicais que está em fase final de avaliação de custo e com estimativas de lançamento este ano. Nesse sistema, os resultados mostraram um aumento de até 76,5% a mais de ostras em tamanho comercial após 10 meses de cultivo do que o método tradicional.

Essa estrutura, quando implementada, facilitaria o manejo e ainda permitiria a atuação dos produtores em águas tropicais marinhas mais profundas. Além disso, com instalações possíveis de serem anexas às fazendas de camarão, o produtor poderá atuar com sistema multitrófico.

Laboratório de Pesquisa e Inovação em Maricultura (Lapimar)
Laboratório de Pesquisa e Inovação em Maricultura (Lapimar) – Foto: Seafood Brasil

Em paralelo, Jefferson ainda atua no projeto OstraNNE (Bases tecnológicas para a produção sustentável de ostras nativas no Norte e Nordeste). Financiado pela Embrapa e conduzido no Pará, Maranhão e Sergipe, ele engloba pesquisa com coleta de sementes e de engorda, maturação de reprodutores, desova e alimentação. Enquanto a Embrapa tem desenvolvido sementes nos laboratórios de malacocultura, ao mesmo tempo, tem realizado teste em um cultivo experimental de ostras em Brejo Grande/SE.

E para alavancar ainda mais as ações no segmento, além dos laboratórios de aquicultura e malacocultura que já estão em operação, a Embrapa Tabuleiros Costeiros tem buscado recursos para a finalização da construção e operacionalização do Laboratório de Pesquisa e Inovação em Maricultura (Lapimar). Quando finalizado, o espaço terá um sistema de recirculação de água para pesquisa e capacitação em piscicultura marinha.

Fonte: Seafood Brasil

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