MEIO AMBIENTE -  Como atrair corrupião

Cacho com frutos da palmeira juçara (Euterpe edulis)

A Mata Atlântica se destaca por sua grande biodiversidade, mas, atualmente, restam apenas 12,4% da floresta que existia originalmente

Estima-se que a Mata Atlântica, apesar de tudo, possua cerca de vinte mil espécies vegetais (35% das espécies existentes no Brasil).

Estudos realizados no Parque Estadual da Serra do Conduru, no sul da Bahia, mostraram uma diversidade de 454 espécies de árvores por hectare, número que superou o recorde de 300 espécies por hectare registrado na Amazônia peruana em 1986. Esses dados podem comprovar que a Mata Atlântica possui a maior diversidade de árvores do mundo por unidade de área.

Ameaças de extinção

Além do pau-brasil, existem outras 276 espécies vegetais da Mata Atlântica na lista oficial de espécies ameaçadas, entre elas o palmito-juçara, a araucária e várias orquídeas e bromélias. 

Interior do bioma Mata Atlântica - Foto: Acervo/ICMBio
Interior do bioma Mata Atlântica – Foto: Acervo/ICMBio

As frutas da Mata Atlântica

Estudiosos indicam que um dos principais obstáculos para o consumo de frutas nativas da Mata Atlântica — e para sua preservação — é a constante desvalorização dos produtos nacionais e a padronização da alimentação. E por causa desta cultura alimentar, muitas pessoas não sabem como consumir esses produtos.

Outro obstáculo para as frutas nativas é o seu curto período de viabilidade germinativa. Apesar da alta produtividade, muitas possuem rápida germinação, o que dificulta a comercialização da fruta in natura.

Quando consumir faz bem

O consumo das frutas da Mata Atlântica é fundamental para a manutenção do bioma e para evitar sua crescente degradação. Consumir estas frutas fomenta a cadeia alimentar e perpetua estas espécies, visto que quando passam a ser conhecidas, estimula-se as dinâmicas territoriais e culturais das quais elas fazem parte, contribuindo ações de produção e de conservação.”

Frutas da Mata Atlântica

Cabeludinha (Myrciaria glazioviana)

Cabeludinha (Myrciaria glazioviana)

Também conhecida como café-cabeludo, fruta-cabeluda, jabuticaba-amarela e vassourinha-da praia, a cabeludinha é uma fruta doce que pode ser consumida in natura ou em sucos, sorvetes e doces entre o final do inverno e o começo da primavera.

Pitangatuba (Eugenia selloi)

Pitangatuba (Eugenia selloi)

Pitangatuba é uma fruta doce e azeda ao mesmo tempo, e cresce em um arbusto. As características marcantes dessa fruta são seu tamanho – algumas podem alcançar até 7 cm – e a sua suculência, dado que ela só tem uma semente bem pequena no meio de um monte de polpa.  Muito adaptável, a pitangatuba pode ser plantada em pomares, vasos e jardineiras. 

Ameixa-da-mata (Eugenia candolleana)

Ameixa-da-mata (Eugenia candolleana)

Mais encontrada na faixa de Mata Atlântica litorânea, a ameixa-da-mata, também conhecida como cambuí roxo, é pequena, mas carnuda e com sabor agridoce. Sua árvore possui um tronco avermelhado e copa que alcança até 6 m de altura. A ameixa-da-mata pode ser colhida no verão, porém é bem rara. 

Frutas em risco de extinção

Cambuci (Campomanesia phaea)

Cambuci (Campomanesia phaea)

Da mesma família que a goiaba e a pitanga, o nome do fruto fornece uma dica sobre o formato: vem do tupi kamu’si, que significa vaso ou pote de argila, normalmente usado para armazenar água. Quando está no ambiente nativo, serve de alimento para aves, roedores e macacos, mas suas sementes têm tempo curto para serem germinadas, o que dificulta a reprodução dos cambucizeiros e prejudica a manutenção da espécie nas florestas. De sabor ácido, o fruto é rico em vitamina C e uma boa fonte de antioxidantes. Ele pode ser usado para compor geleias, vinagres, compotas, cachaça e licor.  

Juçara (Euterpe edulis)

Juçara (Euterpe edulis)

Juçara é uma palmeira, espécie chave para a Mata Atlântica. Assim como o açaí, ela dá um fruto de cor roxa, é rica em ferro e tem formato de coquinho – e sua extração e consumo garantem a manutenção das árvores em pé. Pela semelhança com o fruto amazônico, tanto no formato como no sabor, a fruta da juçara está sendo chamada de “açaí da Mata Atlântica”. Seus frutos possuem potencial comercial e gastronômico, sendo muito utilizados em vitaminas e geleias. Deles se produz o juçaí (produto semelhante ao açaí).

Uvaia (Eugenia pyriformis)

Uvaia (Eugenia pyriformis)

Da família das Mirtaceas, é parente da jabuticaba e da pitanga e é polinizada principalmente por abelhas. Muito perecível, seu transporte deve ser feito com cuidado para que a fruta não estrague. De sabor ácido e intenso, o fruto é bastante suculento, por isso seus principais usos gastronômicos são os sucos, sorvetes e geleias. Pela acidez e textura, também é utilizada em doces, e para compor vinagres, vinhos e kombuchas. 

Araçá (Psidium cattleyanum)

Araçá (Psidium cattleyanum)

Parente próximo da goiaba, os frutos possuem muitas sementes. Rico em vitamina C, os araçás costumam ser agridoces, misturando acidez e doçura. Além da fruta, a árvore, muito comum nos pomares domésticos da região da Serra do Mar, também é procurada pela madeira e sua casca usada para curtir peles.

Que tal conhecer e consumir estas frutas? Que tal produzir estas frutas? Desta forma, consumidor e produtor estarão contribuindo para a preservação de um dos mais importantes biomas do mundo!

Leia também:

Principais fungicidas usados no controle de doença em tangerinas perdem eficácia em todo o Estado de São Paulo

Lançado calendário de produção de fruteiras na Amazônia

Epamig estuda viabilidade de cultivo de frutas vermelhas em regiões sem frio de Minas Gerais