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Fardo de feno

Para quem aposta no cultivo a vantagem está na facilidade de comercialização e bom preço

Está chegando a época das chuvas e é importante o criador pensar em se preparar para a época mais seca do ano no próximo ano. A época das “vacas magras”. Por isso, está chegando a hora de iniciar a formação de áreas com forrageiras para o gado, que possibilitem o processo de fenação como também para começar a colher para iniciar o processo de fenação para aqueles que produzem. O feno é um velho conhecido dos criadores de gado. Trata-se de uma mistura de plantas ceifadas e já secas, geralmente gramíneas e leguminosas, que são desidratadas mantendo o valor nutritivo e permitindo sua armazenagem por muito tempo sem se estragar.

Diante de fatores como o alto preço dos insumos e a estiagem que diminui a oferta de alimento para o gado o feno pode ser alternativa para complementar a dieta. A tecnologia da fenação ainda é pouco utilizada no Brasil. O feno pode suprir a demanda de nutrientes, auxiliando no ganho de peso na entressafra e mantendo a produção durante todo ano. Mas, para manter esse feno por tempo prolongado preservando as características nutricionais é preciso alguns cuidados especiais. Um deles é que a forrageira esteja devidamente desidratada. Além disso, é preciso pensar no local de armazenamento. É necessária baixa incidência de luz e que não tenha umidade, sendo bem ventilado.

Fardos de feno empilhados

O feno possui algumas vantagens interessantes, tais como:

  • É tecnicamente versátil, ou seja, tanto grandes quanto pequenos proprietários rurais podem produzi-lo;
  • É facilmente transportável (manuseio), principalmente para os fardos retangulares;
  • É versátil do ponto de vista de armazenamento;
  • Não depende de processos fermentativos, como a silagem;
  • É comercializável;
  • Não se estraga no fornecimento, pois é um produto estável em contato com o oxigênio (estabilidade aeróbia).

O feno pode melhorar o rendimento da fazenda, do ponto de vista econômico. A produção de feno possibilita que o produtor atinja o ponto de abate de seus animais em épocas de melhor preço, por meio do confinamento. A técnica também ajuda a economizar na utilização de concentrados. Isso porque o feno com bom valor nutritivo atende à demanda nutricional do rebanho, total ou parcialmente. Sendo assim, ocorre redução ou mesmo eliminação de suplementação proteica aos animais, principalmente se for feno de leguminosas, o que reflete positivamente nos custos de produção.

Segadeira ceifando e enleirando a forragem para fenação
Segadeira ceifando e enleirando a forragem para fenação
Máquina recolhendo a forragem para enfardamento
Máquina recolhendo a forragem para enfardamento
Máquina enfardando a forragem e largando no campo de cultivo para ser coletada pelo caminhão ou carreta
Máquina enfardando a forragem e largando no campo de
cultivo para ser coletada pelo caminhão ou carreta

Para quem aposta no cultivo a vantagem está na facilidade de comercialização e bom preço, podendo ser alternativa de renda para a atividade pecuária. A produção pode ser realizada em pequena ou grande escala, sem a necessidade de equipamentos ou estrutura muito complexos. Também é importante ressaltar que quando o corte da forrageira é realizado no momento certo (época de chuvas), ocorrerá a rebrota das plantas e isso possibilita maior produção de forragem por unidade de área.

É importante atentar para as plantas indicadas para uma boa fenação. Entre as mais adaptadas, citam-se as gramíneas do gênero Cynodon (Coastcross, Tifton, Florakirk, entre outras) e gênero Panicum (Massai, Tamani, Aruana). Essas gramíneas, além do elevado potencial de produção de forragem com bom valor nutritivo, têm caules finos, alta proporção de folhas e apresentam tolerância a cortes frequentes.

Dentre as leguminosas está a rainha das plantas forrageiras devido ao seu alto valor nutritivo, a alfafa. O processo de fenação com leguminosas é mais complexo. Essa família de plantas forrageiras possui uma ligação da folha com o caule muito frágil, o que acarreta grandes perdas de material ao longo do processo de desidratação a campo. Em processos de desidratação artificial ou a sombra essas perdas são minimizadas, porém, aumentam-se consideravelmente os custos de produção.

Equino se alimentando de feno

O produtor deve observar algumas características de uma boa forrageira para fenação:

  • valor nutritivo coerente com a demanda do rebanho;
  • elevada produção de forragem por unidade de área;
  • alta relação folha:caule e caules finos;
  • boa capacidade de rebrota após a colheita;
  • hábito de crescimento que facilite a colheita, ou seja, que propicie bom desempenho do implemento/ferramenta de corte.

A gramínea deverá ser adaptada à sua região, deve possibilitar cortes mecânicos, alto teor de matéria seca, possuir boa produção de matéria seca por área, suportar cortes frequentes durante o ano e ter boa palatabilidade para a criação.

O processo de fenação pode ser dividido em:

  • Produção forrageira (manejo agrícola);
  • Corte ou ceifa;
  • Secagem ou desidratação;
  • Recolhimento e armazenamento (enfardamento);
  • Fornecimento ou alimentação.

Na produção, o principal problema é o clima. A temperatura, a umidade relativa (UR) do ar, a velocidade do vento e a radiação solar influenciam bastante na velocidade de desidratação da forragem, interferindo, assim, no valor nutricional do feno. O melhor estágio vegetativo para o corte da forrageira coincide justamente com as chuvas: outubro a março, porém é possível produzir feno em qualquer época do ano. Segundo dados da CATI, 50% dos dias de verão são sem chuva. Uma das ferramentas mais importantes para um produtor de feno é o acompanhamento das previsões do tempo, hoje disponíveis em vários meios de comunicação, inclusive Internet. É importante um gerenciamento criterioso das atividades para que o clima esteja favorável à desidratação da forragem, e que ela esteja no ponto de colheita.

Grade de feno para equinos
Galpão de armazenamento de fardos de feno

Após o corte é necessário espalhar bem o material na área e revolver a cada duas horas para que a desidratação ocorra de maneira homogênea e rápida, reduzindo-se o seu teor de umidade de 65 a 85% para 10 a 15% e normalmente se usa para este processo uma ferramenta chamada de ancinho. O ideal é que se consiga desidratar todo o material em um único dia, para não expor o material ao orvalho da noite, porém caso necessário, é recomendado juntar o máximo possível para diminuir a superfície de contato com o orvalho da noite.

O ponto de corte da forrageira irá depender do gênero e cultivar escolhido e será realizado com base no ponto de melhor valor nutritivo da forrageira e maior relação folha/talo, para isso pode ser adotada a altura de corte próxima à altura de entrada de cada forrageira. O processo de enfardamento pode ser realizado manualmente ou mecanizado, porém lembre-se de garantir que o local de armazenamento esteja sempre seco e arejado para manter a boa conservação do feno.

Para quem não produz e precisa comprar

Para escolha e compra de um bom feno destacam-se o aspecto visual do produto, quanto maior for a tonalidade verde, melhor; evitar os fenos cor de palha de milho. Juntamente com a tonalidade, avalia-se o teor de umidade do feno. Deve-se pegar um pequeno maço e torcer para verificar-se a velocidade com que o mesmo volta à posição anterior ao esmagamento. O feno não pode ficar torcido e nem voltar muito rapidamente. Observar a relação folha/haste do feno, uma vez que este determinará o estágio fisiológico da planta e a qualidade nutricional do mesmo. Outro ponto interessante é verificar o poder de hidratação deste feno, pois os de alta qualidade quando colocados em pequenos maços em água, rapidamente hidratam.

Caminhão carregado de fardos de feno para comercialização

Para compras de feno em grandes volumes é recomendado pedir ao fornecedor uma análise química bromatológica do feno antes da compra e comparar os resultados com tabelas de composição. Essas análises podem ser feitas por universidades que prestam esse serviço, sendo relativamente barato e permite um melhor ajuste por parte do nutricionista na hora de recomendar as dietas aos animais. Conhecer o fornecedor de feno e seu sistema de produção ajuda no aumento da confiabilidade na qualidade do feno produzido.

A compra do feno é parte importante e de composição dos custos do processo de criação e, por este motivo, deve ser levada muito a sério e ser feita com atenção, sempre buscando fornecedores idôneos e profissionais que trabalhem com o melhor feno do mercado. Referências é um ponto fundamental na tomada de decisão.

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