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Besouro da colmeia sobre um favo

Primeiro foco deste inseto surgiu e foi confirmado no Estado de São Paulo. Ataques podem devastar os favos de mel, pólen e crias, o que preocupa todo o setor apícola

Capaz de destruir todo o trabalho de um apicultor, a ação do pequeno besouro das colmeias (Aethina tumida) vem sendo alvo de alertas e orientações realizadas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), em conjunto com outras instituições do setor apícola. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Secretaria de Estado da Agricultura e Pesca e a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) também são parceiros neste trabalho.

O primeiro foco do inseto surgiu em 2015, no Estado de São Paulo. Natural da África do Sul, o pequeno besouro (do inglês Small Hive Beetle – SHB) pode, em determinadas ocasiões, devastar os favos de mel, pólen e crias, além de provocar a fermentação do mel já estocado.

As infestações podem se tornar agressivas e incontroláveis, levando à destruição das colmeias e desaparecimento das abelhas, especialmente nas colmeias mais fracas. Para conter o avanço dos ataques destes insetos, é realizado um trabalho de mobilização e conscientização junto aos apicultores.

Favo infestado pela praga

A recomendação inicial é que não se traga, de outros estados ou países, abelhas rainhas e colônias de abelhas, mesmo as nativas, considerando que estudos preliminares mostram que existe a possibilidade de este besouro infestar também estas espécies de abelhas.

Segundo a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), o pequeno besouro foi identificado, pela primeira vez, em amostras oriundas da África, no ano de 1867.

Depois, foi encontrado nos Estados Unidos (1996) e em outros países como Egito, Austrália, Canadá, México, Itália e na América Central (levando em conta relatos ocorridos em Cuba, em Melipona Beechii), além de Portugal (onde foi rapidamente erradicado).

A primeira notificação deste inseto das colmeias, no Brasil, foi feita no dia 23 de dezembro de 2015, à Coordenadoria de Defesa Agropecuária do Estado de São Paulo (CDA). Naquela ocasião, produtores relataram a presença de coleópteros em uma colmeia, no município de Piracicaba, que havia sido capturada na natureza em meados de março do mesmo ano.

Pequeno besouro da colmeia

Na época, alguns exemplares foram enviados pelos técnicos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), para identificação no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP), que confirmou tratar-se da referida espécie.

Conforme a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, em 26 de fevereiro de 2016, o Ministério de Agricultura oficializou, junto à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), a presença do pequeno besouro das colmeias, no Brasil.

Em 2016, ocupou rapidamente mais de 20 municípios paulistas, quando também foi observado em dois municípios da baixada do Rio de janeiro. Porém, em 2017 sua ocorrência atingiu patamar preocupante, sendo observado em mais 15 municípios no Rio de janeiro.

Diferente de outros países, no Brasil a rápida difusão deve-se à infestação dos enxames silvestres, que povoam alto número nas cidades e são removidos para uso dos apicultores.

O inseto

Uma nota técnica da Coordenadoria de Defesa Agropecuária do Estado de São Paulo – CDA informa que os besouros da espécie Aethina tumida, recém-saídos da pupa, são marrons claros e escurecem progressivamente. Em média, os insetos adultos têm 5,0 mm e pesam 13 mg.

Larva do besouro da colmeia
Larva do besouro da colmeia
Larva do besouro da colmeia
Larva do besouro da colmeia – Vista lateral e dorsal

As fêmeas são um pouco maiores que os machos e invadem as colmeias de abelhas, onde botam ovos com aparência perolada, medindo 1,5 mm de comprimento.

Pequeno besouro da colmeia (Aethina tumida)
Pequeno besouro da colmeia (Aethina tumida)
Ciclo do besouro da colmeia
Ciclo do besouro da colmeia

Estes ovos explodem, gerando as larvas que têm diversas protuberâncias no corpo, podendo medir até 9,5 mm. Após sua maturação, elas saem das colmeias, chegando ao solo, onde passarão ao estágio de pupa.

A infestação

Os besouros infestam, principalmente, colmeias de abelhas da espécie Apis mellifera, mas existem relatos de infestação em colmeias de abelhas sem ferrão. Os principais danos à colmeia são causados pelas larvas do pequeno besouro, que se alimentam das larvas das abelhas e do pólen, além de perfurar as células de mel ao movimentar-se, causando a fermentação do mel e pólen, que se tornam impróprios para consumo humano.

Colmeia atacada pela praga
Larvas num favo
Larvas num favo
Besouros caminhando num quadro

Além deste prejuízo, a infestação das colônias de abelhas pode causar a fuga do enxame e o abandono da colmeia. Os besouros adultos também podem sobreviver na natureza alimentando-se de frutas.

Controle

Pouco progresso foi atingido na busca por métodos de controle químico desta praga, já que o emprego de produtos químicos gera o risco de contaminação dos produtos e subprodutos do apiário, além de ser um risco à vida das abelhas.

Por causa disto, o controle tem sido feito por meio de técnicas culturais, biológicas e genéticas. Os controles culturais consistem em mudanças na prática da apicultura, com a intenção de limitar, mas não erradicar, a praga. Para o controle mecânico, são conhecidos cinco tipos de armadilhas para a captura dos besouros desta espécie e posterior eliminação destes insetos.

Destaque para algumas recomendações
Armadilha para o besouro da colmeia
Armadilha para o besouro da colmeia
Armadilha para o besouro da colmeia
Esse tipo de armadilha é colocada entre os quadros
Armadilha para o besouro da colmeia
Armadilhas instaladas entre os quadros de uma colmeia Langstroth

Já o controle biológico envolve, entre outras técnicas, a seleção genética de algumas colônias de abelhas que podem detectar e remover as ninhadas que tenham sofrido ovoposição pelo pequeno besouro (comportamento de higiene). Apesar da existência destas técnicas, destaca-se que nenhum controle é 100% eficaz.

Atenção apicultores e meliponicultores

Apesar dos inúmeros esforços em torno do controle desta praga, é de grande importância que os apicultores colaborem com a causa e façam a notificação de qualquer anormalidade observada em seus apiários como, por exemplo, a presença de larvas e/ou de besouros.

Apicultor revisando uma colônia
O apicultor deve revisar minuciosamente as colônias periodicamente

A notificação pode ser feita em qualquer unidade de assistência técnica agropecuária estadual (Emater) ou mesmo a secretaria municipal ou estadual de agricultura.

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