Dois dias de debates, troca de conhecimento e experiências, para apoiar a criação de estratégias e soluções a partir de diferentes perspectivas
Protegida legalmente pelo poder público como Unidade de Conservação, Fernando de Noronha é um paraíso mundialmente conhecido. A beleza do arquipélago salta aos olhos, e passar uns dias na ilha é um convite ao encantamento e à reconexão com a natureza. Mas as ameaças à este lugar único e suas comunidades, muitas vezes são desconhecidas.
Para garantir que o turismo e o desenvolvimento sustentável estejam conectados e que as belezas naturais de Fernando de Noronha continuem preservadas e encantando pessoas do Brasil e do mundo, a Aguama Ambiental promove o I Fórum de Sustentabilidade e Turismo em Noronha, entre os dias 26 e 27 de setembro de 2024, no Forte Noronha, construção de 1737. Com a sua posição sobre o ancoradouro na baía de Santo Antônio, o forte está a 45 m acima do nível do mar e era a principal estrutura de defesa da Ilha e do arquipélago. Tombado pelo IPHAN, a edificação recebeu recentemente um investimento de mais de 11 milhões de reais destinados à reforma e reestruturação. Hoje, o espaço abriga um museu à céu aberto e é o primeiro equipamento de Fernando de Noronha e primeiro patrimônio tombado a neutralizar 100% as emissões de carbono no Brasil.
Serão dois dias de debates, troca de conhecimento e experiências, para apoiar a criação de estratégias e soluções a partir de diferentes perspectivas. Uma oportunidade para instituições privadas, públicas, ONGs, associações e comunidade local cocriarem uma nova realidade e um desenvolvimento mais sustentável para a o arquipélago. A programação inclui debates e troca de experiências, com foco em três temas centrais: Turismo Ético, Turismo Sustentável, e Resíduos e Economia Circular. A proposta é conciliar o crescimento do turismo com a sustentabilidade, desenvolvendo estratégias colaborativas, projetos e iniciativas socioambientais e turísticas, para ajudar a acelerar a agenda positiva de Fernando de Noronha.
O fórum contará na abertura com uma palestra magna de Dasho Karma Ura, presidente do Centro de Estudos do Butão e Pesquisa da Felicidade Nacional Bruta. O FIB é um indicador que mede o desenvolvimento de um país, considerando aspectos além dos econômicos. O conceito foi criado em 1972 pelo rei Jigme Singya Wangchuck, do Butão, como uma alternativa ao Produto Interno Bruto (PIB), que mede principalmente o crescimento econômico. Entre os critérios qualitativos usados para determinar o FIB, estão a qualidade de vida das pessoas, a conservação ambiental, o desenvolvimento sustentável, a preservação da cultura e a governança.
A cultura local estará presente na gastronomia, apresentações e exposições realizadas ao longo do evento, como uma feira gastronômica com restaurantes locais e apresentações musicais do DJ Vitor Kurc e o cantor Ricardo Ninja na Praça dos Remédios. A comunidade poderá participar de uma aula de ioga conduzida por Renata Rocha e exibição de documentários na Praça São Miguel, com filmes como Mulheres na Conservação, Ilha das Flores e ESG Kite. A expectativa da organização é a melhor possível, com a união de todos os atores na construção de um lugar com qualidade de vida para todos, natureza preservada e oportunidades econômicas.
Fernando de Noronha, um dos destinos turísticos mais procurados do Brasil, registrou um aumento de 13,36% no fluxo de visitantes no primeiro semestre deste ano, conforme dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). No total, 56.948 turistas visitaram o arquipélago, comparado a 50.235 no mesmo período de 2023.
Porém, além das paisagens exuberantes que atraem turistas de todo o mundo, Noronha enfrenta desafios significativos nas áreas ambiental e social. O arquipélago, com suas 21 ilhas e 26 km², abriga mais de 500 espécies marinhas, muitas delas ameaçadas de extinção, além de uma vasta área de proteção ambiental. A preservação desse ecossistema vital é crucial, mas pouco se sabe sobre as dificuldades vividas pelas comunidades locais, que enfrentam questões como acesso limitado à cultura e à saúde mental.
Com o apoio de diversos patrocinadores, o projeto destina 20% dos recursos obtidos para deixar um legado no arquipélago. Entre as ações já realizadas estão a doação de laptops e instrumentos musicais, a iluminação de prédios públicos, internet gratuita para a biblioteca pública, coletores seletivos de resíduos, viveiro de mudas e a criação de um espaço em formato de geodésia, voltado para lazer e cultura da comunidade, com muita música, cultura e cinema.