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Cunicultura – alternativa promissora para pequenas propriedades

Coelha com dois filhotes

Difundida no Brasil a partir de 1957, a cunicultura é uma atividade que pode trazer muitos ganhos para pequenos produtores e para a agricultura familiar

Com custo baixo de implantação e uso de vegetais para complementar a alimentação à base de ração, pode ser praticada em locais com pouco espaço e em instalações bem simples.

É possível montar o coelhário em sítios, chácaras, áreas suburbanas e quintais com área ociosa, nesse último caso, não deixando de observar-se a legislação de posturas dos municípios (alguns municípios não permitem criações em áreas residenciais). Coelhos não emitem sons e, quando bem manejados, seus dejetos não liberam odores intensos.

Rápida multiplicação

Coelhos são ótimos procriadores, com média de nascimento de oito láparos por parto. Para evitar cobrições indesejadas, é necessário separar os animais por sexo quando eles alcançarem idade superior a 90 dias.

Desde os 30 dias de vida, os filhotes já podem ser comercializados como pet ou para criadores dedicados somente à prática de recria.

Para quem prefere fornecer reprodutores para a formação de novos plantéis, aos quatro meses as matrizes estão prontas para venda.

Alegria da criançada

E não há como negar! Fofo, com duas grandes orelhas, de pelos macios e de movimentos rápidos, mas suaves e graciosos, o animal cativa adultos e principalmente crianças. O temperamento dócil do mamífero completa as características que o tornam muito querido para companhia, garantindo ao criador um nicho de mercado de comércio rentável com a venda de exemplares.

Raças e peculiaridades

Há raças especializadas para a produção de carne e pele, itens que são obtidos após o abate do animal, além de outras partes do coelho usadas para fabricação de artesanato e insumo para as indústrias têxtil e farmacêutica.

Das mais variadas cores, o coelho de pelo curto (linha rex) é o mais utilizado para produção de pele. No caso da carne, geralmente são usadas raças de porte médio, como nova-zelândia-branco, califórnia e prateado-de-champagne.

Coelhos Nova Zelândia

Embora a carne seja de alto valor proteico e rica em nutrientes, a pouca familiaridade do paladar brasileiro com o sabor do mamífero limita, pelo menos no curto e médio prazo, o crescimento da demanda. Comparada ao volume da carne de frango, bovina e suína, a de coelho é pouco consumida no Brasil.

Como começar

A cunicultura é uma atividade que traz bom retorno econômico se o cunicultor tiver mão de obra capacitada, realizar um bom manejo (alimentar, sanitário e reprodutivo) e planejar com cuidado as instalações. 

Fique atento às questões principais para garantir o sucesso do seu empreendimento:

Coelho olhando para a câmera no gramado

O primeiro passo? Definir a raça observando-se os objetivos da criação, atentando principalmente para o mercado e para as condições ecológicas do local de criação.

Quem vai iniciar uma criação de coelhos deverá ter em mente a que ela se destina, já que o futuro criador terá como opções: produção de carne (caseira ou comercial), venda de reprodutores, produção de pele, cobaias para laboratório, em menor escala no Brasil a produção de pêlos e ainda para pet (animal de estimação), uma modalidade que cresceu muito nos últimos anos e, neste último caso, há diversas raças e variações, inclusive miniaturas que são bastante recomendadas e com grande aceitação comercial. 

Para cada tipo de exploração, uma raça deve ser escolhida entre inúmeras existentes, pois cada qual tem sua finalidade. Existem também as raças mistas que servem tanto para a carne como para pele. Resumindo: a escolha da raça é um fator muito importante para o sucesso da criação. Por isso, antes de iniciar devem ser levados em consideração dois pontos muito importantes: qual o produto desejado e qual a raça mais indicada para produzi-lo nas condições ecológicas da região. 

O segundo passo? Planejamento das instalações. Os animais devem ser recebidos da forma adequada. Independentemente de serem alojados em galpões ou em gaiolas, os coelhos devem ter espaço suficiente para viverem bem. Dê preferência a locais arejados, com temperatura entre 15°C e 25°C e boa luminosidade. Proteja os coelhos das intempéries climáticas, bem como de predadores e insetos. Evite lugares com muito movimento na vizinhança ou com barulho que possa estressar os coelhos. Instale em local que possa ser ampliado, caso haja necessidade de expandir a atividade. Construa o coelhário na posição leste-oeste, evitando a incidência de raios solares diretos, além de ser protegido contra ventos, sobretudo em regiões frias e de inverno rigoroso. Quebra-ventos, como árvores e arbustos plantados em volta, ajudam a bloquear correntes de ar. Use tela de arame nas laterais a fim de impedir fugas e o acesso de predadores e cortinas móveis que auxiliam no controle da temperatura interna.

Gaiola de madeira e gaiola de arame
Bebedouro automático com detalhe da instalação no aramado da gaiola

Para decidir corretamente na escolha das instalações, o cunicultor deve considerar tanto os preceitos técnicos como econômicos. O coelhário deve permitir que todas as operações sejam realizadas com eficiência, resultando em qualidade de produção. Um planejamento descuidado das instalações impacta negativamente nos resultados, com redução da produtividade e sérias perdas econômicas. 

As instalações do coelhário devem permitir:

  • Otimização nos manejos alimentar, reprodutivo e sanitário;
  • Agilidade e eficiência na limpeza;
  • Bom escoamento da produção;
  • Fácil acesso a gaiolas e galpões;
  • Conforto e bem-estar animal;
  • Facilidade de inspeção;
  • Bom fluxo dos tratadores.
Coelho Califórnia

Outro fator importante a considerar na implantação da estrutura é a sua padronização. Ao padronizar o criatório dos coelhos e os materiais utilizados no manejo, o produtor ganha em economia. Os custos com o manejo são reduzidos, principalmente se as instalações forem concentradas em uma área determinada. Gasta-se menos com mão de obra e otimiza-se o tempo na realização das tarefas de rotina.

O cunicultor pode optar, dependendo da escala de produção pretendida, por um galpão para abrigar uma bateria de gaiolas para produção em maior escala ou por gaiolas individuais para uma produção doméstica em menor escala. No caso de uma produção em maior escala, um galpão aberto ou semiaberto com 9,0 x 2,0 m de área para 30 gaiolas tem capacidade para acomodar o plantel inicial de dez matrizes e dois reprodutores, para a geração de 480 láparos por ano.

As gaiolas podem ser de variados materiais, mas as ideais são as de arame galvanizado, pela facilidade na limpeza e desinfecção com lança chamas. Individualmente, aloje os reprodutores e as matrizes em gaiolas com 60 x 60 x 40 cm. Para acomodar uma fêmea e o ninho interno com filhotes, as medidas são 60 x 80 x 40 cm, mesmo tamanho adequado para a engorda de até seis coelhos. As gaiolas precisam contar com bebedouros automáticos e comedouros semiautomáticos de metal. 

Próximos passos?

Alimentação. Ração peletizada é ideal para alimentar coelhos, que são animais que respiram enquanto estão ingerindo a comida. A inalação do pó de dietas fareladas pode causar infecção das vias aéreas superiores e, consequentemente, perdas na produção. Reduza gastos fornecendo forrageiras na forma de feno, ou natural, como substituição parcial da ração. Por isso é interessante ter uma fonte de forragem plantada na área.

Ração peletizada para coelhos

Definida a raça a criar, com as instalações prontas para receber os animais e a alimentação garantida, o próximo passo é adquirir as matrizes de fornecedores reconhecidos no mercado, para assegurar a qualidade e a condição livre de doenças das matrizes. Saber a origem dos animais é importante, pois garante a pureza racial e evita consanguinidade na realização de novos cruzamentos. Boas matrizes significam maior segurança no início de uma criação. São as sementes do que você está plantando. Boas sementes, bons frutos!

Vamos falar um pouquinho de reprodução desses animais. Os coelhos atingem a maturidade sexual precocemente. No entanto, o acasalamento das fêmeas só deve ocorrer a partir dos cinco meses de idade e o dos machos a partir de seis meses. A gestação leva 30 dias e, logo após o parto de oito láparos, em média, a coelha já está apta a conceber novamente. No entanto, recomenda-se nova cobertura depois de 15 a 30 dias em sistemas mais e menos intensificados, respectivamente. Com 21 dias, os filhotes saem do ninho, comem ração e bebem água e, entre 30 e 35 dias, são desmamados.

Ninho e ninhada recem nascida na cama de serragem

Estes são princípios básicos para começar. Converse com outros cunicultores, conheça o assunto, informe-se. Procure um veterinário para se aprofundar sobre a criação. Informação nunca é demais. Visite os sites de entidades públicas e privadas que possam conter informações técnicas, científicas e práticas a respeito. A base de qualquer negócio e o caminho para o sucesso está no conhecimento.

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