![](https://www.ruraltectv.com.br/wp-content/uploads/2021/02/CONECTIVIDADE2B46.2.jpg)
A agricultura e a pecuária brasileiras ficam muito atrás das de outros mercados no que se refere à adoção de IoT (Internet das Coisas), Machine Deep Learning (Aprendizagem das Máquinas), dentre outras inovações que compõem a chamada agricultura 4.0.
A razão para essa defasagem é a falta de conectividade
Embora a extensão territorial propicie ao país vastas áreas destináveis ao agribusiness, tornando o Brasil o chamado “celeiro do mundo”, o mesmo fator acaba por colocar o setor em condição desvantajosa no que se refere à adoção de tecnologias voltadas à produção no campo e que têm proporcionado grandes ganhos de produtividade em outros países.
É justamente o tamanho de boa parte das fazendas no país que faz com que uma antena ou rede de fibra ótica sirva exclusivamente a uma única propriedade, o que elimina o interesse comercial das grandes operadoras pela atuação nessas áreas.
![Propriedade agrícola de grande extensão - Latifúndios fazem com que uma antena ou rede de fibra ótica sirva exclusivamente a uma única propriedade](https://1.bp.blogspot.com/--pbdKwgg6oc/YCrR_qWwuuI/AAAAAAAAJ8U/3DSigjhuyqAMLqjDui1zS6wOpDggnm5yQCLcBGAsYHQ/w640-h344/LATIFUNDIO%2B5.1.jpg)
Novamente, como ocorre na maior parte das regiões afastadas dos grandes centros do país, são os provedores regionais de Internet que passam a garantir a conectividade.
A Agricultura 4.0 caracteriza-se pelo uso simultâneo de diferentes tecnologias
Nela, o maquinário – tratores, colheitadeiras e caminhões – tem seus percursos traçados centímetro a centímetro por inteligência artificial, a fim de minimizar a compactação do solo e garantir a fertilidade em maior área. Silos informam colheitadeiras em tempo real qual seu percentual de ocupação para direcioná-las aos que estão com maior capacidade disponível para armazenamento; sensores registram e transmitem a gestores informações como peso, frequência de cada animal nos cochos e as vacinas que lhe foram aplicadas, dentre outros. É desta forma que concorrentes do agronegócio brasileiro têm registrado ganhos de produtividade inimagináveis até poucos anos atrás.
![Vacas com sensores para transmissão de dados](https://1.bp.blogspot.com/-6RfESNgKYnM/YCrVTfe1cpI/AAAAAAAAJ8c/GOKCuiCap9ET78r8zvCOJuVOosPV91zgwCLcBGAsYHQ/w640-h372/CONECTIVIDADE%2B49.1.jpg)
Novamente, como dito acima, os empresários e gestores do agribusiness nacional são grandes usuários de tecnologia, a qual empregam intensamente, há anos, em suas operações logísticas.
Para levá-la à produção, demandam de conexão de Internet que proporcione o envio de informações de sensores para máquinas. Para isso, passam a recorrer, de forma crescente, aos Provedores de Serviços de Internet (ISPs – sigla do inglês Internet Service Provider), por conta do crescimento dessas empresas, desenvolvimento tecnológico e de sua distribuição geográfica. Isso tem ocorrido não apenas via contratação de serviços, mas também por meio de aquisições e contratos de exclusividade no fornecimento.
A chegada de tecnologias emergentes ao campo é mais um fator que impulsiona os investimentos nos provedores regionais de Internet. Cada vez mais, o segmento torna-se alvo de aportes financeiros, fusões e aquisições. Esse capital chega ao setor por causa do crescimento das PPPs (Parcerias público-privadas) que, segundo a Anatel, concentravam, em novembro de 2020, 71% da rede nacional de fibra ótica, após um salto de 73% no número de acessos em doze meses.
![Antena na área rural](https://1.bp.blogspot.com/-2kB6S9kWTOg/YCrVnYYVjpI/AAAAAAAAJ8k/WowTQo4oS1gyv0do12VlqZyHmkNMouVQACLcBGAsYHQ/w640-h406/CONECTIVIDADE%2B45.1.jpg)
Empresários do agronegócio de grande porte são demasiadamente familiarizados – e muito bem assessorados – no mundo dos negócios. O interesse pelos ISPs, seja em investir, adquirir ou obter fornecimento exclusivo para suas propriedades, proporciona oportunidades de grandes ganhos financeiros aos executivos dos provedores. Isso, porém, restringe-se àqueles que mantêm suas obrigações legais e gestão administrativa em dia.
Não é o que se observa. Ainda, conforme a Anatel, as prestadoras de pequeno porte têm lhe enviado dados com atraso. Em outubro último, por exemplo, quase 900 mil acessos via banda larga deixaram de ser informados por empresas que enviaram o SICI (Sistema de Coleta de Informações) à agência fora do prazo, sendo que a falta do relato dentro do prazo ao órgão regulador configura, mesmo no pós-outorga, exercício irregular da prestação de serviços de telecomunicações.
Este é um dos exemplos que ilustram o descuido de empresários e gestores dos ISPs quanto à parte burocrática de suas atividades, o qual pode levar suas empresas à ilegalidade que, além de resultar na perda de oportunidades, implica em multas e até em detenção. Entende-se que esses executivos concentram-se principalmente na parte operacional de seus negócios.
![Técnico instalando antena no telhado de uma residência rural](https://1.bp.blogspot.com/-3ZqXawkd9ic/YCrWBNKyPCI/AAAAAAAAJ8s/AXQ_WTAMU38DA2UnZZKXnSprIIN6tPLDwCLcBGAsYHQ/s1600/CONECTIVIDADE%2B41.1.jpg)
Porém, o crescimento do setor passa necessariamente pela profissionalização da gestão administrativa e da observância permanente das obrigações perante Anatel, Creas regionais, CFT, concessionárias de energia e Fisco, o que demanda a contratação de boas assessorias especializadas no segmento. Há no mercado sistemas de gestão destinados especificamente a provedores que, ao contrário dos genéricos, atendem às demandas do segmento, com soluções específicas como emissão de notas para prestação de serviços de telecomunicações (modelo 21/22), geração do arquivo do SICI – que em breve será DICI, e outras obrigações inerentes ao setor.
As PPPs prestam há anos um serviço essencial ao país ao disponibilizarem acesso à Internet na maior parte do território nacional. A partir de agora, a importância dessas empresas cresce, já que serão elas que também possibilitarão o uso de novas tecnologias por setores fundamentais para a economia e que têm sua produção localizada longe dos grandes centros urbanos, área em que as grandes teles concentram suas ofertas.
Fonte: Expansive Comunicações Diversas, texto de Ricardo Melzani Bortolotti, gerente de tecnologia da RadiusNet.
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