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03 de 0utubro - Dia da Agroecologia
Celebrado em 3 de outubro, data entrou no calendário oficial em 2017, em referência ao nascimento da pioneira da agroecologia no Brasil, Ana Maria Primavesi, uma das principais pesquisadoras do tema
 
O conceito busca compreender as necessidades da terra e fornecer a ela o que de fato precisa, gerando um equilíbrio que afasta as pragas e doenças da plantação.
 
Por meio da lei nº 13.565, ficou estabelecido ainda que o poder público realize campanhas de informação sobre agroecologia e produção orgânica.

Pioneirismo

Ana Maria Primavesi vislumbrava o solo como um organismo vivo, em especial o solo tropical, constituindo um sistema especial de manejo ecológico para esse tipo de solo.

Ela nasceu e cresceu na Áustria e veio ao Brasil na década em 1949, após sobreviver ao terror da Segunda Guerra Mundial. Foi professora da Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, onde contribuiu para a organização do primeiro curso de pós-graduação em agricultura orgânica. É autora de diversos livros, dentre os quais aquele que é considerado a obra de referência nas ciências agrárias, “Manejo ecológico do solo: a agricultura em regiões tropicais”. Durante sua brilhante carreira, recebeu diversos prêmios como o One World Award do International Federation of Organic Agriculture Movements, além de títulos doctor honoris causa em diversas universidades brasileiras.

A contribuição de Primavesi em relação ao estudo do solo parte do princípio que um solo adequado, aliado à produção agroecológica, é um solo sadio que permite alimentação saudável para toda a sociedade.
 
Ela é a maior referência política e técnica na agroecologia e na construção de uma agricultura mais equilibrada e racional. É impossível pensar agroecologia sem pensar nos trabalhos que Ana Primavesi fez em toda sua vida. Ela faleceu em São Paulo/SP em 5 de janeiro de 2020.

Agroecologia no Brasil

A agroecologia é um sistema que integra a produção de alimentos saudáveis (sem uso de agrotóxicos), respeitando as relações com o meio ambiente e os trabalhadores do campo. A técnica agroecológica pode ser aplicada em qualquer solo e possui experiências bem sucedidas em todas as regiões do país.

A agroecologia se configura, atualmente, como ciência, prática e movimento social. Sua construção encontra-se vinculada a um amplo projeto de transformação das formas de produção, processamento, distribuição e consumo presentes no atual sistema agroalimentar.

Seus princípios e práticas possuem uma longa trajetória de enraizamento nos modos de vida dos camponeses, povos indígenas e comunidades tradicionais nas mais diferentes partes do mundo, particularmente aqui no Brasil.

Suas bases seguem os princípios de justiça social, sustentabilidade ambiental e soberania alimentar, assumindo compromisso político com a democratização do direito à terra, à água, aos recursos naturais e às próprias estruturas de produção do conhecimento.
A emergência da agroecologia encontra-se vinculada ao surgimento, a partir do final dos anos 1970, de um conjunto diversificado de iniciativas protagonizadas por organizações não governamentais de assessoria, movimentos sociais, Comunidades Eclesiais de Base (CEBS) e organizações de trabalhadores/as do campo com atuação nas diferentes regiões do país.
 
Como exemplos dessas iniciativas, encontram-se os Encontros Brasileiros de Agricultura Alternativa (EBAAs); a criação do Projeto Tecnologias Alternativas (PTA); a multiplicação e articulação de redes locais, territoriais e regionais de gestão do conhecimento agroecológico e o surgimento de iniciativas de comercialização de produtos orgânicos/agroecológicos.
 
Registra-se, ainda, a aproximação das redes de “agricultura alternativa” existentes no Brasil com o trabalho desenvolvido em outros países por diferentes pesquisadores e instituições engajados na construção da agroecologia como um campo do conhecimento científico. A aproximação com outras experiências latino-americanas de construção do conhecimento, como o movimento Campesino a Campesino, presente nos países da América Central, possibilitou, também, uma renovação do ponto de vista metodológico com forte protagonismo dos agricultores e agricultoras e povos e comunidades tradicionais.
 
No Rio Grande do Sul, por exemplo, existe o cultivo de arroz irrigado com técnica agroecológica com produção em maior escala. O movimento agroecológico tem conseguido manter, com todos os obstáculos, a sua dinamicidade, tanto em suas ações mais cotidianas como através de processos coletivos de mobilização. Suas iniciativas evidenciam o potencial da agroecologia na construção de um modelo alternativo de produção, consumo, promoção da saúde, relação com o ambiente e de luta contra as diferentes formas de preconceito – racial, de gênero ou relacionado à condição social. 

A agroecologia mostra cada dia mais sua vitalidade como abordagem capaz de impulsionar a construção de uma sociedade socialmente justa e ambientalmente sustentável.

A lei também criou o Prêmio Nacional de Agroecologia com o nome de Ana Maria Primavesi e deve premiar organizações e pessoas da sociedade civil, parlamentares e autoridades públicas que se destacarem no desenvolvimento da agroecologia e da produção orgânica. Agroecologia – um processo importante a ser considerado principalmente pelos pequenos e médios produtores rurais brasileiros. Vamos pensar nisso.

Assista ao vídeo do Repórter Eco de 02/09/2012 com Ana Maria Primavesi – Uma verdadeira aula de ecologia e luta

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