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Vacas girolando no cocho
As pesquisas com marcadores genéticos darão à ciência as condições necessárias para se obter vacas mais eficientes
 
As pesquisas sobre eficiência alimentar em bovinos de leite avançam no Brasil. Recentemente, a Embrapa Gado de Leite concluiu seus primeiros estudos com fêmeas da raça Girolando. Outro trabalho vem sendo desenvolvido com fêmeas da raça Gir Leiteiro em lactação.
 
Para o produtor de leite, “eficiência alimentar” pode parecer confuso, mas o significado é simples e de grande interesse do setor: vacas comendo menos e produzindo mais.
 
Os estudos possuem aspectos complexos, mas em linhas gerais, o que os pesquisadores fizeram, num primeiro momento, foi observar as características dos bovinos que apresentavam potencial para produzir mais, com menos alimento. A essas características observáveis, dá-se o nome de “fenótipo”. Em uma segunda etapa, os fenótipos serão associados aos genótipos, que são as características genéticas determinantes do fenótipo.
As pesquisas com marcadores genéticos darão à ciência as condições necessárias para se obter vacas mais eficientes, possibilitando uma nutrição de precisão com animais selecionados.
 
A identificação de fenótipos qualificados para eficiência alimentar de fêmeas leiteiras nas fases de cria, recria, pré-parto, lactação e período seco, permitirá a geração de uma base de dados consistente, possibilitando a identificação de características genéticas que poderão ser incluídas nos programas de melhoramento de bovinos de leite.
 
Ou seja, o produtor poderá encontrar, nas centrais de inseminação e produção de embriões o material genético (sêmen ou embrião) que lhe garanta um rebanho com a melhor relação consumo de alimentos/produção de leite.

Resultados – Um dos primeiros resultados do projeto foi provar que as diferenças de eficiência alimentar podem ter início já na fase de aleitamento das bezerras. O consumo foi dividido entre o esperado e o observado. Animais com consumo menor que o estimado são considerados mais eficientes comparados aos animais com consumo maior que o estimado. Essa característica foi denominada “consumo alimentar residual”.
 
Nos experimentos, ao avaliar as bezerras mais eficientes para consumo alimentar residual, os pesquisadores verificaram diferenças na digestibilidade de nutrientes, fazendo com que algumas vacas obtivessem maior digestibilidade da dieta.
Os estudos levaram seis anos para ser concluídos. Os projetos contaram diretamente com 47 pessoas (15 pesquisadores, 15 bolsistas, sete mestrandos e 10 doutorandos). Esse tipo de pesquisa envolve uma série de experimentos com animais e dá muito trabalho, mas na velocidade com que avançam as tecnologias em genética molecular, resultados práticos serão obtidos em poucos anos.

Benefícios para o produtor e para o meio ambiente

Os bovinos são emissores de metano (CH4) na atmosfera, um dos gases com maior potencial de provocar as mudanças climáticas, logo, uma produção mais eficiente diminui a emissão desse gás.

A nutrição de precisão visa também mitigar essas emissões, já que quanto mais eficiente na conversão do alimento e na produção de leite e carne for o bovino, haverá menos emissão de CH4 por produto gerado”.
 
Além da sustentabilidade ambiental, a otimização da nutrição animal pode influenciar de forma expressiva na viabilidade econômica do sistema de produção.
 
Segundo dados da Embrapa, a alimentação representa o principal custo da atividade leiteira (entre 50% e 60%), reduzindo a margem de lucro dos pecuaristas.
 
Portanto, vacas que utilizam os alimentos de forma mais eficiente, consomem menos para atingir o mesmo nível de produção e, dessa forma, são mais lucrativas e produzem mais leite por área cultivada.
 
Fonte: Embrapa Gado de Leite – Rubens Neiva (MTb 5445)

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