
Os remineralizadores aumentam a produtividade, melhoram o solo e removem CO₂ de forma permanente, recuperando solos degradados
Os remineralizadores são insumos acessíveis aos agricultores. No Brasil, cerca de 5 milhões de hectares já receberam os remineralizadores, os quais têm apresentado resultados consistentes em campo. Os mecanismos de como funcionam os remineralizadores no solo ainda dependem de muito estudo. Porém, já se pode confirmar que a integração de processos envolvidos inclui respostas das comunidades de microrganismos do solo à adição de minerais primários, quais sejam: crescimento radicular vigoroso das culturas, aumento do potencial de intemperismo de minerais, com consequente liberação de nutrientes, e formação de minerais secundários com superfícies ativas, resultando em agregados, fundamentais para a manutenção e para o aumento da matriz organomineral no solo. Solos tropicais pobres em minerais novos e nutrientes são mais responsivos, o que pode ser potencializado pela redução de pesticidas que comprometem a vida no solo e pelo uso de culturas de cobertura que colaboram para a diversidade e para o aporte de carbono. Os remineralizadores, pela ampla disponibilidade nas regiões agrícolas e pelos resultados agronômicos apresentados, devem ser tratados como recurso estratégico na agropecuária brasileira.
Os remineralizadores de solo, popularmente conhecidos como pó de rocha, vêm ganhando destaque como uma alternativa natural e eficiente para recuperar solos degradados, aumentar a produtividade agrícola e contribuir no combate às mudanças climáticas. Além de substituírem parcialmente o calcário, esses insumos minerais têm despertado o interesse de produtores e pesquisadores por seus efeitos de longo prazo na saúde do solo e pela capacidade de remover CO₂ da atmosfera de forma permanente.
O remineralizador de solo é um material de origem mineral extraído de rochas vulcânicas que altera os índices de fertilidade do solo por meio da adição de macro e micronutrientes para as plantas. Remineralizador é um tipo de pó de rocha silicatado, com propriedades de rejuvenescimento do solo, buscando o equilíbrio da fertilidade e conservação de recursos naturais, fornecendo uma produtividade sustentável. Este processo ocorre na medida em que os minerais da rocha são intemperizados, disponibilizando os nutrientes.
Remineralizadores são pós de rocha, oriundos de rochas silicáticas que, quando adicionados ao solo, podem melhorar as propriedades químicas, físicas e biológicas do solo, tendo uma atividade muito similar aos condicionadores de solo, com a diferença de que os remineralizadores fornecem minerais, formando novas fases minerais no solo, renovando o solo agrícola. Já o pó de rocha, como o próprio nome diz, é a rocha triturada que pode ou não conter efeitos benéficos para as plantas, podendo ter ou não nutrientes ou compostos indesejáveis como metais pesados.
O solo é formado pelo intemperismo (alterações químicas e físicas das rochas, formando as partículas do solo), e ao adicionarmos o remineralizador na superfície do solo, reiniciamos o processo de intemperismo, liberando, de maneira gradual, novos minerais, nutrientes e melhorando as condições do solo, assegurando maior fertilidade de produtividade por períodos mais longos, revitalizando o solo. Além de promover a melhoria das propriedades físico-químicas, sua aplicação turbina a atividade biológica do solo, resultando em alta produtividade e performance para as mais variadas culturas.
A proposta dos remineralizadores de solo não é substituir totalmente os fertilizantes convencionais, mas sim revitalizar o solo e construir a sua fertilidade. Trata-se de um uso complementar com os fertilizantes convencionais, que com o passar do tempo reduzirá as quantidades necessárias destes fertilizantes, representando uma redução de custos. Estima-se que o uso complementar dos remineralizadores possa diminuir entre 20% e 30% dos custos com fertilizantes.
A – Eucalipto; B – Soja; C – Braquiária; D – Alho; E – Alface – Fonte: Eduardo
de Souza Martins, Pablo Rodrigo Hardoim e Éder de Souza Martins
Mesmo em culturas específicas como o arroz irrigado, que exige solos bem estruturados e manejo preciso da água, o uso dos remineralizadores já começa a mostrar resultados positivos. Áreas que antes dependiam exclusivamente de calcário agora testam o remineralizador com bons resultados, inclusive em sistemas de alagamento, como o arroz irrigado por gravidade. Uma das grandes novidades anunciadas recentemente foi a inclusão dos remineralizadores no Plano Safra, com linhas de crédito específicas e juros reduzidos para aquisição do insumo. Esse incentivo representa um avanço para viabilizar o uso em larga escala, principalmente para pequenos e médios produtores que buscam alternativas mais sustentáveis e econômicas.
Uma das características mais inovadoras do mineralizador é sua capacidade de remover dióxido de carbono (CO₂) do solo e da atmosfera, transformando-o em bicarbonato por meio de reações químicas no solo. Esse bicarbonato, por sua vez, pode ser transportado pelos lençóis freáticos até os oceanos, onde se converte em estruturas como conchas e corais, armazenando o carbono por milhões de anos.
Além da melhoria química do solo, os remineralizadores trazem uma série de benefícios agronômicos:
- Aumento da biodiversidade microbiana do solo;
- Redução da acidez e melhora do pH;
- Possível redução do uso de inseticidas;
- Aumento da resistência natural a pragas e doenças. O silício presente na composição do produto é responsável por criar uma película protetora nas folhas contra ataques de pragas e doenças;
- Estímulo à fertilidade a longo prazo;
- Geração de créditos de carbono inorgânico, mais valorizados no mercado internacional;
- Melhoramento da estrutura do solo;
- Reposição de nutrientes em solos fracos e empobrecidos;
- Aumenta o poder de germinação das sementes;
- Melhoramento do desenvolvimento das raízes e aumento da absorção de nutrientes;
- Fortalece a parte aérea das plantas e deixa o caule e a casca mais grossas;
- Maior durabilidade dos frutos no pós-colheita, maior peso e sanidade;
- Reduz os custos com fertilizantes químicos.
O uso do remineralizador deve seguir recomendações técnicas específicas. Em geral:
- Aplicações variam entre 5 a 25 toneladas por hectare;
- A escolha do tipo de rocha depende do perfil químico do solo;
- Pode ser integrado ao preparo do solo ou à cobertura.
Como aplicar o remineralizador
A aplicação correta do produto é fundamental para obter os melhores resultados. Antes de aplicar o produto, é importante realizar uma análise química-física do solo, contando com a assistência de um técnico para definir a dosagem e a estratégia correta de aplicação. Após os resultados laboratoriais, é possível calcular quanto desses nutrientes estão presentes no solo e o quanto é necessário aplicar via adubação, com o remineralizador.
A aplicação do remineralizador geralmente é feita de 1 a 2 meses antes do plantio das culturas para que o material disponibilize os nutrientes essenciais para o bom desenvolvimento das plantas. A máquina que realiza aplicação é a mesma que faz aplicações de calcário e gesso (calcareadeira) nas propriedades agrícolas. Além disso, é possível aplicá-lo a lanço em sistemas que utilizam o plantio direto.
Os principais métodos de aplicação incluem:
- Incorporação no solo – Nesse método, o produto é distribuído sobre a superfície do solo e incorporado por meio de aração e gradagem. Esse processo garante uma distribuição mais uniforme do produto no perfil do solo, proporcionando um efeito eficiente.
- Superficial ou em sulcos – Esse método é usado quando a acidez do solo é menos acentuada. O produto é aplicado diretamente sobre a superfície do solo ou em sulcos, preferencialmente antes do preparo da área de plantio.