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Fungos atuam como “rede social” de apoio para as árvores

Floresta de abetos - Os abetos de Douglas (Pseudotsuga menziesii) na Colúmbia Britânica crescem mais rápido quando têm mais conexões com outras árvores por meio de redes de fungos que vivem no solo da floresta, de acordo com um novo estudo da Universidade de Alberta, Canadá.
Estudo canadense mostra que fungos vizinhos auxiliam no crescimento e na saúde das árvores
 
No caso dos seres humanos, contar com o suporte de uma rede social forte pode trazer muitos benefícios. Agora, um estudo inédito conduzido pela Universidade de Alberta, no Canadá, mostra que isso também vale para as árvores, graças a seus vizinhos subterrâneos: os fungos. Este é o primeiro estudo a revelar a relação entre o crescimento das árvores e as redes de fungos que vivem no solo das florestas.

Pesquisas anteriores já haviam se debruçado sobre essa relação. No entanto, eles se concentravam, sobretudo, nas mudas das árvores. As descobertas da equipe canadense, por outro lado, fornecem uma nova visão sobre o valor das redes de fungos para as árvores mais antigas – que são mais benéficas para o meio ambiente nas funções de capturar carbono e estabilizar a erosão do solo.

Uma relação quase familiar

As árvores grandes constituem a maior parte da floresta e, por isso, desempenham um importante papel no funcionamento de todo o ecossistema florestal. Ao colonizar as raízes, as redes de fungos atuam como uma espécie de rodovia, permitindo que água, nutrientes e até compostos que enviam sinais de defesa contra ataques de insetos fluam entre as árvores. As redes também auxiliam no fluxo de nutrientes para árvores que contam com recursos limitados, assemelhando-se a unidades familiares que se apoiam mutuamente em tempos de crise.

Amostras (testemunhos) retiradas de 350 árvores da espécie de conífera abeto de Douglas (Pseudotsuga menziesii), na Colúmbia Britânica, mostraram que o crescimento anual dos anéis das árvores estava relacionado à extensão das redes de fungos que uma árvore mantinha em comum com outras árvores. As espécies com mais conexões apresentaram crescimento muito maior do que as árvores que tinham apenas algumas conexões. A pesquisa também mostrou que árvores com mais conexões com diversos fungos únicos tiveram um crescimento bem mais elevado do que aquelas com apenas uma ou duas conexões.

Conexões ajudam a defender as árvores das mudanças climáticas

A equipe descobriu que, quanto mais conectada à redes de fungos, mais uma árvore adulta tem vantagens de crescimento significativas sobre as outras. Portanto, a rede pode de fato influenciar em interações importantes em grande escala na floresta, como armazenamento de carbono. Isso porque o crescimento mais rápido das árvores, estimulado pelas redes de fungos, contribui muito para o sequestro de carbono.

Um crescimento mais acelerado também melhora a capacidade que as árvores têm de sobreviverem a secas, que podem se intensificar com as mudanças climáticas. Por isso, os pesquisadores acreditam que as redes de fungos são fundamentais para a defesa e a saúde das árvores, mesmo sob condições estressantes. Eles esperam que suas descobertas resultem em mais estudos, em diferentes tipos de florestas e outras áreas geográficas, sobre o assunto.
 
A equipe afirma que, assim como as relações familiares, o sistema de relações entre as árvores da floresta é dinâmico e está em constante mudança. Por isso, não é possível saber como essas mudanças – motivadas pelo clima, por secas ou por um surto de besouros, por exemplo – afetarão de fato as redes. Assim, saber se as redes de fungo operam da mesma maneira em diferentes espécies de árvores pode ajudar a tomar medidas mais assertivas em relação ao reflorestamento, preservação e plantio de novas árvores.

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