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Banana em extinção

A banana é a fruta mais popular do mundo. E além dos seus predicados gastronômicos, ela já foi usada tanto para designar governos corruptos em países tropicais – as “Repúblicas das Bananas” – quanto para sinalizar algum comportamento estranho – no inglês “going bananas”. Também tem se mostrado útil a atletas, como repositora de nutrientes. Atualmente, mais de 100 bilhões de bananas são consumidas anualmente no planeta.

Mas agora o mundo enfrenta uma nova ameaça que pode provocar, segundo especialistas, a extinção da variedade mais comum da banana, a “Cavendish” (no Brasil, banana d’água e/ou nanica). E talvez da fruta em todas as suas variedades.
Um novo estudo realizado por cientistas da Universidade de Wageningen, na Holanda, alertou que a banana corre risco de ser extinta nos próximos anos. O responsável, de acordo com a AgTechNavigator, seria a expansão de uma doença, a murcha de fusarium, também conhecida como Fusariose Raça Tropical 4, TR4 ou mal-do-Panamá, que ameaça 80% da produção global do alimento. A doença é causada pelo fungo Fusarium oxysporum f. sp. cubense. O fungo foi detectado em 1992, no Panamá, e desde então está disseminado em todas as regiões produtoras de banana do mundo.

Estádio final da doença com seca total da planta

Wilson da Silva Moraes, engenheiro-agrônomo e fitopatologista Superintendência Federal de Agricultura – SFA/SP, explica que o fungo de solo atinge não só as mudas e bananeiras, mas também implementos agrícolas e instrumentos de poda.

A doença entope os vasos que conduzem a seiva, impedindo o movimento de nutrientes e água pela planta, que seca e morre. Depois disso, o fungo pode permanecer no solo por até 40 anos ou ainda em hospedeiros intermediários, inviabilizando a continuação da cultura no local. Visto que não existe controle químico, a única forma de evitar a fusariose é com prevenção. Além disso, como os sintomas demoram para aparecer, a identificação é mais um dos desafios dos produtores.

Rachaduras no peseudocaule e pontuações castanho avermelhadas e centro do rizoma esbranquiçado

A doença também preocupa o Brasil, quarto maior produtor mundial de bananas, com colheita estimada em 6,7 milhões de toneladas. São Paulo lidera o ranking nacional, com destaque para o Vale do Ribeira, que responde por mais de 76% da produção estadual. Algumas variedades comerciais, como a Cavendish, são mais resistentes. Outras, como a banana-maçã, é altamente susceptível à doença. Até hoje, não existe nenhum tipo de controle químico 100% eficiente no combate ao mal-do-Panamá.

Gert Kema, professor de fitopatologia e autor principal do estudo, diz que é fundamental identificar cedo a presença da murcha para retardar a propagação da praga e salvar as lavouras. A doença não tem cura e ainda não há variedades de banana resistentes. Assim, o mapeamento aéreo é considerado o método mais eficiente no momento.

Um teste está sendo feito pela equipe comandada por Gert Kema, no Vale do Chira, no Peru, uma das principais regiões para o cultivo de banana orgânica. A área analisada já sofre com os efeitos da contaminação da murcha de fusarium. Até o momento, a equipe identificou mais de 200 focos de infecção da doença. A única maneira de fazer isso é pelo ar. É uma região grande e há partes que não se pode acessar ou obter permissão para acessar. É por isso que os pesquisadores realizam voos em uma pequena aeronave e tiram fotografias aéreas que são analisadas.

O Vale de Chira, no Peru – uma das principais regiões para o cultivo de bananas orgânicas – é uma área que está sendo seriamente afetada pela temida murcha de Fusarium - Foto: WUR
O Vale de Chira, no Peru – uma das principais regiões para o cultivo de bananas orgânicas –
é uma área que está sendo seriamente afetada pela temida murcha de Fusarium – Foto: WUR

Algumas práticas preventivas(H3)

  • Evitar as áreas com histórico de incidência do mal-do-Panamá;
  • Utilizar mudas de fontes certificadas comprovadamente sadias e livres de nematóides pois estes poderão ser os responsáveis pela quebra da resistência;
  • Corrigir o pH do solo, mantendo-o próximo à neutralidade e com níveis ótimos de cálcio e magnésio, que são condições menos favoráveis ao patógeno;
  • Garanta boa drenagem do solo;
  • Dar preferência a solos com teores mais elevados de matéria orgânica. Isto aumenta a concorrência entre as espécies, dificultando a ação e a sobrevivência do fungo no solo;
  • Manter as populações de nematóides sob controle – eles podem ser responsáveis pela quebra da resistência ou facilitar a penetração do patógeno, através dos ferimentos;
  • Manter as plantas bem nutridas, guardando sempre uma boa relação entre potássio, cálcio e magnésio;
  • Nos bananais já estabelecidos e que a doença começa a se manifestar, recomenda-se a erradicação das plantas doentes como medida de controle, para evitar a propagação do inóculo na área de cultivo. Na área erradicada, aplicar calcário ou cal hidratada ou queime as plantas arrancadas separadamente no local;
  • Tenha cuidado para não transportar involuntariamente solo de áreas infectadas para áreas livres da doença;
  • Desinfete ferramentas, equipamentos e maquinários utilizando água sanitária (hipoclorito de sódio);
  • Não plante bananeiras em solos infectados por pelo menos 3-4 anos;
  • Faça rotação de culturas com cana-de-açúcar; arroz ou girassol, para reduzir a incidência do fungo no solo.

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