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Fazendeiro plantando um pé de cannabis

Segundo Daniela Bitencourt, pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília-DF) a empresa reúne todas as condições para dar início às pesquisas voltadas para a produção de cânhamo no Brasil, mesmo não dispondo de um banco de germoplasma com variedades de Cannabis. A pesquisadora defendeu a pesquisa e listou uma série de vantagens econômicas, sociais e agronômicas que o Brasil pode obter com o cultivo da planta por ocasião em apresentação na Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara dos Deputados nesta semana, quando representantes de instituições públicas e privadas debateram o tema “Cânhamo e autonomia nacional na produção de canabinóides”.

Segundo Daniela Bittencourt, que atua no Laboratório de Biologia Sintética, são inúmeras as perspectivas positivas para o setor agropecuário, caso a pesquisa da planta seja autorizada à estatal. Ela entende que o cânhamo é o caminho para a autonomia nacional na produção de canabinóides. Se hoje o país importa óleo de cannabis e fármacos, teria condições de ter soberania com o plantio de diferentes variedades, adaptadas às diferentes regiões brasileiras. Na ocasião ela destacou que o conhecimento ilumina caminhos, abre portas, quebra paradigmas e porque não dizer,inclusive, preconceitos e para começar de forma correta é importante o incentivo à pesquisa com cannabis no Brasil.

Produção de cannabis com irrigação por gotejamento e cobertura morta
Produção de cannabis com irrigação por gotejamento e cobertura morta

Segundo a pesquisadora a importação de plantas para dar início às pesquisas naturalmente passaria pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, unidade que detém o mandato da Quarentena Vegetal, local onde de forma estratégica ocorre a proteção fitossanitária do material vegetal destinado à pesquisa que entra no território nacional.

A elaboração de um projeto detalhado, com metodologia, população-alvo, coleta de dados e análise dos resultados e possíveis impactos seria o primeiro passo para regulamentar a pesquisa com Cannabis no país (lembrando que a Lei 11.343/2006 – Política Nacional sobre Drogas, atualizada pela Lei 13.840/2019 permitem o uso médico e científico de todas as substâncias controladas pelos tratados internacionais).

Produtor na sua lavoura de cannabis
Produtor na sua lavoura de cannabis

Os benefícios socioambientais e econômicos do plantio de Cannabis

A pesquisadora apontou inúmeras vantagens econômicas, sociais e ecológicas que os produtores e agricultores familiares podem obter com as funções agronômicas da Cannabis, entre elas estão: zero desperdício, pois todas as partes da planta podem ser aproveitadas ou posteriormente transformadas, a planta ajuda a regenerar os solos degradados e pode melhorar significativamente as vantagens provenientes da rotação de culturas.

Se atualmente uma das preocupações para o plantio e produção da Cannabis é o componente THC (Tetrahidrocanabinol, molécula psicoativa da planta), porque não usar a edição gênica a favor?, observou Daniela Bittencourt ao lembrar que também é possível tentar uma modificação da via metabólica ou, ainda, ter mais precisão na quantidade dos componentes da cannabis. “Podemos ter qualidade e, inclusive, desenvolver plantas com características fenotípicas específicas para a aplicação na medicina e indústria”, sustentou a pesquisadora observando que a Embrapa tem expertise em tecnologias voltadas para a resistência às pragas, às condições climáticas adversas, podendo otimizar a produção a partir de estudos de técnicas de manejo consorciados.

O cânhamo é o caminho para a autonomia nacional na produção de canabinóides
O cânhamo é o caminho para a autonomia nacional na produção de canabinóides

A Embrapa tem capacidade de trabalhar e auxiliar com o desenvolvimento de variedades que não apresentem substâncias psicoativas. Os diferentes aspectos que envolveriam a pesquisa sobre Cannabis na Embrapa podem ocorrer envolvendo as expertises da empresa em suas diferentes unidades, agregando equipes que atuam com biologia sintética, edição gênica, meio ambiente, melhoramento genético, entre outras. Foram equipes como essa gama de conhecimento que colocaram o trigo em áreas até então nunca pensadas – como no cerrado, ou ainda, a uva no semiárido brasileiro.

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