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Abelha (Apis mellifera) coletando pólen
As abelhas podem ser encontradas em mais de 16 mil espécies diferentes, sendo a mais comum a Apis mellifera (abelha europeia)
 
As abelhas e vespas fazem parte da mesma ordem, Hymenoptera, mas as abelhas fêmeas têm uma característica peculiar em comparação às vespas suas parentes: em vez de capturar e se alimentarem de insetos, como é comum ocorrer com as vespas, as abelhas coletam pólen e néctar diretamente das flores para alimentarem suas larvas.

Polinização. Trata-se do transporte de pólen de uma flor para a outra. É por meio desse processo que as flores são fecundadas, dando início ao desenvolvimento de frutos e sementes. Ela pode ser feita pela água, pelo vento e por muitos animais, como borboletas e beija-flores. Mas o animal mais famoso pela capacidade de polinização – e é de fato o mais eficiente – é a abelha, pois é mais rápida, consegue voar em zigue-zague e, após um tempo com a colônia instalada em certo local, consegue saber qual o melhor horário para coletar pólen (elas observam a flora próxima à colmeia e associam com a intensidade da luz do dia). 

A importância da abelha. Você gosta de abobrinha, de melancia e de maracujá? Esses e muitos outros vegetais não existiriam ou seriam muito diferentes sem a polinização feita por esses pequenos insetos. As berinjelas, por exemplo, seriam menores que maçãs. Sem as abelhas, perderíamos 70% dos alimentos que são polinizados por elas. Além disso, haveria extinção de outros animais que também dependem de vegetais polinizados por abelhas e daqueles que predam estes.

Tipos de abelha. Alguns cientistas imaginam que as abelhas tenham surgido no período jurássico, antes mesmo do surgimento das plantas angiospermas. A famosa listradinha de preto e amarelo é a preferida dos apicultores e a mais conhecida pela população em geral, porque é a que produz mais mel. Entretanto, a Apis mellifera (europeia ou africanizada) também é polinizadora de alimentos, sendo a maior polinizadora da abóbora, por exemplo, e de muitos outros vegetais. Mas saiba que nem toda abelha tem vida social e vive em colmeia como a abelha europeia ou africanizada (cruzamento da europeia com a africana). Há abelhas que vivem solitárias a vida inteira dentro de pequenos buracos, dentro de troncos de árvores e morrem antes de verem suas larvas nascerem. Há também aquelas que escavam ninhos no solo (principalmente as fêmeas) e algumas são tão pequenas que você pode ter matado com a palma da mão achando que era um “mosquito” qualquer. 

Somos cleptoparasitas. Nós, seres humanos, roubamos o alimento de uma vida inteira de uma abelha, já que, até mesmo entre aquelas que são mais produtivas, é necessário uma vida inteira de trabalho para produzir apenas uma colher de mel! Não satisfeitos, também roubamos o pólen delicadamente coletado por elas, o própolis, a geleia real e a cera de abelha.

Abelha sem ferrão. Na realidade essas abelhas possuem o ferrão atrofiado o que impossibilita o seu uso. Existem muitas espécies dessas abelhas. As principais são: a irapuã, que também é bastante utilizada na agricultura; a jataí, que é fã de flores ornamentais; e a mirim, que os produtores de morangos levam para morar na plantação deles e impedir deformidades genéticas nos frutos, porque a polinização leva genes de uma planta para outra, impedindo a consanguinidade, isto é, a mistura de genes semelhantes entre flores de uma mesma planta, que são como “flores irmãs”. A mamangava, abelha de grande porte, não é usada na extração de mel, mas é indispensável para cultivar maracujá. A fruta raramente se desenvolve sem polinização e essa abelha é tão relacionada a ela, que não reconhece variedades transgênicas e só aceita maracujás “originais”.

Apicultura e meliponicultura. É comum haver confusão a respeito dos diferentes tipos de cultivo de abelhas. Mas apicultura se refere ao cultivo das abelhas-europeias ou africanizadas, como já mencionadas, as Apis mellifera. Essa espécie não é nativa do país, tendo sido trazida pelos europeus para o uso religioso de sua cera e de seu mel para fim alimentício. Mais tarde, por volta do ano de 1956, também foi trazida a abelha africana, que formou uma híbrida com a europeia, chamada de abelha africanizada. a técnica da meliponicultura se refere à criação de abelhas nativas do Brasil. Essas abelhas brasileiras são conhecidas como abelhas sem ferrão. Elas se defendem utilizando suas mandíbulas e patas. Entre as espécies comuns de abelhas nativas estão jataí, uruçú, mandaçaia, jandaíra, tiúba, tubí, entre outras.

De acordo com estudo publicado na revista Scientific American, é preciso priorizar a criação de abelhas nativas, pois as exóticas podem ser prejudiciais ao equilíbrio dos ecossistemas.

A característica sem ferrão das espécies nativas, por zerar o risco de picada de abelha, tem facilitado sua criação por amadores. Essas pessoas cultivam abelhas por reconhecerem sua relevância ambiental e, em alguns casos, para extrair seu mel.

Cidadãos comuns de todo o mundo podem fazer sua parte e disponibilizar abrigo e alimento (plantas com pólen) para as abelhas sem ferrão. Até mesmo um pequeno pé de manjericão com flores na janela pode ser um banquete para esses impressionantes insetos!

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