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Embrapa registra nova praga de pastagem em território nacional

Gado zebuino pastando

Atenção produtor rural quanto a essa praga, pois ainda não existem muitos estudos e nem recomendação de controle

Pesquisadores da Embrapa Gado de Corte em Campo Grande (MS) e parceiros acabam de registrar, oficialmente, a infestação de Duplachionaspis divergens (Hemiptera: Diaspididae) em pastos brasileiros. Trata-se de uma cochonilha detectada em pastagens do Mato Grosso do Sul com touceiras amareladas e secas, com danos visivelmente significativos. As perdas econômicas ainda não foram estimadas. Nos países onde ocorre, a praga chega a atingir 18 gêneros de gramíneas.

Segundo os pesquisadores, é preciso alertar o produtor rural quanto a essa praga, pois ainda não existem muitos estudos e nem recomendação de controle. Na Embrapa, as pesquisas são iniciais. Anteriormente, a espécie havia sido relatada no Brasil somente na cultura da cana-de-açúcar, em casa de vegetação. Além da ocorrência em nos campos experimentais da Embrapa, tem-se recebido algumas demandas de produtores preocupados, relatando sintomas e danos semelhantes em suas pastagens, o que pode ser devido a ataques da nova cochonilha.

A primeira constatação da presença do inseto sugador nas folhas de braquiária nos campos experimentais da Embrapa em Campo Grande ocorreu em 2018, com reinfestações nos anos seguintes. Naquele ano, em campos formados pelo híbrido BRS Ipyporã, resistente à principal praga da pastagem, as cigarrinhas.

A infestação foi detectada na época seca, em meados de agosto, quando foi realizada coleta de folhas do capim escolhendo-se aleatoriamente dez pontos na área infestada de 0.45 ha. Nos anos seguintes a infestação continuou avançando em outras áreas experimentais, e também em época chuvosa, sendo, desde então, acompanhada em outros estudos da Embrapa.

Os danos à planta decorrem da sucção de seiva nas folhas, levando ao amarelecimento e secamento das partes atingidas. Ao sair do ovo, a ninfa (fase jovem do inseto) locomove-se e fixa-se na parte abaxial das folhas. Porém em altas infestações conseguem chegar também aos caules e superfície adaxial (parte de cima das folhas). As fêmeas ficam fixas até mesmo depois de adultas. Já os machos possuem asas e voam em busca de acasalamento.

A entomologista Fabricia Zimermann Torres é responsável pelo registro oficial ao lado dos pesquisadores José Raul Valério, da Embrapa Gado de Corte; Renata Santos, da Universidade Católica Dom Bosco; Vera Regina Wolff, da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul; e Bruno Amaral, pesquisador do Programa de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Regional no Estado de Mato Grosso do Sul.

A Praga

Os primeiros relatos dessa espécie ocorreram em cana-de-açúcar, no Hemisfério Oriental, no Sri Lanka, na Argélia, no Egito, na Austrália e na Tailândia. No Ocidental, os registros ocorreram, na mesma cultura, na Venezuela e Colômbia, no início dos anos 1990. Em relação às pastagens, além do gênero braquiária, espécies dos gêneros Andropogon, Sorghum, Digitaria, Paspalum, Panicum, Pennisetum e Setaria também são fontes de alimento para o inseto.

Nos campos experimentais da Embrapa foram encontrados danos semelhantes em pastagens de capim-elefante (Pennisetum purpureum) Napier, Cameroon, Pioneiro, BRS Canará, BRS Kurumi e BRS Capiaçu; e Panicum maximum cv. Aruana. Presume-se que tais gramíneas também sejam plantas hospedeiras para D. divergens.

Pesquisas anteriores sobre a biologia dessa cochonilha relatam que as fêmeas adultas põem em média 130 pequenos ovos, com período embrionário médio de oito dias. E, ainda, que ocorrem nove gerações/ano com um ciclo completo, em média, de 39 dias, evidenciando o potencial dessa praga como uma séria ameaça aos sistemas de produção.

Não confunda

A nova praga não deve ser confundida com a já conhecida cochonilha-dos-capins (Antonina graminis), que causa a “geada dos pastos”. A cochonilha-dos capins foi detectada no Brasil, pela primeira vez, em 1944, na Bahia; em 1964, no Pará; e em 1966, no estado de São Paulo.

Torres explica que “além de as cochonilhas serem diferentes morfologicamente, a cochonilha-dos-capins ataca a haste da planta, a partir do coleto e, quando na parte aérea, fica junto aos nós, sob a bainha das folhas. Em decorrência da sucção de seiva nesses locais, a planta perde sua capacidade de rebrota, podendo até morrer, o que é conhecido como “geada dos pastos”.

Desde 1967, após a introdução do parasitoide Neodusmetia sangwani, a cochonilha-dos-capins teve seu controle estabelecido no Brasil.

Outras pragas

As cigarrinhas-das-pastagens continuam sendo a principal praga dos pastos brasileiros. Entretanto, com a diversificação do sistema produtivo, outras pragas passaram a preocupar cientistas e produtores rurais. Uma delas é o percevejo castanho, com registro de ataques principalmente em pastagens do Brasil Central. Áreas mal manejadas e solos predominantemente arenosos favorecem a propagação do inseto e o aparecimento dos danos decorrentes de sua ação.

Estudos com percevejo castanho conduzidos pela Embrapa Gado de Corte apontaram que, aparentemente, em áreas bem manejadas e onde a correção e a adubação do solo são realizadas de forma frequente, as plantas estão mais bem nutridas e sentem menos os efeitos do ataque.

Atenção pecuarista: esteja sempre alerta a qualquer problema similar ao ataque da nova cochonilha sobre pastagens de sua propriedade. Ao primeiro sinal de infestação comunique os órgãos de pesquisa e controle e procure orientação técnica.

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