MEIO AMBIENTE -  Como atrair corrupião

Bovino com feixe de capim na boca

O equilíbrio entre o número de cabeças por área e a capacidade de suporte da mesma área auxilia o produtor a alcançar o máximo de desempenho, tanto dos animais quanto da pastagem

O desiquilíbrio destes fatores leva a duas situações prejudiciais à produtividade e rentabilidade do negócio.

Quando temos mais animais do que nutrientes fornecidos pelo capim, a produtividade do gado cai (superpastejo). Quando temos grande oferta de boa forrageira, os bovinos passam a escolher muito as partes mais nutritivas da planta, ocasionando desperdício e pasto desuniforme (subpastejo).

Para evitar estes problemas, é essencial encontrar a taxa de lotação ideal.

Como calcular a taxa de lotação?

A taxa de lotação pode ser definida pelo número de animais, ou unidades animais (1 UA = 450 kg PV), dividido pela área pastejada. Por exemplo: se tivermos uma área de 100 hectares, com 1.000 cabeças, a taxa de lotação será de 10 cabeças por hectare.

A partir deste resultado, precisamos definir também a capacidade de suporte! Esta capacidade é máxima taxa de lotação para uma área, sem comprometer o desempenho dos animais em determinado período.

Para definir a capacidade de suporte usaremos o seguinte raciocínio:

Um animal precisa de cerca de 4.500 kg/MS/ha/ano para ser consumido. Para calcular a capacidade de suporte dessa fazenda por ano, em quilos de peso vivo por hectare, basta dividir a massa de forragem disponível para os animais no ano pelo consumo anual de um animal. No caso do exemplo:

4.500kg/MS/peso médio × 2,5% × nº de dias de consumo no pasto

ATENÇÃO! A capacidade de suporte pode variar ao longo do ano, em função das mudanças climáticas (precipitação, temperatura, horas de luz), tipo do solo, espécie de forrageira e nível de adubação.

Subpastejo e superpastejo

Como já vimos, o cálculo da taxa pode indicar duas situações: o subpastejo e o superpastejo.

No subpastejo, a lotação está abaixo da capacidade de suporte do pasto, ou seja, há menos animais por área. Isso permite que o animal selecione as partes mais nutritivas das plantas e apresente maior consumo, o que resulta em maior ganho individual e menor ganho por área.

No superpastejo, a taxa de lotação é mais alta do que a capacidade de suporte. Assim, como a pressão de pastejo é maior, o animal não consegue selecionar as melhores partes da planta e gasta mais tempo para pastejar. Como resultado, tem-se a redução do consumo, comprometendo o desempenho individual dos animais.

Qual a importância de seguir um nível ideal de lotação?

Os produtores devem tomar muito cuidado ao explorar o ganho por área a partir do aumento da taxa de lotação. A partir de certo ponto, o consumo de forragem pelo animal é comprometido de tal forma que faz com que o ganho por animal e por área seja insatisfatório.

Eles devem buscar potencializar o ganho de peso de cada animal, explorando, também, o máximo de ganho por área.

Dentre os diversos benefícios da taxa de lotação ajustada, o mais importante é o aumento da produtividade em arroba/ha/ano. Isso é impactante para o resultado da fazenda, pois permite um maior ganho por área e um maior giro do estoque de rebanho. Tudo isso só é possível, claro, quando aliado a outros fatores cruciais que asseguram a performance apropriada do rebanho.

Comparados à média nacional, temos:

pastagem extensiva mal manejada (média nacional)

  • 3-4 arrobas/ha/ano;
  • 3-4 arrobas/cab./ano.

pastagem extensiva bem manejada (dados PRODAP)

  • 8-10 arrobas/ha/ano (2x);
  • 5-6 arrobas/cab./ano (1,5x).

Que medidas podem ajudar o pecuarista a tomar uma decisão racional sobre a taxa de lotação?

Para evitar o mal uso da pastagem/área, existem medidas que auxiliam o fazendeiro.

Estruturação de um plano de contas

Existe uma necessidade sustentável de aumentar a taxa de lotação, sendo preciso saber quanto custa intensificar uma área de pastagem e, melhor que isso tudo, quanto de rentabilidade ela traz. É imprescindível ter os apontamentos de gastos de insumos, como adubos, cercas, porteiras, água, mão de obra, animais etc., demonstrados em um plano de contas.

Esse planejamento tem como objetivo manter uma melhor taxa de lotação para que se consiga ter mais animais com bom desempenho em uma mesma área. Caso o pecuarista não avalie essa depreciação de nutrientes do solo, futuramente pode ser que o investimento em adubação e recuperação de pastagens comprometa o saldo de caixa.

Sendo assim, essa é uma forma de garantir aquele recurso destinado a uma melhoria na produtividade das pastagens.

Adesão ao pastejo rotacionado

A adesão ao pastejo rotacionado é uma medida de grande eficácia. O grande diferencial desse sistema consiste em se manejar parte do lote à frente — cerca de 20% da capacidade do suporte do módulo —, possibilitando ganhos excepcionais a esses animais.

Enquanto isso, o restante do lote — 80% da capacidade de suporte do módulo — segue atrás, também ingerindo forragem de boa qualidade, fazendo com que, nos dois lotes, o ganho médio de peso seja potencializado.

Controle da mistura de animais

A mistura de animais ocorre todas as vezes em que um ou mais animais invadem lotes distintos ao seu de origem. Isso acontece em grande maioria, devido à falta de manutenção ou à má qualidade das cercas divisórias.

Essa mistura entre animais que não têm o costume de estar juntos causa um abalo na hierarquia de poder do grupo, podendo incorrer em brigas e “montação” (sodomia). Agitados, os animais consomem energia e, consequentemente, reduzem o ganho de peso.

A escolha da cerca

Como escolher o melhor arame para cerca da fazenda? Antes de tudo, é importante considerar o papel da cerca como delimitador de área, dividindo o piquete para gado por objetivos e categorias de animais.

A boa cerca tem que fazer o básico: controlar a presença dos animais no local determinado e melhorar a coleta do capim. Ou seja, um pasto de qualidade somado a uma cerca também de qualidade é a garantia de que o rebanho vai permanecer na área em que o produtor estabeleceu.

A etapa seguinte consiste em fazer uma análise do tipo de terreno da fazenda, visto que essa característica influencia na escolha da quantidade de madeira e esticadores a serem usados na cerca.

Resumindo – A Taxa de Lotação adequada vai garantir ao pecuarista:

  • Adequação do número de animais a pasto
  • Evita a degradação das pastagens
  • Maior ganho de peso do rebanho
  • Maior produção de @/ha/ano
  • Maior rentabilidade
  • Planejamento nutricional adequado
  • Lucros turbinados

Tendo estas informações em mente, o que é possível implementar em sua propriedade? Você tem estes cálculos já fechados em seu negócio? Como está a taxa de ocupação e a capacidade de suporte das suas pastagens?

Leia também:

Como formar uma boa pastagem?

Pastagens – A revolução da inoculação multifuncional

Pecuária de Leite – Pastagens viabilizam atividade