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BlogRaça RuraltecTV – Belgian Blue

Também conhecido como Gado Belga Azul, Branco-Azul Belga ou Blanc-Bleu-Belge, a raça tem origem na Bélgica central e corresponde por quase a metade do rebanho bovino desse país. Este gado se formou pelo cruzamento do gado nativo da região com a raça Shorthorn importada da Inglaterra de 1850 à 1890. Algumas fontes também citam a introdução da raça charolesa no rebanho de cria ao longo do século 19. 

Em princípios do século 20 houve um grande trabalho de multiplicação e melhoramento da raça. Neste período, a raça foi dividida em duas linhagens, uma principalmente para produção de leite e a outra para a produção de carne. Hoje é selecionada basicamente para a produção de carne.

A raça Belgian Blue é relativamente nova na América do Norte e América do Sul, mas está ganhando aceitação rapidamente pelos criadores. O Belgian Blue que existe hoje é o resultado do melhoramento genético seletivo e do desenvolvimento administrado na Bélgica pelo Professor Hanset do AI Center na Província de Liege. Nos anos cinquenta, um debate surgiu entre os criadores, a pergunta era: se manter um duplo propósito ou selecionar mais para musculatura. A seleção para a musculatura prevaleceu, e graças ao trabalho de reprodutores como Gedeon e seus netos Ganache e Vaiseur a raça adquiriu o biotipo que apresenta hoje.

Características físicas

 
O Belgian Blue não é considerado um animal de grande porte. Apresenta um esboço arredondado e músculos proeminentes. O ombro, quarto traseiro, lombo e anca são muito musculosos. A garupa é ampla, a anca levemente inclinada, o rabo é proeminente. Tem membros fortes e caminhar fácil. A pelagem pode ser toda branca, azul (ou melhor grisalho-azul) e preta (grisalho-preta). Estes 3 fenótipos de pelagem correspondem à segregação de um par de genes herdados da Shorthorn. Destes três fenótipos de cor, o preto é o menos apreciado pelos criadores, daí a sua frequência ser mais fraca comparada com a do branco e do azul. A cor da pele é rosa. A raça é conhecida por seu temperamento quieto. Aos 12 meses de idade os machos apresentam uma média de peso de 470 Kg e altura de 1,20m, já as fêmeas 370 Kg e 1,15 m de altura. Aos 24 meses os machos chegam a 770 Kg e 1,35 m e as fêmeas 500 Kg e 1,20 m. Quando adulto o peso do macho pode variar de 1100 a 1250 Kg. Entretanto, não é raro ver animais que superam essas expectativas, chegando a 1300 Kg. Atinge em média 1,50 m de altura.
 
 
As vacas podem chegar até 835 Kg e costumam ter um par de chifres. Em relação à sua musculatura, os bovinos Belgian Blue começam a desenvolvê-la a partir das 4 semanas de idade. A falta de gordura faz com que seus músculos fiquem salientes sob a pele. A musculatura é homogênea em todo o corpo dos ombros até as ancas traseiras. A seleção foi feita no gene carcaça, que provoca posteriores hipertrofia muscular e assim, a maior conquista aconteceu em 1960, com o desenvolvimento da principal característica da raça: a musculatura dupla. Trata-se de uma herança congênita e que pode ser encontrada em bovinos, ovinos e suínos. Essa característica pode ser encontrada mais evidentemente na raça, mas também pode estar presente, em menor proporção, nas raças Piemontesa, Charolesa, Rubea Galega e Marchigiana. Por fim, a mutação genética da raça foi mantida pela linhagem do Belgian Blue até que a musculatura dupla se tornasse uma característica fixa da raça.
 
 
Podemos resumir como principais características do Belgian Blue:
 
– Médio porte;
– Contorno arredondado;
– Ombro, costas, lombo e traseiro muito musculosos;
– Parte de trás é reta;
– Garupa inclinada;
– Cauda proeminente;
– Pele fina e rosada;
– Pernas finas, fortes, que não atrapalham o andar do animal;
– Curto período de gestação em comparação com outras raças bovinas;
– Aptidão materna;
– Uniformidade, boa mobilidade e estrutura física, facilitando o manuseio do animal para outros setores da fazenda;
– Bom temperamento (dócil);
– O animal tem boa adaptabilidade a diferentes terrenos, climas e temperaturas, podendo aceitar facilmente praticamente qualquer ambiente;
– Precocidade;
– Facilidade de desenvolvimento de carne, até mesmo nos animais jovens;
– Carne tenra;
– Eficiência alimentar, isto é, engorda facilmente.

Qualidade de carne 

 
Um teste extenso de 3 anos feito pelo USDA – Centro de Pesquisa de Gado de Corte, em Nebraska, em conjunto com a indústria Warner Brazner animais cruzados de Belgian Blue foram avaliados em suas características de carne e carcaça. Os animais tiveram menos cobertura de gordura em relação ao contemporâneo Hereford-Angus, um valor 53% mais baixo. Os animais Belgian Blue também mostraram 16% a menos de marmoreio e maior área de olho de lombo, de acordo com os novos padrões de carne magra. Apesar de um índice de marmoreio menor, a distribuição de cortes magros e de alto valor agregado é grande. A finura das fibras provoca maciez da carne, magra e saborosa, e com grandes qualidades nutricionais. Especialistas afirmam que a raça oferece qualidade econômica e apresenta uma das carnes mais saudáveis.

Como gado de corte é uma raça eficaz, consegue produzir mais carne por hectare graças a sua melhor conversão alimentar. A hipertrofia muscular resulta em uma carcaça grande e pesada, com excepcional rendimento de carcaça que pode chegar até 70% ou superior e, sendo uma raça extremamente dócil e rústica, facilita enormemente o manejo e o trato com os que trabalham na criação.

 
Resultados de estudos realizados na Bélgica mostraram que as características de carcaça do Belgian Blue são substancialmente transmitidas quando a raça é usada em cruzamentos comerciais. A observação explica o interesse crescente pelo uso da raça em cruzamento terminal, não só pelas características da carcaça como também pelo potencial de crescimento.

Desvantagens

Alguns criadores e especialistas destacam como desvantagem apresentada pela raça a dificuldade no parto. Segundo eles, a morfologia do animal não ajuda na hora do parto e com todo esse tamanho os bezerros costumam nascer bem grandes, acarretando muitas vezes a necessidade de se fazer cesariana. Por essas e outras razões que o custo de se ter essa raça a torna inviável às vezes, a não ser que o criador tenha sempre a assistência de um veterinário para proceder as cesarianas.

 
Ainda segundo especialistas a vantagem do Belgian Blue em oferecer uma carne mais saudável, mais musculosa com menos gordura e menor marmoreio torna-se uma desvantagem se for considerado a preferência do mercado brasileiro quando comparada a outras raças europeias. Mas isso pode mudar. Em termos de tendências mundiais futuras, onde a carne magra pode vir a ser mais valorizada em alguns mercados, o Belgian Blue tem em si uma boa condição para se destacar em futuro próximo.

O Belgian Blue no Brasil

A raça é relativamente nova na América do Sul, mas está tendo fácil aceitação por parte dos criadores. No Brasil seu padrão de produção continua o mesmo: a obtenção de carne. A estatura baixa do animal favorece o cruzamento com as raças zebuínas (que são mais altas). A altura é o que determina o tempo que o animal vai começar a ganhar peso. Isso significa reter ganhos diminuindo o tempo para o abate. Se o Belgian Blue proporciona um ganho de peso em curto espaço de tempo, então o fazendeiro terá menos gastos na propriedade e retorno financeiro muito mais rápido. A raça é usada para cruzamento industrial com raças zebuínas. O resultado desse cruzamento garante um bônus de produção advindo da heterose.

 
A heterose é um fenômeno genético que ocorre quando animais geneticamente distantes se cruzam. Quando o acasalamento é feito entre animais de grupos genéticos diferentes, como taurinos e zebuínos, acontece a heterose, que faz com que a média do valor genético da progênie seja superior ao valor genético dos pais (os filhos apresentam melhor desempenho – mais vigor ou maior produção – do que a média dos pais). No acasalamento entre taurinos e zebuínos, temos heterose máxima (100%).

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