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Tecnologia no manejo de árvores reduz risco de queda em áreas urbanas

Realização de poda em grande altura

Um novo software de manejo arbóreo, desenvolvido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), pode transformar a forma como as árvores são podadas em áreas urbanas. A tecnologia, que combina escaneamento a laser e inteligência artificial, orienta com precisão a poda buscando reduzir o risco de quedas, um problema crescente com o aumento de eventos climáticos extremos, provocando perdas econômicas e de vidas.

Em metrópoles como São Paulo, onde tempestades frequentes resultam na queda de cerca de 2 mil árvores por ano (excluindo parques públicos e áreas de proteção ambiental), a nova técnica pode contribuir consideravelmente para as equipes da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) da Prefeitura de São Paulo, responsável pela arborização do município. Recentemente, no mês de março, 330 árvores caíram na capital paulista em apenas um dia, causando transtornos e acidentes fatais.

Imagem da árvore escaneada no campus da USP
Imagem da árvore escaneada no campus da USP

O software agrega o laser à inteligência artificial para encontrar o ponto de equilíbrio de uma árvore proporcionando uma poda correta. Emílio Carlos Nelli Silva, professor da USP e um dos responsáveis pelo projeto, explica que a árvore é uma estrutura biológica e estruturas biológicas são otimizáveis. Quando se faz uma poda, se tira esse equilíbrio da árvore, o processo a desloca desse ponto de otimização. A tecnologia funciona em três etapas principais:

  • Escaneamento – Um equipamento a laser captura imagens tridimensionais da árvore;
  • Modelagem computacional – Os dados são processados por um algoritmo, que analisa a estrutura e a resistência da árvore;
  • Definição da poda ideal – O software identifica os cortes necessários para manter o equilíbrio e a saúde da árvore, evitando fraquezas estruturais.

Se a poda for feita de forma errada, pode enfraquecer a árvore e aumentar os riscos de queda. O software que une biologia, matemática e mecatrônica, permite prever deformações e orientar cortes mais precisos mantendo o equilíbrio da árvore. A técnica proporciona avaliar as deformações, até mesmo a deflexão das árvores devido aos ventos. Com isso, é possível ter um diagnóstico e orientar a poda de forma mais precisa, equilibrada. O ser humano não tem a capacidade de fazer essa poda tão precisa como se consegue usando o escaneamento com algoritmo. Ainda não foi possível calcular o porcentual que o software é capaz de evitar de queda de árvores com a poda mais precisa, mas os pesquisadores garantem que em breve chegarão a esse resultado.

Árvore tombada após temporal
Árvore tombada após temporal
Árvore imensa despenca em cima de veículo em rua do bairro de Perdizes na cidade de São Paulo - Foto: Van Campos/Fotoarena/Estadão
Árvore imensa despenca em cima de veículo em rua do bairro de Perdizes
na cidade de São Paulo – Foto: Van Campos/Fotoarena/Estadão

Entre os principais fatores em áreas urbanas que influenciam a queda de árvores estão a altura dos prédios no entorno, a idade do bairro, a largura da calçada e a altura da árvore e, evidentemente, o estado da madeira de árvores comprometidas com doenças ou ataques de pragas, podas drásticas e o estrangulamento da raiz pelas calçadas como confirmam pesquisas realizadas. Com a verticalização, as árvores enfrentam condições desfavoráveis nos chamados “cânions urbanos”, ou seja, fileiras contínuas de edifícios altos que alteram a velocidade do vento local, a dispersão da poluição e os padrões de iluminação e microclima, contribuindo com a queda precoce.

O trabalho realizado até o momento já demonstrou resultados promissores: com a poda correta, é possível reduzir drasticamente os pontos de fraqueza da árvore, enquanto cortes feitos sem critério aumentam as chances de queda. A ferramenta pode revolucionar o manejo urbano e minimizar danos durante temporais. O próximo passo será integrar o software com previsões meteorológicas, permitindo que especialistas avaliem o impacto da velocidade e direção dos ventos na estabilidade das árvores. A modelagem a partir das imagens obtidas pelo equipamento a laser, possibilita chegar a uma espécie de “arquitetura” da árvore. Os pesquisadores pretendem inserir informações das raízes. A metodologia abre uma perspectiva para novas simulações computacionais, customizadas para cada espécie e com outros tipos de dados. O método é escalável para mapear árvores de uma cidade inteira.

Prefeituras de várias cidades, incluindo São Paulo, já demonstraram interesse em utilizar a tecnologia para melhorar o planejamento e a segurança do manejo arbóreo urbano.

Fonte: Agência Fapesp/Jornal da USP

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