Vários experimentos já estão sendo conduzidos pelo mundo afora e com aplicações diversificadas
Se um drone sozinho já foi associado a um filme de ficção científica, imagine um esquadrão desses aparelhos em diferentes formas e tamanhos povoando o espaço aéreo, executando tarefas como pulverização da lavoura, numa velocidade muito maior do que seria feito apenas por um.
O uso desse novo formato ainda está em fase inicial, mas vários experimentos já estão sendo conduzidos pelo mundo afora e com aplicações diversificadas. No Brasil, a Embrapa Instrumentação (São Carlos – SP) iniciou os estudos numa área com grande potencial de uso – a agricultura de precisão.
O pesquisador Lúcio André de Castro Jorge conta que a “robótica de enxame” ou “inteligência de enxame” já é alvo de pesquisa no País, envolvendo um grupo de produtores de café e da área florestal. “Em ambos os casos, a Embrapa foi demandada por produtores para realizar um estudo visando a escolha da melhor plataforma de drones para trabalho em comboio”, afirma o pesquisador, à frente da iniciativa.
Segundo Lúcio Jorge, no caso da área florestal, a demanda está pautada na realização de inventários qualitativos em áreas plantadas. “Uma tendência muito forte está indicando que o crescimento no tamanho das aeronaves não será alterado, mas a operação de aeronaves menores deverá ser realizada por apenas um controlador ao mesmo tempo”, avalia.
Exemplo vem da natureza
Itália e Holanda são exemplos de países que estão apostando nessa tendência. Eles se uniram para produzir e testar o primeiro protótipo no controle de ervas daninhas usando a “robótica de enxame” ou “inteligência de enxame“, segundo informações da Universidade e Pesquisa de Wageningen.
Especialistas acreditam que a aplicabilidade da robótica de enxame na agricultura de precisão vai trazer mudança de paradigma e impacto considerável, pelas vantagens que o conjunto de drones vai oferecer, entre elas, a redução de tempo para executar as tarefas e a geração de dados para tomada de decisões. Eles estimam que operações usando a inteligência de enxames vão aumentar drasticamente na próxima década.
Lúcio Jorge, que estuda o uso de drones na agricultura, processamento de imagens captadas pelas câmeras embarcadas nos aparelhos, há mais de 20 anos, diz que o “bando” de drones será capaz futuramente de avaliar alvos para aplicação de insumos agrícolas, distribuir tarefas e executá-las praticamente sem intervenção humana.
O exemplo vem da natureza, de enxames de abelhas, bando de pássaros ou cardumes de peixes, que usam a inteligência coletiva para se comunicar e resolver tarefas. “Vamos precisar dar apenas um comando para que o esquadrão se organize, assim como fazem os pássaros e de forma descentralizada”, explica.
Uso de drones se expande no País
Assim como está ocorrendo em outros países, entre eles, os Estados Unidos, onde a Federal Aviation Administration (FAA) projeta um número de unidades de drones em quase quatro milhões para 2021, no Brasil o crescimento também vem se expandindo e deverá chegar a 400 mil aparelhos no próximo ano.
Na era das fazendas conectadas, o pesquisador afirma que os drones estão gerando milhares de informações, de forma muito rápida, assim como outros dispositivos, como satélites que contam com sensores inteligentes para cumprir tarefas.“O drone é uma ferramenta auxiliar, um complemento para tomada de decisão”, constata.
De acordo com um levantamento do começo deste ano realizado pela consultoria McKinsey&Company, a aplicação de insumos em taxa variável (VRA) e drones são as tecnologias mais adotadas pelos produtores atualmente. A empresa ouviu cerca de 750 produtores de 11 estados, sendo 53% deles afirmaram que já utilizam pelo menos uma tecnologia ou estão dispostos a adotar pelo menos uma nas próximas duas safras.
“Ainda há muito espaço para crescer, tem demanda, são esperados ganhos de produtividade, redução de custos, mudança no próprio gerenciamento da fazenda com o uso de drones. A tecnologia está em todas as áreas”, avalia Lúcio Jorge.
Mas o pesquisador chama atenção para a necessidade de convergência de várias áreas do conhecimento, como computação, engenharia, agronomia, biologia, entre outras, para analisar as camadas de informação geradas pelos aparelhos para tomada de decisão posterior. “Não é um único fator que é utilizado e analisado para fornecer um mapeamento ao produtor, por isso, é preciso vários saberes juntos”, diz.
A operação dos chamados drones cooperativos foi abordada por Lúcio Jorge durante apresentação virtual no DroneShow, no final de setembro último.
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