Estudo realizado pela ABCCC e Esalq, uma radiografia setorial essencial para fundamentar planos de expansão, indica avanço da criação voltada para o esporte
A Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Crioulos (ABCCC) e a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) divulgaram estudo do PIB do Cavalo Crioulo. O levantamento indica que a raça movimenta R$ 5,36 bilhões ao ano no Brasil, valor que inclui, além da comercialização de animais, diversas atividades correlacionadas como mercado veterinário, medicamentos, rações, turismo e o crescente fluxo de provas esportivas atreladas à equinocultura.
O Complexo do Agronegócio Cavalo ainda abrange áreas do comércio de indumentárias e de serviços, como selarias, ferrageamento, etc. Levando em conta um rebanho de 508.080 animais, pode-se afirmar que cada cavalo crioulo é responsável pela movimentação de R$ 10.549,93/ano no Brasil. A raça gera 31,3 mil empregos diretos e mais de 130 mil indiretos no país, gerando renda para mais de 160 mil famílias. Os dados trazem uma radiografia setorial essencial para fundamentar planos de expansão. O cavalo é mais do que uma paixão do sul do país e uma ferramenta de trabalho importantíssima no campo, a base de empresas lucrativas, ferramenta para tratamento de saúde mental, sem falar o que representa no mundo do esporte.
O estudo indica que o esporte é o foco da maior parte dos criatórios da raça em operação no Brasil (75%). As provas de maior impacto são o Laço Comprido e Doma de Ouro, apesar de o Freio de Ouro e a Morfologia serem as estrelas da programação da raça. O esporte é a mola de expansão das criações nos estados do sudeste e centro-oeste. A raça é muito adaptada para uso em rodeios e acredita-se em um avanço consistente nos próximos anos. A associação aposta na expansão das provas e das modalidades esportivas em diferentes regiões, projeto que deve seguir firme no próximo biênio. Para 2026, estima-se que a raça deva ter uma ampliação de 15% no número de provas nas regiões sudeste, centro-oeste, norte e nordeste. A segunda finalidade para uso da raça está no trabalho de campo (22,56%).

Para profissionais da área, a equideocultura não é uma cadeia, mas um complexo (composição de diversas cadeias). Por isso e diferentemente de outros segmentos, dados e estatísticas da equideocultura são historicamente raros e incompletos. Isso ocorre porque também há uma tradição em não considerar os equídeos como animais de produção. A pesquisa também estudou as propriedades onde os cavalos crioulos são criados. Os estabelecimentos têm, em média, 440 hectares, dos quais 92 hectares são destinados para uso da tropa. A principal ocupação dos proprietários está relacionada à agricultura (64,95% dos criadores) e à pecuária (22,45%).
Segundo os dados tabulados pela Esalq, 80% da renda gerada e dos cavalos crioulos criados no Brasil está no Rio Grande do Sul: R$ 4,28 bilhões e 412 mil animais. Santa Catarina ocupa a segunda colocação com 33,7 mil animais e o Paraná a terceira com 31,8 mil animais. O Rio Grande do Sul segue como berço da raça e como uma região com expressão de criatórios e alta qualidade genética. A força do cavalo crioulo ecoa por todos os 497 municípios gaúchos, garantindo pulverização de renda e emprego. Os dados também mostram um grande potencial de expansão de uso desse animal no resto do Brasil. Não há limites para as manadas de crioulos no Brasil e no mundo.