Meliponicultura – Tecnologia brasileira garante pureza e origem do mel

Um grupo de pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente (SP) desenvolveu uma tecnologia que promete mudar a forma como o mel de abelhas sem ferrão é analisado e comercializado no Brasil.

Com o uso de luz infravermelha, é possível confirmar se o mel é puro e até identificar qual espécie de abelha o produziu, tudo sem reagentes químicos e em poucos minutos.

Essa inovação pode ser aplicada diretamente por cooperativas e produtores, tornando o controle de qualidade mais rápido, acessível e sustentável. Além disso, ela agrega valor ao produto e amplia o acesso a mercados especializados, dentro e fora do país.

Tecnologia simples e feita para o campo

A pesquisa foi conduzida pelos cientistas Aline Biasoto e Cristiano Menezes, com apoio do Entreposto Vida Natural e de um centro técnico da Finlândia. Eles utilizaram a técnica chamada espectroscopia no infravermelho próximo (NIR), que analisa a composição do mel por meio da interação com a luz.

O equipamento utilizado custa cerca de R$ 30 mil e pode ser compartilhado entre produtores, tornando-se uma alternativa viável para associações e pequenas cooperativas.

A análise foi realizada utilizando espectroscopia NIR acoplada à técnica estatística PLS-DA - Foto: Embrapa
A análise foi realizada utilizando espectroscopia NIR
acoplada à técnica estatística PLS-DA – Foto: Embrapa

“O produtor não precisa de laboratório ou reagentes. A análise é rápida, limpa e pode ser feita no próprio entreposto de mel”, explica Aline Biasoto.

Detectando adulterações e garantindo a espécie produtora

O primeiro método desenvolvido pela Embrapa serve para detectar adulterações no mel, como a adição de xarope de açúcar na alimentação das abelhas. Nos testes realizados com a espécie Mandaguari (Scaptotrigona depilis), o sistema acertou 100% das amostras adulteradas e puras.

Já o segundo método permite descobrir qual espécie de abelha produziu o mel, algo muito valorizado pelos consumidores e fundamental para selos de procedência. A tecnologia foi testada com diferentes espécies, como a Jataí, a Mandaçaia e a Apis mellifera, com resultados totalmente precisos.

“Saber de onde vem o mel é essencial. Isso fortalece a rastreabilidade, dá segurança ao consumidor e valoriza o trabalho do meliponicultor”, completa Biasoto.

Valorização e novas oportunidades

Segundo o pesquisador Cristiano Menezes, o Brasil tem a maior diversidade de abelhas sem ferrão do mundo, e cada espécie produz um mel com sabor e propriedades únicos.

Com a nova tecnologia, será possível comprovar a origem dos produtos nativos, abrir novas possibilidades de exportação e fortalecer a reputação do mel brasileiro no exterior.

“Estamos dando um passo importante para profissionalizar a meliponicultura e transformar conhecimento científico em renda para quem vive do campo”, afirma Menezes.

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