Aqui você encontra em notas as últimas e mais importantes notícias semanais do agronegócio nacional e internacional
EUA retiram tarifa de 40%
Após reduzir as tarifas de de reciprocidade sobre diversos produtos brasileiros, ontem (20/11), o governo dos Estados Unidos divulgou um decreto em que anuncia a isenção da tarifa adicional de 40% a alguns produtos agrícolas do Brasil, em caráter retroativo. Café, carne bovina, açaí e cacau do Brasil serão isentos de tarifas, diz a Casa Branca. São mais de 200 itens que foram acrescentados à lista de exceções do tarifaço aplicado ao Brasil. A decisão é válida para produtos que entraram nos Estados Unidos a partir de 13 de novembro. Associações empresariais comemoraram a decisão do governo americano.
Ibama confrima que cultivo de tilápia não será proibido no Brasil
O Ibama reiterou que o cultivo de tilápias não será proibido no Brasil. O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) esclareceu que não existe qualquer proposta de proibição do cultivo de tilápia no país. O Ibama, responsável por autorizar o cultivo de espécies exóticas na aquicultura, mantém a tilápia como espécie permitida, de grande relevância econômica e amplamente consolidada no Brasil. Atualmente, a Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio) analisa a atualização da Lista Nacional de Espécies Exóticas Invasoras. A eventual inclusão de uma espécie nessa lista tem caráter técnico e preventivo, e não implica banimento ou restrição de uso. O reconhecimento de espécies com potencial de impacto sobre a biodiversidade serve apenas como referência para políticas públicas e ações de prevenção e controle. A avaliação é conduzida de forma colegiada e participativa, com representantes de diversos ministérios, autarquias, setor produtivo, universidades, comunidades tradicionais e organizações da sociedade civil.

IAC comemora 138 anos
No dia 17 último, o Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, realizou uma cerimônia comemorativa na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, na capital do estado. O evento celebrou dois marcos históricos de grande relevância para o estado de São Paulo e o Brasil: os 138 anos do Instituto Agronômico (IAC) e o Bicentenário de nascimento de Dom Pedro II, fundador do instituto. O evento teve como objetivo, estreitar o diálogo entre a ciência gerada pelo órgão e os legisladores paulistas, além de outros tomadores de decisão. Ao conhecer a relevante produção científica do IAC, esse público poderá reconhecer seus impactos concretos e valorizá-la como fundamento essencial para a segurança alimentar, bioenergia e matérias-primas fundamentais para o agronegócio, um dos pilares econômicos de São Paulo e do Brasil. Na ocasião foram apresentados alguns resultados da ciência agrícola pública paulista e para o reconhecimento do papel fundamental do instituto na construção da ciência agronômica brasileira, na inovação tecnológica do campo, na geração de emprego e renda e na promoção da segurança alimentar. Fundado em 1887 por decreto imperial, o IAC desenvolveu as bases da agricultura tropical e ditou os caminhos para as instituições criadas posteriormente. São 138 anos de atuação ininterrupta estritamente ligados ao progresso científico e ao desenvolvimento de uma agricultura sustentável.
Marcha dos Povos leva milhares às ruas de Belém
Esta semana, milhares de manifestantes marcharam em Belém para pressionar os negociadores da COP30 a tomarem medidas urgentes contra o aquecimento global, como preservar a Amazônia e abandonar os combustíveis fósseis. Segundo organização, 30 mil pessoas de 65 países participam da Marcha Global dos Povos. Na concentração, à frente do Mercado São Brás, as ministras Marina Silva (Meio Ambiente) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas) receberam os ativistas com falas rápidas no carro de som. Vários deputados acompanham o cortejo. Enquanto o MST clamava por reforma agrária, indígenas do Baixo Tapajós pediam pela proibição de explorar petróleo próximo à Amazônia e um grupo estrangeiro, com bandeiras do barco Flotilla, da ativista sueca Greta Thumberg, grita por “Palestina livre” em inglês. Uma comitiva de 11 povos indígenas do Acre foi especialmente para a manifestação – como os Kuni Kuin, os Puyanawa, os Shanenawa, os Yura e os Nawa. A manifestação ocorreu após três COPs consecutivas em países com restrições a protestos. O movimento ambientalista fez um apelo para uma participação em massa, depois que nas últimas três COPs, realizadas no Egito, Emirados Árabes Unidos e Azerbaijão, nenhuma ONG considerou seguro tomar as ruas.
MG terá a maior fazenda de café arábica do mundo
O grupo Santos & Dias, maior produtor de eucalipto em Minas Gerais, e a Ruiz Coffees, uma das maiores produtoras de café do Brasil, planejam investimentos de mais de R$1 bilhão em uma joint venture para formação de uma fazenda produtora de grãos arábica que seria a maior do mundo em terras contínuas. O plano é que a Jacurutu Coffee, situada em João Pinheiro, região noroeste de Minas Gerais, tenha 5.500 hectares de cafezais irrigados por pivôs centrais e gotejamento, com os investidores no projeto estimulados pelos preços elevados do café e um consumo crescente da bebida. Os primeiros 600 hectares de plantio terão início em 2026, em terras onde hoje o grupo Santos & Dias planta eucalipto. Quando o projeto atingir maturidade, a produção de café da fazenda deve atingir 260 mil sacas de 60 quilos por ano. Do total dos investimentos, R$ 500 milhões serão em terras e R$ 550 milhões para infraestrutura e custeio. O plano é de que sejam plantados cerca de 100 hectares por mês, enquanto a primeira safra é esperada para 2029.

Brandão, MG, um dos queijos brasileiros medalha de ouro
50 queijos brasileiros estão entre os melhores do mundo
O melhor queijo do mundo é o Gruyère AOP Vorderfultigen Spezial, com 18 meses de maturação, produzido pela queijaria Bergkäserei Vorderfultigen, da Suíça. Esta é a sexta vez na história da WCA que um queijo Le Gruyère AOP conquista a maior honraria. Um queijo francês incomum, decorado com flores, o Crémeux des Aldudes aux Fleurs, produzido pela Etxaldia, foi superado por apenas um ponto e ficou em segundo lugar. No entanto, a qualidade dos laticínios brasileiros também foi reconhecida na 37ª edição do World Cheese Awards, o Campeonato Mundial de Queijos 2025, que divulgou o resultado final das avaliações na última semana. Entre as cinco mil iguarias inscritas e saboreadas pelos juízes em Berna, na Suíça, o país conquistou 50 medalhas: cinco ouros, 19 pratas e 26 bronzes. O julgamento contou com 110 equipes de dois a três jurados – de um total de 265 – avaliando os queijos inscritos quanto à aparência, aroma, corpo, textura e sabor. Os queijos receberam medalhas de bronze, prata e ouro, e um Super Ouro foi escolhido entre os vencedores da medalha de ouro. Cinco queijos brasileiros foram premiados com medalhas de ouro, são eles: Parmesão Faixa Azul 12 meses – Vigor Alimentos; Queijo Azul Tirolez – Tirolez; Queijo da Nona – Queijos Possamai; Queijo Ribeirão – Queijo com Sotaque; Queijo tipo Reblochon – Serra das Antas.
RS lança rastreabilidade individual de bovinos e bubalinos
A Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) do Rio Grande do Sul deu início à implantação de um projeto piloto inédito de Rastreabilidade Individual de Bovinos e Bubalinos. A iniciativa visa modernizar o controle sanitário do estado e, principalmente, ampliar o acesso dos produtores gaúchos a mercados nacionais e internacionais mais exigentes em termos de segurança alimentar. O projeto funciona mediante a adesão voluntária dos produtores rurais. O formulário para participar pode ser preenchido diretamente CLICANDO AQUI. O objetivo do piloto é testar e aperfeiçoar o sistema de identificação individual, que servirá de base para a futura e definitiva implantação do modelo em todo o território gaúcho. A rastreabilidade individual oferece mais segurança e confiabilidade às informações sanitárias do rebanho, o que melhora a capacidade de resposta do estado em situações de emergência sanitária. O sistema funcionará como uma ferramenta de gestão para os produtores, além de ser uma chancela de origem e confiabilidade para o produto gaúcho. A Seapi garantirá total suporte ao produtor rural participante, fornecendo os dispositivos oficiais de identificação individual de forma gratuita, que incluem brincos e botons eletrônicos.
Carne de baixo carbono tem protocolo da Embrapa
Durante a COP30, a Embrapa apresentou o Protocolo Carne Baixo Carbono, um modelo de produção que une eficiência pecuária, conservação ambiental e redução de gases de efeito estufa. O lançamento ocorreu na Agrizone, área instalada próxima à sede da conferência do clima, dentro da Embrapa Amazônia Oriental. A tecnologia propõe um conjunto de boas práticas que elevam a produtividade sem comprometer a sustentabilidade. Um dos pontos centrais do protocolo é a idade de abate: os animais devem ser finalizados até os 30 meses, proporcionando 10 meses a menos de emissões dos animais. Entre as práticas exigidas estão integração lavoura-pecuária, recuperação de pastagens degradadas e manejo adequado do solo e da água. Todas as ações são monitoradas por indicadores que comprovam a redução real das emissões. Os produtores que cumprirem os requisitos podem receber o selo Carne Baixo Carbono, emitido pela Embrapa. Para obter a certificação, é necessário atender a pelo menos 20 critérios mínimos descritos no protocolo, incluindo manejo correto da altura de pastejo para cada capim, cuidado com o solo e suplementação adequada dos animais. Ao longo dos anos, o produtor pode adotar novos critérios, chegando a um total de até 67 indicadores de sustentabilidade. O objetivo é que, em um período de seis a oito anos, o sistema produtivo alcance menor emissão de gases de efeito estufa e maior acúmulo de carbono no solo, tornando a pecuária mais resiliente e competitiva no cenário global.

assinatura de dez novas portarias declaratórias de demarcação de terras
indígenas pelo Ministério da Justiça – Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
Governo anuncia demarcação de 10 territórios indígenas
Após um protesto na entrada principal da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), o governo federal anunciou que irá avançar na demarcação das Terras Indígenas (TIs). A ministra dos Povos Indígenas Sônia Guajajara, anunciou a assinatura de dez novas portarias declaratórias de demarcação de terras indígenas pelo Ministério da Justiça nos próximos dias. São elas: TI Vista Alegre (AM – Mura); TI Tupinambá de Olivença (BA – Tupinambá); TI Comexatibá (BA – Pataxó); TI Ypoí Triunfo (MS – Guarani); TI Sawré Ba’pim (PA – Munduruku); TI Pankará da Serra do Arapuá (PE – Pankara); TI Sambaqui (PR – Guarani); TI Ka’aguy Hovy (SP – Guarani); TI Pakurity (SP – Guarani); TI Ka’aguy Mirim (SP – Guarani). Trata-se da regularização e proteção de 63 milhões de hectares de terras indígenas e quilombolas até 2030. Segundo a ministra, desse total, 4 milhões de hectares são em territórios quilombolas e os outros 59 milhões são territórios distribuídos em dez territórios indígenas com processos na câmara de destinação de áreas pública que serão incorporados pelo Plano Integrado de Implementação da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI). Além disso o governo federal se comprometeu a analisar os impactos de grandes projetos de infraestrutura na bacia do Tapajós. O principal alvo da manifestação é o Decreto nº 12.600/2025, que instituiu o Plano Nacional de Hidrovias e incluiu os rios Tapajós, Madeira e Tocantins como eixos prioritários para navegação de cargas. Para os indígenas, o decreto “abre a porteira” para novas dragagens, derrocamento de pedrais sagrados e expansão acelerada de portos privados ao longo da bacia. Seis terras indígenas, onde vivem aproximadamente 2,6 mil pessoas, incluindo os povos isolados Pu’rô, Isolados do Iriri Novo e Mengra Mrari, serão impactadas pelo traçado da ferrovia Ferrogrão, que ligará os municípios de Sinop (MT) e Itaituba (PA). Os indígenas denunciam que os projetos previstos para a região não cumpriram com a consulta prévia, livre e informada, como está previsto na Convenção 169 da OIT.
Conab lança projeto para ampliar mecanização no campo
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apresentou o projeto Conab Raiz, iniciativa que busca reduzir entraves históricos da agricultura familiar e ampliar o acesso a máquinas e equipamentos no campo. A empresa destacou a entrega de 220 kits de mecanização destinados a núcleos e cooperativas de agricultores familiares parceiros da Conab em todas as regiões do país. A adoção de máquinas nas lavouras pode aumentar a produtividade em até 30%, favorecendo a renda e a permanência das famílias no campo. A mecanização gera um ciclo virtuoso no campo. A maioria dos agricultores do Nordeste não tem acesso a máquinas e a ampliação do uso de tecnologia deve ser acompanhada por capacitação adequada. Os kits distribuídos incluem tratoritos, plantadeiras, colheitadeiras de arroz, roçadeiras, carretas e outros implementos que devem apoiar o processo produtivo desde o preparo do solo até a colheita. Por se tratar de maquinário de origem chinesa, a Conab também contará com assistência técnica específica para orientar os agricultores no uso adequado dos equipamentos. Entre os resultados esperados pelo Conab Raiz estão a expansão das áreas mecanizadas com práticas sustentáveis, aumento da produção e da produtividade, maior agregação de valor aos alimentos e ampliação do acesso dos agricultores a programas oficiais. A iniciativa também prevê impactos sociais, como a redução da insegurança alimentar e o estímulo à participação de mulheres, extrativistas e comunidades quilombolas no sistema produtivo.
Mahindra lança pedra fundamental de nova fábrica
Completando nove anos de operações no Brasil, a Mahindra deu um novo passo na estratégia de expansão no país com o lançamento da pedra fundamental de sua nova fábrica em Dois Irmãos, RS. A nova planta, construída numa área de 83 mil m2, vai elevar a empresa a um novo patamar de produção no mercado brasileiro, triplicando a capacidade produtiva, passando de 3 mil para 9 mil tratores por ano. Atualmente, o terreno em Dois Irmãos está em fase de terraplenagem. As obras civis da unidade começam efetivamente em janeiro de 2026, com previsão de início das operações em abril de 2027. A nova planta permitirá não só a ampliação da produção, mas diversificar o portfólio de tratores produzidos localmente. Hoje, a fábrica atual opera com seis modelos na linha principal de montagem. Com o novo layout industrial, a empresa prevê ampliar o número de modelos montados no Brasil. A futura linha de montagem foi concebida em formato modular, capaz de trabalhar com um mix que vai de 25 cv a 80 cv, permitindo oferecer todo o portfólio da Mahindra para o Brasil. A nova planta marca um acréscimo importante na expansão global da Mahindra e o investimento em Dois Irmãos será um hub principal para atender não apenas o Brasil, mas também a América Latina.

Javali no meio rural terá estudo pioneiro para controle
Pela primeira vez, as complexidades que permeiam o problema causado pelos javalis europeus (Sus scrofa) ao setor agropecuário brasileiro serão devidamente identificadas. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou a realização de uma pesquisa sobre a presença do javali em nível nacional. Mesmo sendo um problema antigo, a ameaça que o javali representa ao agronegócio se baseia em “achismos”. Esse levantamento é fundamental para um diagnóstico fiel sobre os impactos do javali no meio rural. Até o momento, não se tem informações precisas de onde, quanto, e como esse desafio está afetando o país e isso é grave. O javali tem a caça liberada para o controle populacional no Brasil pelo fato de ser um animal exótico, não ter predador e se reproduzir de forma descontroladamente. A autorização, concedida pelo Ibama em 2013, é uma alternativa que o país encontrou para diminuir os danos causados por essa espécie. O animal é responsável pela destruição de lavouras, transmissão de doenças, danos à vegetação nativa e predação de animais endêmicos. A pesquisa será realizada a partir de quatro questionários digitais, que serão destinados a perfis diferentes de profissionais envolvidos nessa cadeia. Esses questionários vão trabalhar no âmbito de pesquisa e não de fiscalização com objetivo a partir da correlação das informações obtidas, poder criar políticas públicas eficientes. A ideia é atingir o máximo de entrevistados para permitir um panorama o mais compatível possível com a realidade. Esta semana, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou, em caráter definitivo, o Projeto de Lei 1.858/23, que autoriza o controle populacional, o manejo sustentável e a caça do javali-europeu no estado. A decisão atende a uma demanda antiga de agricultores e órgãos ambientais. Com a nova legislação, Minas passa a ter uma política específica para conter o avanço desse suídeo exótico. A espécie é listada pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) como uma das 100 piores espécies exóticas invasoras do planeta. A aprovação do projeto reconhece oficialmente o javali como “praga” em Minas Gerais, o que abre caminho para políticas públicas mais rígidas e integradas. A nova lei estabelece regras claras para permitir a caça de javalis – manejo – e evitar abusos, garantindo que a atividade não seja confundida com caça predatória ou maus-tratos. O texto deixa claro que a prática não pode ter fins de troféu, evitando distorções típicas da caça esportiva indiscriminada.
Brasil anuncia R$ 107 milhões para cooperativas extrativistas na Amazônia
O Brasil apresentou, na COP30, um novo programa para fortalecer cooperativas extrativistas na Amazônia. A iniciativa, chamada Coopera+ Amazônia, reúne ações de apoio à gestão, tecnologia e ampliação de mercado. O plano prevê investimentos de R$ 107 milhões para atender cooperativas que trabalham com babaçu, açaí, castanha e cupuaçu em cinco estados da região. A proposta tem duração de 48 meses e busca ampliar renda e aprimorar processos produtivos. Cerca de 3,5 mil famílias devem ser atendidas na primeira etapa. A iniciativa é coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente e envolve BNDES, MDIC, Embrapa e Sebrae. Do total anunciado, R$ 103 milhões virão do Fundo Amazônia, administrado pelo BNDES. Outros R$ 3,7 milhões serão aportados pelo Sebrae. O programa pretende estimular inovação, melhorar a inserção das cooperativas no mercado e ampliar a adoção de tecnologias nas cadeias da sociobiodiversidade. Entre as ações previstas estão consultorias, capacitações, assistência técnica e aquisição de máquinas para reduzir a penosidade do trabalho extrativista.
Santa Catarina estrutura programa de crédito para cooperativas
O governo de Santa Catarina enviou para Assembleia Legislativa (Alesc) o programa Coopera Agro SC, que tem como objetivo impulsionar o desenvolvimento do agronegócio catarinense por meio da ampliação do acesso ao crédito e do fortalecimento das cooperativas e agroindústrias do estado. O programa prevê a criação de até 10 linhas de crédito, totalizando R$ 1 bilhão, sendo R$ 200 milhões aportados pelo estado e R$ 800 milhões pelo setor privado. A iniciativa oferecerá linhas de crédito com condições diferenciadas, voltadas aos agricultores vinculados a cooperativas e integradoras. Os financiamentos terão taxa de juros reduzida, próxima a 9% ao ano, com prazo total de 10 anos, incluindo dois anos de carência. A contratação dos recursos será viabilizada em parceria entre o Governo do Estado e o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), por meio da aquisição de Letras Financeiras com prazo de 10 anos. Como estímulo adicional à participação das cooperativas e agroindústrias, o governo poderá liberar créditos acumulados de ICMS, limitados a até 50% do valor investido. O programa tem potencial para gerar R$ 26 bilhões em impacto econômico, 40 mil empregos diretos e indiretos e alcançar mais de 120 mil produtores rurais em todas as regiões do estado.

Câmara aumenta penas de prisão para quem maltratar cavalos
A Câmara dos Deputados decidiu pelo aumento das penas de prisão para quem maltratar cavalos e animais silvestres. Atualmente, a Lei de Crimes Ambientais prevê punição de três meses a um ano de cadeia. O projeto de lei (PL) aprovado no plenário aumenta a pena mínima para dois anos e a máxima para cinco anos, mantendo a previsão de cobrança de multa e impedindo que o autor do crime continue com a guarda do animal. Inicialmente, a proposta engavetada na Câmara há mais de vinte anos incluía apenas o aumento de pena para os crimes contra animais silvestres. A relatoria incluiu os cavalos e outros equídeos, os burros, por exemplo, no projeto de lei. Um dos motivos foi um crime recente contra um cavalo em Bananal, no interior de São Paulo, cujo dono do animal cortou as quatro patas do animal após uma cavalgada. Tudo foi filmado e publicado na internet. O cavalo morreu. O projeto também aumenta as penas por crimes cometidos contra espécies raras ou com modificação física do animal. As mudanças previstas ainda dependem de votação no Senado Federal, e, só depois de aprovadas pelos senadores, é que elas vão à sanção do presidente Lula.
Acordo assinado com agência do Japão prevê recuperação de pastagens
O Ministério da Agricultura, a Embrapa e a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) assinaram durante a COP30 um acordo de cooperação para recuperar pastagens degradadas no cerrado. As ações da parceria, que incluirão o uso de imagens de satélite da agência espacial japonesa Jaxa, integrarão o programa Caminho Verde, do governo federal, voltado à conversão de áreas degradadas em terras produtivas em todo o país. Cerca de um quarto dos 200 milhões de hectares de cerrado brasileiro, ou 51 milhões de hectares, correspondem a pastagens, dos quais 13,6 milhões estão em algum estágio de degradação mas ainda têm potencial para produção agropecuária. Quase 60% deles, ou 7,7 milhões de hectares, estão em estágio de degradação moderada, enquanto outros 5,9 milhões de hectares estão mais severamente degradados. A parceria com a Jica envolverá análises de dados de satélite, de solo e clima de áreas degradadas do cerrado, tendo em vista as especificidades de diferentes áreas do bioma, que servirão de base para ações de planejamento e recuperação. O projeto também prevê, entre outras medidas, análises de alterações climáticas com potencial para influenciar a recuperação e a conversão das pastagens.
Brasil terá critério e incentivo de sustentabilidade para compras públicas
O governo federal já não se baseia no critério de menor preço como único aspecto observado pelas licitações para a compra de bens e serviços. Itens nacionais e inovação têm hoje incentivos de preços, e questões de gênero são usadas como critério de desempate. Essa lista vai ganhar um novo critério: sustentabilidade. O Brasil vai lançar em dezembro a Estratégia Nacional de Contratações Públicas Sustentáveis, por meio de um decreto presidencial. O objetivo é alinhar as compras governamentais às políticas de reindustrialização, transição ecológica e desenvolvimento inclusivo. O mecanismo será observado nas compras do governo federal, mas poderá ser usada também por estados e municípios. No Brasil, as compras públicas respondem por 15% do Produto Interno Bruto (PIB), se consideradas as três esferas. O objetivo é fortalecer a visão de usar o poder de compra do estado como indutor de sustentabilidade. Ao ter critérios de sustentabilidade, o país tem o potencial de acelerar a transição climática e induzir essas práticas no setor privado. A estratégia está alinhada à taxonomia brasileira sustentável, lançada no início do mês. A adoção da estratégia não será obrigatória nas licitações, mas o governo articula para que ela tenha um incentivo de preço. A ideia é que seja aplicada uma “margem de preferência”, mecanismo usado para favorecer determinados produtos ou fornecedores em licitações.

O governo ampliou as demarcações de terras indígenas, mas a Terra
Yanomami segue marcada por fome, doenças e garimpo ilegal
Caso Yanomami desmonta novas demarcações
Publicamos um resumo das considerações do analista Miguel Daoud no Canal Rural sobre a questão dos yanomamis e a política de demarcação de terras indígenas do governo. Para ele, o discurso do governo em relação ao reconhecimento de novas Terras Indígenas e a declaração de outras dez, como símbolo de compromisso ambiental e respeito aos povos originários, parece um avanço. Mas na prática, ignora o ponto fundamental: não é falta de terra que ameaça a vida indígena, é falta de estado. E o caso Yanomami revela isso com muita clareza. A Terra Indígena Yanomami é a maior do Brasil, localizada no extremo norte da Amazônia, entre Roraima e Amazonas, estendendo-se também para território venezuelano. A área brasileira possui aproximadamente 9,6 milhões de hectares, foi homologada em 1992 e abrange toda a fronteira noroeste do país com a Venezuela. É um dos territórios mais importantes para a biodiversidade amazônica e para a sobrevivência cultural de centenas de aldeias. E ele destaca: se território fosse sinônimo de proteção, os Yanomami viveriam em segurança e dignidade. Mas a realidade é o oposto. Mesmo dentro desse território colossal, os Yanomami enfrentam crianças morrendo de fome e desnutrição, epidemias de malária, pneumonia e doenças evitáveis, aldeias sem médicos ou equipes fixas de saúde, avanço contínuo do garimpo ilegal, circulação ativa de facções e narcotráfico, casos de exploração sexual, violência e desaparecimentos, além de destruição acelerada da floresta contaminada por mercúrio. É a maior prova de que terra sem estado vira terra do crime, não terra de proteção. Territórios enormes e isolados, sem saúde, educação, fiscalização e segurança, tornam-se mais vulneráveis ao garimpo e ao crime organizado. Demarcação sem presença estatal não protege a cultura, não salva vidas e não garante cidadania. Não são hectares que salvam indígenas, são direitos, como saúde contínua, educação bilíngue, proteção policial, fiscalização firme, infraestrutura mínima, respeito às tradições e liberdade para viver sem medo. Enquanto o governo oferecer mapas no lugar de políticas públicas, continuará produzindo Terras Indígenas no papel e tragédias indígenas na vida real. A terra não salva ninguém, o estado salva.
Governo e ONGs garantem US$ 120 mi para UCs com povos tradicionais na Amazônia
Lançado há 23 anos na África do Sul, uma década após a Rio92, o Programa de Áreas Protegidas da Região Amazônica (Arpa) terá mais US$ 120 milhões para reforçar comunidades em reservas extrativistas e outras unidades de conservação de uso sustentável na Amazônia. Essas regiões protegidas fornecerão recursos essenciais para as comunidades, permitindo que elas alcancem vidas prósperas de uma maneira que sustente tanto suas famílias quanto o meio ambiente. Os recursos, equivalentes hoje a quase R$ 640 milhões, serão desembolsados ao longo de 15 anos para incidir numa área similar à do Reino Unido, ou 23,6 milhões de hectares. Além disso, estão previstas a criação e a ampliação de reservas ambientais, somando mais três milhões de ha. Nas 60 UCs que receberão os investimentos, através de contratos de órgãos governamentais com o Fundo Brasileiro da Biodiversidade (Funbio), o gestor e executor recursos do Arpa, há estimadas 130 mil pessoas, entre extrativistas, pequenos produtores e outras populações tradicionais.
Alemanha dará 1 bilhão de euros para o Fundo Florestas Tropicais para Sempre
Após o chanceler alemão Friedrich Merz fazer uma declaração desastrosa sobre Belém e completar o desastre afirmando que não se desculparia pelo disparate, o governo da Alemanha confirmou aporte de 1 bilhão de euros para Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), o instrumento financeiro lançado pelo Brasil para captar recursos que remunere a manutenção das florestas de pé. Com isso, o valor total já prometido ao TFFF ultrapassar os US$ 6,5 bilhões. O fundo vai combinar investimento público e privado e prevê que os recursos sejam repassados a países com florestas tropicais, para que trabalhem pela preservação dessas áreas. A proposta é que sejam captados US$ 25 bilhões de recursos púbicos por parte dos países investidores. Assim, espera-se que o aporte seja um atrativo para alavancar o capital da iniciativa privada e, com isso, reunir US$ 125 bilhões a serem investidos na conservação das florestas tropicais.