Livro sobre a castanheira reúne quase duas décadas de pesquisas

Durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), a Embrapa lançou o livro “Castanheira: uma gigante amazônica”, que reúne o conhecimento de quase duas décadas de pesquisa e traduz em linguagem acessível como a ciência pode ser a base para soluções sustentáveis e inclusivas para mudanças climáticas, conservação ambiental e bioeconomia. A obra conta com a participação de pesquisadores da Embrapa e da Universidade Federal de Roraima (UFRR), e foi financiada com recursos do CNPq por meio do Programa de Pesquisa Ecológica de Longa Duração – PELD (sítio FORR – Florestas de Roraima), da Embrapa através dos projetos Kamukaia e EcogenCast e da Finep através do projeto NewCast. Em breve, o´título contará com as versões em inglês e na língua indígena WaiWai.

Desenvolvida para ser um material didático, a publicação será distribuída em escolas e comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas e de agricultores familiares da região sul do estado de Roraima. Utilizando uma narrativa objetiva e ilustrada, o texto estabelece um diálogo com crianças e jovens, traçando o percurso da castanha desde a floresta até a mesa dos consumidores e ressaltando a importância ecológica da castanheira e sua conservação. Também fornece aos extrativistas informações práticas e aplicáveis, que auxiliam diretamente em suas atividades. É um convite ao conhecimento que fortalece a conexão entre ciência, floresta e comunidade, buscando ampliar o diálogo entre conhecimento científico e práticas sustentáveis, inspirando novas gerações e valorizando a biodiversidade.

O livro também aborda os desafios que ameaçam a castanheira: desmatamento, garimpo ilegal, grilagem e o próprio aquecimento global, que afeta sua produção de frutos. Ao divulgar este conhecimento com foco em educação ambiental, a Embrapa contribui para transformar conhecimento científico em ferramenta de conservação, demonstrando que o futuro do clima depende do respeito ao meio ambiente e do conhecimento sobre a biodiversidade tropical.

A castanheira (Bertholletia excelsa)
A castanheira (Bertholletia excelsa)

A castanheira-da-amazônia

Milhares de famílias extrativistas trabalham com a coleta e venda das castanhas na região Amazônica, e esse é um ofício que passa de geração em geração e extrapola as fronteiras nacionais, indo até a Bolívia e o Peru. A castanheira (Bertholletia excelsa) é a segunda espécie de maior importância social e econômica na região da Amazônia, só perde para o açaí. Essas árvores estocam grande quantidade de carbono, sendo estratégicas para a regulação do clima. Uma única castanheira adulta pode armazenar até 67 toneladas de carbono. Além disso, a castanheira é uma das maiores árvores da Amazônia, por essa razão conhecida como “gigante”, capaz de atingir mais de 50 m de altura e viver por cerca de 500 anos.

Outro ponto de destaque é que a castanheira tem seu valor intrinsecamente ligado ao papel central das mulheres extrativistas e cientistas na conservação e no manejo sustentável, um tema que dialoga diretamente com o protagonismo feminino na agenda de justiça climática global.

Fortalecimento da cadeia produtiva da castanha-da-amazônia

O Projeto NewCast tem foco no fortalecimento da cadeia produtiva da castanha-da-amazônia, contribuindo para o desenvolvimento sustentável da região e promovendo a sociobiodiversidade inclusiva. O objetivo é contribuir para superar os desafios na produção, melhorar a qualidade do produto, expandir a base produtiva, valorizar a castanha no mercado e fortalecer as comunidades extrativistas.

Participam do Projeto NewCast sete Unidades da Embrapa na Amazônia (Acre, Amapá, Roraima, Rondônia, Amazônia Ocidental, Agrosilvipastoril e Amazônia Oriental) e três no Sudeste (Pecuária Sudeste, Instrumentação e Meio Ambiente). Como comunidades parceiras e beneficiárias diretas, participam associações representativas de duas Reservas Extrativistas (Resex) em nível federal: Rio Cajari (Amapá) e Baixo Rio Branco-Jauaperi (Roraima/Amazonas); e duas Terras Indígenas: Rio Branco (Rondônia) e WaiWái (Roraima). O livro ilustrado integra as ações de divulgação científica do projeto. O projeto NewCast iniciou em 2024 e terá duração de três anos. Conta com financiamento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

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