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Eucalipto tolerante à geada gera bons resultados no sul do Brasil

Eucalyptus benthamii no trabalho da Embrapa Florestas

A adoção do Eucalyptus benthamii, espécie de eucalipto tolerante a geadas severas, resultou em impactos econômicos expressivos no Sul do Brasil, na ordem de R$ 6 milhões, em especial pelo fator incremento de produtividade e também pela área de adoção. O estudo foi realizado em 2024 pela Embrapa Florestas, e mostra que a área plantada com a espécie alcançou 15.600 hectares, envolvendo empresas, pequenos e médios produtores rurais nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

A produtividade da espécie é um dos principais fatores de impacto: enquanto outras espécies de eucalipto rendem cerca de 30 a 35,3 metros cúbicos de madeira por hectare ao ano, o E. benthamii atinge 43 m³/ha/ano. Este desempenho representa um ganho de produtividade de cerca de 30% em relação às demais espécies usadas em regiões frias.

A tecnologia beneficia empresas florestais e cooperativas agrícolas que utilizam a biomassa para geração de energia para secagem de grãos e produtores rurais de diferentes portes, servindo como alternativa de diversificação de renda e agregação de valor, inclusive em sistemas de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).

Talhão de Eucalyptus benthamii
Talhão de Eucalyptus benthamii
Casca, frutos e frutos maduros
Casca, frutos e frutos maduros
Sementes, flores e folhas de planta adulta
Sementes, flores e folhas de planta adulta

Ambientalmente, o cultivo contribui para reduzir a pressão sobre florestas nativas, sequestrar carbono e pode ser usado na recuperação de áreas degradadas. A avaliação também registrou impactos positivos na manutenção de empregos, além de fortalecer a rede de pesquisa e transferência de tecnologia.

O estudo ressalta que, apesar das vantagens, a madeira ainda é predominantemente usada para energia, havendo potencial para desenvolvimento de usos múltiplos, como serraria. A adoção da tecnologia, iniciada em 1999, representa uma alternativa viável para a produção florestal sustentável em regiões frias do Brasil.

Atualmente o E. benthammii é o material genético de eucalipto com maior tolerância às geadas, sendo uma alternativa para produção de madeira em regiões com clima frio. Além do material genético, é importante destacar que a qualidade das mudas e os fatores associados ao planejamento e ao manejo florestal são essenciais para garantir a produtividade de madeira. Em plantios florestais puros ou em sistemas integrados de produção, como o sistema ILPF, o E. benthammii pode ser uma excelente alternativa para os produtores.

A espécie E. benthamii é uma árvore de tamanho médio a alto nativa do distrito de Camden, a noroeste, em direção às Montanhas Azuis no curso do rio Nepean a oeste de Sydney, na Austrália, região em que está sujeita ao desaparecimento.

Algumas características da espécie:

  • Elevada tolerância a geadas fortes e resistente a geadas de baixa e média intensidade;
  • Suporta temperaturas negativas;
  • As mudas e as plantas jovens possuem folhas sésseis, opostas, elípticas depois ovaladas, com coloração verde azulada;
  • Plantas adultas apresentam folhas pecioladas alternadas e lanceoladas;
  • Em plantas jovens o caule possui coloração verde-azulada, se tornando parda na base;
  • Plantas adultas apresentam casca rugosa, mas grosseira na base;
  • A inflorescência é axilar, com 4 a 7 flores, pedúnculos com 0,5 cm de comprimento e pedicelos com 0,25 cm;
  • O botão floral é ovado a clavado e o fruto é hemisférico e campanulado;
  • Pode atingir até 36 m de altura;
  • A madeira apresenta cerne e alburno distintos, a coloração do cerne é marrom avermelhada e o alburno amarelo rosado, com dureza moderada, textura fina a média, com densidade básica de 470 kg/m3;
Mudas e talhão
Mudas e talhão
  • Os usos potenciais desta espécie são lenha, carvão e celulose;
  • A madeira e o carvão possuem características adequadas para serem usados como biomassa para produção de energia com potencial para ser utilizados em alto-forno da indústria siderúrgica;
  • Na Austrália, o florescimento ocorre entre os meses de março a maio, mas pode ocorrer variação quanto a época e a intensidade. No entanto, os botões florais podem ser encontrados durante o ano todo e a coleta dos frutos maduros ocorre entre os meses de junho a dezembro. A frutificação ocorre em plantas jovens com cerca de 5 m de altura e idade entre 6 e 10 anos.

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