
O documento inédito revela a importância do patrimônio marinho-costeiro para o país, através da união de pesquisa científica e do conhecimento tradicional
O Brasil é conhecido mundialmente por suas vastas e ricas florestas tropicais, especialmente a amazônia. Mas o que o mundo e os próprios brasileiros desconhecem é o potencial da nossa outra amazônia, a azul. Com uma área de 5,7 milhões de km² ou dois terços do território continental do país, a “Amazônia Azul” abriga uma alta biodiversidade presente em uma grande variedade de ecossistemas, prestando serviços fundamentais para a prosperidade, a soberania e o bem-estar do povo brasileiro. Contudo, é também um patrimônio em risco.
Escrito por 53 especialistas acadêmicos e governamentais, 12 jovens pesquisadores e 26 representantes de povos indígenas e populações tradicionais, em diálogo com atores do poder público e da sociedade civil, o 1º Diagnóstico Brasileiro Marinho-Costeiro sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos foi elaborado pela Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES) em parceria com a Cátedra Unesco para a Sustentabilidade do Oceano, tendo como objetivo “tirar o Oceano da invisibilidade” e colocá-lo no centro da agenda da sustentabilidade do país, abordando seu histórico e estado atual, vetores de transformação, cenários e oportunidades para conservar e restaurar sua biodiversidade e seus serviços ecossistêmicos.



Imagem: Marinha do Brasil/Agência Marinha de Notícias
É o primeiro esforço nacional que compila o estado da arte sobre a temática no país, buscando sintetizar o que já sabe e o que ainda falta conhecer para se tomar as melhores decisões acerca da temática de biodiversidade, serviços ecossistêmicos e bem-estar humano tanto na esfera pública quanto privada. Uma das principais mensagens do estudo é que “a prosperidade e a soberania do país e o bem-estar do povo brasileiro dependem direta e indiretamente do oceano e dos benefícios que ele provê”. Dentre estes benefícios estão a segurança alimentar, hídrica e energética, recursos minerais e biotecnológicos, proteção da linha de costa e regulação climática por meio da produção de parte do oxigênio que respiramos, atenuação do efeito estufa e controle do regime de chuvas que sustenta a produção agrícola nacional.
O diagnóstico tomou como base não apenas conhecimentos científicos, mas também outras formas de conhecimento, como tradicionais, indígenas e quilombolas, o que lhe confere uma abordagem inovadora única e mais completa para se tratar adequadamente este tópico no contexto brasileiro. O estudo enaltece a complementaridade dos diferentes saberes e salienta que um oceano sustentável depende da aplicação dos sistemas de conhecimento científico e tradicionais. Em meio à crise ambiental mundial percebe-se que a civilização está errando em vários aspectos. Perdeu-se o contato com o mundo natural e é preciso reaprender o respeito à natureza com aqueles que ainda detêm essa sabedoria em sua cultura e em suas práticas. Povos indígenas e comunidades tradicionais são direta e imediatamente afetados por impactos de degradação ambiental e por isso fazem parte da solução.

Foto: Simone Marinho/Marinha do Brasil


O documento complementa o “Sumário para Tomadores de Decisão” (STD), lançado em novembro de 2023. A publicação contou com o suporte de uma emenda parlamentar do então deputado federal Rodrigo Agostinho e o apoio da Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (SECIRM), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e do Instituto Serrapilheira e do Programa Biota/Fapesp. Seu conteúdo é embasado em avaliações de informações disponíveis na literatura científica, em relatórios técnicos e em conhecimentos indígenas e tradicionais. O documento completo do Diagnóstico é composto pelo STD, uma introdução e seis capítulos, sendo o último produzido em um processo inovador a partir da síntese de saberes de povos tradicionais. O lançamento é hoje, 8 de maio, às 14:00, em transmissão online pelo canal do YouTube da Cátedra UNESCO para Sustentabilidade do Oceano.
Faça o download do Sumário para Tomadores de Decisão CLICANDO AQUI.