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Como gerir uma pecuária orgânica

Ilustração sobre pecuária orgânica

Uma variante da agricultura orgânica, a pecuária orgânica também tem como características a exclusão de aditivos perigosos para a criação de aves e gado (bovinos; bubalinos; caprinos; ovinos; suínos), como medicamentos sintéticos, medicamentos e hormônios para estimular o crescimento, antibióticos, forragens não orgânicas, organismos geneticamente modificados, clones, etc. As práticas agrícolas devem proporcionar condições adequadas para a criação e pastoreio e criar um ambiente adequado para assegurar o comportamento natural do gado.

A Pecuária Orgânica Certificada introduz novos valores de sustentabilidade ambiental e social dentro do sistema produtivo, no qual a propriedade rural é vista como um organismo equilibrado em todas as suas funções. Esse sistema passa por auditoria e certificação, garantindo que a carne é produzida da maneira mais natural possível, isenta de resíduos químicos e com preocupação socioambiental.

A produção de derivados animais orgânicos envolve critérios de qualidade destinados a incentivar a conservação ambiental, a saúde humana, os direitos dos trabalhadores, bem-estar animal e a lucratividade, garantindo a sustentabilidade da atividade. Tem como objetivo uma produção que mantenha o equilíbrio ecológico englobando os componentes produtivos, ambiental e social, a partir de normas estabelecidas pelas instituições certificadoras. Para a certificação orgânica é necessário montar o PMO (Plano de Manejo Orgânico) o qual irá detalhar todos os itens para produção da pecuária orgânica.

Bovinos em área de pastagem sombreada

Na criação ou produção de derivados, tudo é rastreado desde seu nascimento até o abate e o processamento, com registro de peso, alimentação, vacinas, métodos de produção dentre outras informações. A alimentação dos animais é observada com especial atenção. Além da pastagem, outros ingredientes compõem o cardápio como suplementação alimentar com grãos e rações isentas de organismos transgênicos. Esses alimentos têm procedência garantida ou são produzidos pelos próprios pecuaristas de acordo com as normas da certificação.

Outra preocupação é quanto ao bem-estar dos animais. As propriedades trabalham com sombreamento das pastagens, currais circulares para que o gado não se machuque e reduza o estresse além de evitar acidentes de manejo com o pessoal envolvido, animais livres no ambiente abolindo-se o confinamento, dentre outras práticas.

Uma das prioridades das certificadoras é garantir a segurança alimentar. Por isso, é exigido o monitorado um programa de manejo sanitário da criação como também o acompanhamento das estruturas e métodos de beneficiamento. Em caso de alguma enfermidade, o animal orgânico é tratado com produtos fitoterápicos e homeopáticos.

Galinhas criadas no sistema orgânico

O que é importante na pecuária orgânica

Tendo em vista que a pecuária orgânica é uma alternativa de desenvolvimento sustentável, deve-se dar atenção a alguns procedimentos que listamos a seguir:

O manejo sanitário preventivo com vacinas obrigatórias é permitido no sistema de produção orgânico

O que não é permitido na pecuária orgânica

Transferência de Embrião (TE) e Fertilização In Vitro (FIV) e uso de hormônios para indução de cio são proibidas

Regulamentação

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento publicou novo Regulamento Técnico para os Sistemas Orgânicos de Produção e as listas de substâncias e práticas para o uso nos Sistemas Orgânicos de Produção. O título III da Portaria nº 52, de 15 de março e 2021 é todo voltado para os Sistemas Orgânicos de Produção Animal, área que requer supervisão profissional de médicos-veterinários e zootecnistas.

A regulamentação da produção e a comercialização dos produtos orgânicos no Brasil foram aprovadas pelo Mapa por meio da Lei nº 10.831, de 23/12/2003 e regulamentada pelo Decreto nº 6.323, de 27/12/2007. Desde então, a legislação vem sendo complementada por outros normativos, com o detalhamento de diversas outras áreas do setor. Está previsto que essas normas sejam revisadas e aprimoradas periodicamente, inclusive com inclusão de substâncias permitidas que vão sendo agregadas.

Entre as resoluções, destaca-se que a conversão para produção orgânica, tanto da área agrícola como de produção animal passou a ser simultânea. Além disso, atualizou-se os princípios de bem-estar animal. Aumentou a idade de entrada das aves e a densidade. O detalhe é que ruminantes e suínos em rotação passaram a ser considerados para a área total no cálculo da densidade. Permitiu apara do bico, e os bebedouros e comedouros de aves poderão ficar fora do galpão, desde que com proteção ao acesso de animais silvestres.

Suínos em sistema orgânico

A norma aceitou a inclusão de frutíferas nas áreas de pastoreio e cria a obrigatoriedade de o bezerro ficar ao menos sete dias com a mãe, além do aleitamento até 90 dias. Ainda instituiu a obrigatoriedade da imunocastração ou analgésico ou anestésico para a castração.

É fundamental a capacitação de todos e a compreensão de que os impactos da pecuária, bem como da sua sobrevivência, dependem do sistema de criação empregado. Animais criados em sistemas sustentáveis deixam de ser parte do problema e passam a ser parte da solução.

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