Reconhecimento na modalidade Denominação de Origem envolve seis municípios do noroeste paranaense, sendo a sexta IG concedida ao estado neste ano
O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) concedeu o selo de Indicação Geográfica (IG), na categoria Denominação de Origem (DO), ao Café de Mandaguari, que combina fatores naturais com o saber-fazer dos produtores, resultando em um produto com identidade única. Os produtores que cultivam o grão no noroeste do Paraná, comemoram uma conquista que eleva o patamar do produto e o torna mais competitivo. A IG é conferida a produtos característicos do seu local de origem, o que lhes atribui reputação, valor intrínseco e identidade própria, além de os distinguir em relação a outros. Segundo o INPI, o reconhecimento foi concedido pois a região reúne fatores naturais com relevo, altitude, clima, solo fértil e fatores humanos, como tradição, sucessão familiar, técnicas de cultivo específicas, colheita seletiva e processamento cuidadoso, que, juntos, criam características únicas ao produto.
O produto é a 137ª IG nacional e a 20ª do estado e com a IG conquistada, os produtores que compõem a Associação dos Produtores de Café de Mandaguari (Cafeman) esperam negociar as sacas de café por valores mais elevados e abrir possibilidades de exportação. Nos seis municípios da região de Mandaguari (Mandaguari, Marialva, Jandaia do Sul, Apucarana, Cambira e Arapongas), que representam cerca de 200 propriedades, são cerca de 3.100 hectares de área plantada, sendo que a produção anual média gira em torno de 5.400 toneladas e movimenta R$ 99,75 milhões, entre as principais variedades estão a Icatu Vermelho, Catuaí Vermelho, Mundo Novo, IPR 106 e IPR 107. A Denominação de Origem (DO) Mandaguari é o 19º café brasileiro reconhecido como IG.
Em Mandaguari, o café faz parte da identidade local, da história. Mesmo após a geada de 1975, que devastou lavouras paranaenses, continuou a ser cultivado e tornou o município referência na produção de café de qualidade no Estado. A cidade é considerada a Capital do Café do Norte Central do Paraná, sendo o café reconhecido como bebida típica. Com 36,7 mil habitantes, o município também investe no turismo rural, com destaque para a Rota do Café, que permite aos visitantes acompanhar de perto todas as etapas da produção. Na região, a qualidade dos grãos se destaca pela consistência densa e sabor frutado, com notas de chocolate e caramelo, além de uma acidez típica equilibrada.
representando cerca de 200 propriedades – Foto: Cafeman
A região possui terra roxa, resultado da decomposição de rochas basálticas, ricas em nutrientes, como o ferro. É atravessada pelo Trópico de Capricórnio, que proporciona equilíbrio térmico, com noites frias e dias quentes e tem, em sua maioria, produções familiares. Bactérias encontradas nas lavouras locais não consomem o açúcar dos grãos, mantendo o dulçor da bebida, o que é um diferencial em relação a cafés de outras regiões do Brasil. Além disso, as bactérias não alteram outras características sensoriais, mantendo a especificidade de cada variedade.
O trabalho para a busca da IG começou em fevereiro de 2022, quando o Sebrae/PR deu início à sensibilização de agentes locais e de produtores para a formação de uma nova associação para a classe. É importante ressaltar a importância dos demais parceiros envolvidos no processo: Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná/Iapar/Emater), Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab), Cafeman, Prefeitura de Mandaguari, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Meio Ambiente e Turismo, Cooperativa Agropecuária e Industrial Cocari, Sistema Faep (Federação da Agricultura do Paraná) e Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural).
1975, que devastou cafezais paranaenses e para os cafeicultores, a IG é
um caminho para resgatar a cultura do Paraná – Foto: Ari Dias/AEN
O reconhecimento fortalece especialmente os pequenos negócios no campo, gerando oportunidades e impulsionando o desenvolvimento econômico da região. Os cafeicultores beneficiados pelo reconhecimento, poderão usufruir do reconhecimento à medida que adotarem as práticas do Caderno de Especificações Técnicas. Os agricultores de Mandaguari sempre tiveram como o objetivo a valorização do café que produzem, e agora querem incentivar outros agricultores familiares a aperfeiçoarem suas técnicas para também se enquadrarem nas exigências da IG. Com o reconhecimento do Café de Mandaguari, o Paraná alcançou, só neste ano, seis Indicações Geográficas concedidas pelo INPI. Outros 10 produtos paranaenses ainda estão em processo de análise.
O selo garante que somente os cafés produzidos dentro da área geográfica delimitada e que seguem padrões de qualidade definidos, possam utilizar a denominação “Café de Mandaguari”. Isso protege a reputação do produto, agrega valor ao grão e fortalece a marca regional. Segundo o Sebrae, a certificação fortalece o ecossistema do café no Brasil e contribui para ampliar sua valorização nos mercados interno e externo.