Enfrentando alguns dos dias mais frios registrados no Rio Grande do Sul neste ano, os competidores da marcha superaram muito mais do que os 750 km do trajeto
Foram exatas 66 horas, 42 minutos e 12 segundos de muita entrega, resistência e determinação em busca do grande objetivo. Ao final, a histórica vitória de Carolina Bundt/Adrenalina da Catú. Foi ao som de buzinaços e sacudindo a boina com o braço estendido em sinal de vitória, que a ginete Carolina Bundt, de Dom Pedrito (RS), cruzou o pódio da 23ª Marcha Anual de Resistência do Cavalo Crioulo, no Parque do Sindicato Rural de Jaguarão. Montando a rosilha Adrenalina da Catú, da Cabanha do Ruta, de Aceguá (RS), (box 23), por 750 quilômetros ao longo de 15 dias, a agrônoma conquistou o primeiro lugar na categoria Égua Maior e na classificação geral. Ela completou a última etapa da prova com tempo de 1 hora e 54 minutos, consolidando o favoritismo e fechando o percurso em 66 horas, 42 minutos e 12 segundos, 18 minutos a menos do que o segundo colocado: o cavalo castrado Herdeiro da Estância Velha, da Cabanha Quebra Pedra, de Dom Pedrito (RS), montado por Humberto do Amaral (box 66).
O encerramento da competição foi no Parque do Sindicato Rural de Jaguarão, foi marcado por lágrimas, emoção, alegria e muita adrenalina. No centro das atenções a grande protagonista, Carolina Bundt. A competição deste ano entrou para a história como a maior já organizada pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), que contou com 65 conjuntos inscritos em quatro categorias.
na história do Cavalo Crioulo – Foto: Alice Rosa/Divulgação ABCCC
Com apenas 25 anos, a agrônoma e estudante de Medicina Veterinária já tem longa experiência em provas de resistência e cavalgadas. Carolina emocionou o público ao retomar a liderança na reta final, após perder momentaneamente a posição para o conjunto Juan Peirano e Pacífica Posadeña, filha do renomado Colibri Matrero. A emoção tomou conta de quem acompanhava o trajeto, tanto da beira da estrada quanto entre os mais de 1,3 mil espectadores da transmissão ao vivo no YouTube da ABCCC.
A vitória de Carolina teve um peso emocional ainda maior. A ginete dedicou a conquista ao amigo de infância Renato Kummer, vítima de um trágico acidente em maio, que abalou profundamente a comunidade do cavalo crioulo. A competição ocorreu sob temperaturas geladas, colocando à prova não só o preparo físico dos animais e ginetes, mas também a força da tradição e da confraternização entre os criadores da raça crioula. A 23ª edição da marcha também celebrou a versatilidade da raça. Três conjuntos foram agraciados com a Tríplice Coroa, distinção para animais que se destacam em provas de resistência, morfologia e Freio de Ouro.
não só o preparo físico dos animais e ginetes, mas também a força da
tradição da raça – Foto: DaRosa
Os vencedores foram:
- Gap Madalena, fêmea da Estância GAP São Pedro, montada por Gustavo Domingues
- Jaboticaba da GAP São Pedro, montada por Bolívar Balsemão
- Exuberante das Três Argolas, do Condomínio Auxílio na Reconstrução do RS, com ginete Gustavo Salis Martins
Assim como boa parte das provas esportivas do cavalo crioulo, a Marcha da Resistência, que junta com o Freio de Ouro e Morfologia formam o tripé seletivo da raça crioula, visa valorizar a rica história das campeiras das estâncias, quando os animais trabalhavam duas semanas consecutivas e percorriam, em média diária, cerca de 50 km. É a prova mais antiga da entidade, criada em 1971 e uma oportunidade dos animais concorrentes de montarem no Registro de Mérito.