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Apicultura promove boa renda e preservação ambiental

Abelhas (Apis mellifera) operárias no alvado de uma colmeia

Assim como a apicultura é importante para a geração de renda de alguns, a atividade faz parte da produção de autoconsumo para outros

A Emater/RS-Ascar, em parceria com a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), realizou um estudo nos 45 municípios pertencentes à região administrativa de Santa Rosa (RS) identificando a existência de 2.083 apicultores tradicionais de Apis mellifera, conhecidas como abelha com ferrão.

O setor demonstrou um bom desempenho financeiro nas propriedades visitadas e o extensionista rural do Escritório Regional da Emater/RS-Ascar Jorge João Lunardi dimensiona que são produzidas 346 toneladas de mel por ano, em 23.311 caixas instaladas. Renda anual da região: mais de R$ 15 milhões!

Histórias de sucesso

Há 40 anos, Egídio Pich, do município de Cândido Godói, dedica-se à apicultura, tornando-se uma referência no assunto. Atualmente sua família possui 80 colmeias de abelhas africanizadas, obtendo uma média de produtividade aproximada de 25 Kg por colmeia. O resultado anual depende de fatores como manejo e clima. “Se houver pouca chuva no verão, por exemplo, colhe-se mais mel”, explica o apicultor.

Assim como a apicultura é importante para a geração de renda de alguns, a atividade faz parte da produção de autoconsumo para outros. Na região, segundo o último levantamento, 1.557 apicultores detêm apiários com até 20 caixas de abelhas; 408 apicultores têm de 21 a 100 caixas e 53 apicultores têm mais de 100 caixas de abelhas. Há alguns casos de apicultores que têm até mais de 500 caixas espalhadas por diversos municípios.

No momento, o preço do mel comprado para a exportação varia de R$ 4,00 a R$ 6,00/Kg. Por outro lado, existe a venda direta ao consumidor a um preço aproximado de R$ 20,00/Kg. Entretanto, Lunardi aponta como um dos principais gargalos a falta de inspeção sanitária do produto, o que, em alguns casos, dificulta o acesso a programas institucionais, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Na região, até o momento, apenas seis municípios têm o Sistema Municipal de Inspeção funcionando para o mel, observa.

Uma das saídas pode ser o associativismo. No momento, existem na região 11 associações com 121 sócios e dez casas do mel, com 41 sócios.

Preservação ambiental

Lunardi observa que alguns apicultores tradicionais procuram áreas apícolas, em comunidades com culturas de soja, por exemplo, uma vez que, nelas, é menor a aplicação de agrotóxicos, produtos que muitas vezes provoca a mortandade de abelhas e a diminuição da atividade apícola.

É o caso de João Anselmo Thiele, que possui 190 caixas de abelhas em plena produção, espalhadas pelos municípios de Santa Rosa, Dezesseis de Novembro e São Borja. Neste ano, a produção familiar deve ultrapassar 4.000 Kg e será entregue a uma empresa de Santo Ângelo. “Expandindo para as regiões de campo nativo e de mata, conseguimos proteger as colmeias da interferência dos agrotóxicos, tem mais espaço para o manejo e disponibilidade de florada, o que interfere na produção, pontua Thiele.

Ele ainda afirma que, nos últimos dois anos, não tive mais problemas neste sentido. Com a Assistência Técnica da Emater e de cooperativas, os agricultores estão fazendo a aplicação mais adequada dos agrotóxicos, o que é muito importante para as abelhas, para as pessoas e também para o equilíbrio do meio ambiente, afirma o apicultor de Santa Rosa.

Vocação e Assistência Técnica fazem a diferença

João Anselmo Thiele, que está na atividade há 33 anos, reconhece que a vocação é um fator importante para se dedicar à apicultura. “Eu comecei e continuo porque gosto de lidar com os bichinhos e também como uma forma de preservar a sua diversidade e o meio ambiente”, afirma.

Para seguir na atividade, Egídio, de Cândido Godói, também destaca que é preciso muita doação e vocação. “Desempenhamos esta atividade com muito prazer e alegria, desde 1980, e isso faz diferença no resultado”, destaca. O manejo da colmeia é feito durante o ano inteiro, seguindo aspectos como a troca de rainha e a troca de cera, para melhorar a produtividade.

A Emater/RS-Ascar, em conjunto com a Seapdr, continua a incentivar seus profissionais, lideranças e a agricultores na criação de Apis e também dos Meliponídeos, que são as abelhas sem ferrão. Nas visitas técnicas, são apresentadas orientações em relação ao manejo da atividade e também aspectos da legalização sanitária, tributária e ambiental da atividade.

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