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Polos brasileiros de produção de tilápia apresentam grande diversidade

Tilápia na rede
A tilápia é a espécie de peixe mais criada no país

Publicação da Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO) lançada neste mês relata como são diversos entre si alguns dos principais polos produtivos de tilápia no Brasil. As diferenças envolvem tanto características produtivas, como socioeconômicas e estruturais. A tilápia é o principal peixe produzido hoje no país, que já é o quarto produtor mundial da espécie.
“As diferenças verificadas entre os polos produtores de tilápia refletem, de certo modo, a própria diversidade dos estados onde eles se encontram, com relação à infraestrutura, recursos naturais e nível de desenvolvimento socioeconômico. Isso acaba tendo reflexo sobre as condições de trabalho dos produtores e o acesso aos mercados, além de impactar diretamente nos custos de produção”, explica Manoel Pedroza, pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura e um dos autores do novo boletim.
 
Foram gerados dados quantitativos e qualitativos a partir de questionários aplicados nos polos. Ao todo, 35,5% dos tilapicultores dos sete polos trabalhados participaram da pesquisa, somando mais de 550 produtores. Os sete polos estão em quatro regiões geográficas brasileiras: Oeste do Paraná, Norte do Paraná e Vale do Itajaí (SC), no Sul; Submédio São Francisco (BA, PE e AL) e Reservatório de Boa Esperança (PI), no Nordeste; Ilha Solteira (SP), no Sudeste do país, dividindo-se com o Centro-Oeste; e Reservatórios de Serra da Mesa e Cana Brava (GO), considerados em conjunto pela proximidade física, no Centro-Oeste.
 
Em termos de produção, os sete polos pesquisados foram responsáveis por mais de 55% da tilápia brasileira em 2018, de acordo com a Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Juntos, eles produziram mais de 172 mil toneladas do peixe. O destaque fica com o Oeste paranaense, que no ano citado produziu 29,5% da tilápia do país. Na região, estão localizadas grandes cooperativas agrícolas com atuação na área, como a Cooperativa Agroindustrial Consolata (Copacol) e a C.Vale – Cooperativa Agroindustrial.
Com relação aos custos de produção, a variação encontrada foi de R$ 3,64 a R$ 4,70 por kg. Há que se considerar, entre outros fatores, o sistema de produção prevalente em cada região. No Oeste do Paraná e no Vale do Itajaí (SC), predomina o viveiro escavado, que geralmente tem menores custos de produção que o tanque-rede, maioria nos outros cinco polos trabalhados na pesquisa.
 
Já no que se refere à logística, em média 48% dos produtores vendem sua tilápia em um raio de 100 km de distância. Com 55% e 40%, respectivamente, as unidades de beneficiamento e os intermediários/atravessadores foram os principais canais de comercialização apontados na pesquisa. Em termos de tecnologias usadas, as linhagens geneticamente melhoradas (com 68%) e os pré e probióticos (com 56%) aparecem em primeiro e segundo lugares.

Destaques

Na conclusão do trabalho, os autores dizem que “de uma maneira geral, os polos produtivos localizados nas regiões Sul e Sudeste dispõem de melhor infraestrutura rodoviária e uma oferta de crédito para a piscicultura. Os polos dessas regiões também apresentaram maiores produtividades, sendo este aspecto certamente ligado à maior escala de produção das empresas e ao uso mais intensivo de tecnologia”.
 
A tabela a seguir mostra as principais barreiras para entrada na atividade nos principais polos de produção do Brasil: 

O pesquisador Manoel Pedroza, que tem desenvolvido trabalhos em economia aquícola, entende que “os resultados desta pesquisa apontam as vantagens competitivas de cada polo produtivo e também os seus desafios. Neste sentido, essas informações podem auxiliar tanto na tomada de decisão de investidores privados como nas políticas públicas orientadas às demandas de cada região. Apesar de alguns gargalos serem comuns a todos os polos (exemplo: dificuldade para obtenção de licenças ambientais e cessão de águas da União), outros são específicos e necessitam de ações diferenciadas”.

A pesquisa foi feita no âmbito do BRS Aqua, projeto que envolve mais de 20 Unidades e cerca de 270 empregados da Embrapa. Coordenado pela pesquisadora Lícia Lundstedt, tem financiamento de três fontes: o Fundo Tecnológico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Funtec/BNDES)Secretaria de Aquicultura e Pesca do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SAP/Mapa), recurso financeiro que está sendo executado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)Embrapa. O projeto tem forte caráter estruturante, sobretudo com relação a campos experimentais e laboratórios voltados para a aquicultura, e também forte caráter de capacitação de recursos humanos especializados, a exemplo de bolsistas e estagiários.

CIAqui

Outro resultado do BRS Aqua é o Centro de Inteligência e Mercado em Aquicultura (CIAqui), lançado em setembro de 2019. Com a proposta de ser um espaço digital referência em temas relacionados a economia aquícola, reúne diversos tipos de dados e informações e é permanentemente atualizado. Quem está à frente desse centro é Manoel Pedroza, que relata melhorias recentes: “a principal mudança no CIAqui consiste na implementação de diversos filtros nos dados de produção e comércio exterior, o que tornou a apresentação das informações muito mais interativa. Em um mesmo painel é possível escolher diversos filtros, como espécies, estado, região, países e polos produtivos. Outra mudança foi a inserção de dados sobre exportações de peixes ornamentais”. Os dados da produção brasileira de pescado são os divulgados recentemente pelo IBGE e referem-se a 2019.
O pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura continua: “no item publicações, foram inseridos os documentos da FAO sobre a produção mundial e também estudos do IBGE com dados da Produção Pecuária Municipal (PPM) que incluem números da aquicultura. Outra novidade é a publicação trimestral do Informe Comércio Exterior da Piscicultura, feito em parceria com a Peixe BR, que apresenta diversas informações sobre exportação e importação da piscicultura”. A FAO é a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura e a Peixe BR é a Associação Brasileira da Piscicultura.
 
Fonte: Embrapa Pesca e Aquicultura – Clenio Araujo (6279/MG)
 
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