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Controle de Pragas – Vamos falar sobre greening!

Fruto indicando infestação pelo greening

Com o objetivo de auxiliar no controle da doença, apresentamos algumas questões que ainda são dúvidas para alguns produtores. Se você tiver mais dúvidas, envie para a gente (ruraltectv@ruraltectv.com.br) e tentaremos ajudá-lo.

Quais as iniciativas governamentais para ajudar no controle do greening?

O que temos atualmente em vigor são a Portaria do MAPA 317 de 21 de maio de 2021 e a Resolução SAA 88 de 07 de dezembro de 2021, que estabelecem os procedimentos e os critérios para o controle do greening.

A Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) é a entidade responsável por fiscalizar e fazer cumprir a legislação.

O procedimento começa por uma notificação aos produtores que não cumprirem a lei e, em caso de reincidência, eles serão autuados.

Cabe ressaltar que todas as denúncias protocoladas na CDA, anônima ou não, devem ser atendidas.

Fique atento aos mais importantes pontos da nossas legislação:

Eliminar totalmente os ramos com sintomas da praga e realizar o manejo do psilídeo acaba com a proliferação do greening no pomar?

Não! A poda de ramos sintomáticos não elimina a bactéria da planta doente e, portanto, não reduz a fonte de inóculo dentro do pomar.

Como a bactéria se move pelo floema da planta, na maioria das vezes, quando os sintomas foliares aparecem, a bactéria já está no sistema radicular.

Folhas afetadas pelo greening

Após a poda, novas brotações são estimuladas e elas já aparecem com a bactéria. Se essas novas brotações doentes não forem protegidas com inseticidas, elas servirão de fonte de bactéria para infecção de novas plantas.

O controle frequente do psilídeo (a cada 14 dias) nas plantas doentes ajuda a impedir que a bactéria seja adquirida nessas plantas e transmitida para outras plantas dentro e fora do pomar.

Que nível de erradicação é considerado “bom” manejo em pomares de até 5 anos?

Se levarmos em consideração pesquisas no cinturão citrícola de São Paulo e no sul do Triângulo Mineiro, a incidência média de laranjeiras com greening em pomares de 0 a 2 anos e de 3 a 5 anos é de, respectivamente, 2,8 e 16,5%.

Em regiões com alta incidência da doença, são observadas mais de 20% das plantas até 5 anos com sintomas de greening, enquanto em regiões com baixa incidência da doença são observadas incidências abaixo de 5% nos pomares até 5 anos.

Uma incidência acumulada menor que 10% até o quinto ano do pomar é considerada como um bom resultado no manejo dessa doença, o que daria algo entre 1 e 2% de incidência ao ano.

Existem alternativas de prevenção e controle em pomar de manejo orgânico?

Para este caso, opções que se mostraram eficientes no manejo do psilídeo são:

Áreas com aplicações frequentes desses produtos (intervalo de aplicação ≤10 dias) apresentaram uma baixa população do psilídeo. Em todas as opções, é necessário utilizar produtos de qualidade para ter uma boa eficácia no controle do inseto e evitar fitotoxidade na planta.

Além do manejo químico, o psilídeo também pode ser controlado por inimigos naturais, com destaque para o fungo Isaria fumosorosea, que parasita e mata o inseto. Com base nesse fungo, foi desenvolvido, em parceria da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ/USP), do Fundecitrus e da Koppert, o primeiro bioinseticida para controle do vetor no Brasil. O produto foi lançado em 2018.

Psilídeo atacado pelo fungo Isaria fumosorosea

A técnica de push-pull (plantio-isca na borda do pomar + aplicação de caulim processado nas plantas de citros) é um método validado?

Estudo realizado pelo Fundecitrus em parceria com a FAPESP demonstrou que, quando as murtas (plantio-isca) são plantadas na borda do pomar de citros em formação e tratadas com inseticidas (sistêmico e pulverização), parte dos insetos oriundos de áreas externas são atraídos para essas murtas, se alimentam e morrem.

Em um pomar comercial implementado na região central do estado de São Paulo juntamente com o plantio-isca de murta em sua borda, após 5 anos, observou-se uma redução de 30% da população de psilídeos e incidência de greening comparado com um pomar sem plantio-isca.

A técnica de push-pull foi validada somente em pomar experimental até o momento.

No caso do plantio-isca (push-pull), apenas uma linha com murta na bordadura seria suficiente?

No estudo que foi observada redução da entrada de psilídeos no pomar com plantio-isca, foram utilizadas duas linhas com 40 cm de espaçamento entre si plantada na borda do pomar (do outro lado do carreador) e, além disso, duas plantas de murtas na “cabeceira” de cada linha de plantio de citros (espaçadas 40 cm entre si).

O uso de Caulim em bordaduras ou área total reduz o uso de inseticidas no pomar?

A aplicação do caulim é complementar à aplicação de inseticidas.

Para que esta tática de controle seja efetiva, é importante utilizar um produto livre de contaminantes (metais pesados), não abrasivo, de granulometria pequena (≤ 2µm), coloração branca (>85%) e facilmente dispersível em água, permitindo sua aplicação por meio de turbopulverizadores.

Em grandes áreas, a redução da população do psilídeo e incidência de greening foi observada quando o caulim processado foi aplicado em uma faixa de 100 m (borda do pomar), com frequência de aplicação a cada duas semanas e dose 2%. Em talhões pequenos localizados na borda da propriedade é recomendado aplicar no talhão inteiro.

Cercas vivas são um aliado contra o greening ou seria um hospedeiro da praga?

As cercas vivas (ex.: Sansão do Campo e Jambolão) e os quebra-ventos (Casuarina ou eucalipto Corymbia toleriana) não são hospedeiros do psilídeo e, de modo geral, não têm efeito em reduzir a entrada do inseto na propriedade.

Efeitos do quebra vento

Qual a frequência ideal da poda, já que ela favorece novas brotações?

Não há frequência ideal para poda, pois a mesma será conduzida de acordo com a própria necessidade do produtor e com sua programação de colheitas, porte das plantas e adensamento do pomar.

O principal cuidado se refere à intensificação do controle do psilídeo logo após a poda.

Se o pomar não está passando por qualquer problema de falta de chuva prolongada, logo após as podas há intensa brotação, que acontece mais rapidamente quanto mais altas forem as temperaturas. Se a temperatura média do ar estiver acima de 26 °C, os primeiros brotos podem aparecer em até 5 a 7 dias, ou em até 15 a 25 dias se a temperatura média estiver abaixo dos 22 °C.

A intensa brotação que acontece acaba por atrair grande quantidade de psilídeo.

Por isso, é preciso cuidar muito bem protegendo as brotações com pulverizações frequentes de inseticidas, pois basta um único psilídeo infectivo se alimentar de um único broto para que a infecção aconteça.

É correto considerar que de uma população de psilídeos, 40% são infectivos?

Na média, sim. Mas o número depende muito da incidência de greening na região, da própria região e da época do ano.

A incidência de psilídeos infectivos pode ser superior a 70% nas regiões centro-sul do estado de São Paulo, na maior parte do ano, e não chegar a 10% no extremo norte do parque citrícola nos meses de verão. Isso porque o calor também afeta a multiplicação da bactéria do greening nas plantas doentes, reduzindo sua concentração e a taxa de aquisição quando o psilídeo se alimenta no broto doente.

Psilídeo Diaphorina citri

Qual a melhor forma de fazer a bordadura de pomar por meio da pulverização aérea?

A pulverização aérea pode ser realizada por meio de aviões e drones.

O sentido do voo está muito relacionado à direção do vento – de modo geral, o voo deve ser perpendicular ou em um ângulo de pelo menos 25 graus em relação ao vento, independente do sentido de plantio do pomar.

Em bordas que apresentam quebra-ventos e outros obstáculos (como rede de eletricidade), o drone consegue fazer uma pulverização de melhor qualidade, pois o avião tem que aumentar a altura de voo e, consequentemente, a qualidade da aplicação é reduzida.

Essa modalidade de aplicação (pulverização aérea) é uma opção complementar às pulverizações terrestres e pode ser utilizada em momentos que exigem uma aplicação rápida (ex.: durante pico populacional do psilídeo, brotações etc), devido ao alto rendimento operacional.

Novos estudos estão sendo conduzidos para verificar a efetividade de outros inseticidas (diamida, butenolide, sulfoxamina e espinosina) com diferentes modos de ação que possam ser utilizados em rotação com os piretroides nesta modalidade de aplicação. Esses estudos estão previstos para serem finalizados até o fim do primeiro semestre de 2023. 

O manejo das armadilhas pode ser feito além das bordas dos talhões, em área aberta, como perto do escritório/oficina? Também seria útil colocar as armadilhas?

Os psilídeos apresentam gradiente decrescente da borda para o interior da propriedade. Cerca de 50% dos psilídeos observados nas armadilhas estão nos primeiros 50 metros da borda, 70% até 100 metros e 95% até 150 metros.

Em condições de manejo adequado (não criar o psilídeo dentro da propriedade), a captura é maior nos talhões localizados nas bordas da propriedade do que nos talhões internos.

Na parte interna da propriedade, capturas maiores de psilídeos podem ocorrer em talhões localizados em pontos mais altos e expostos aos ventos.

Também são observadas capturas significativas do psilídeo em talhões próximos a locais iluminados (como portaria, sede e barracões). Dessa forma, é interessante que nesses locais também sejam instaladas algumas armadilhas.

A associação do manejo integrado e do manejo de resistência com a utilização de biológicos contribui para o controle de indivíduos tolerantes ou resistentes de forma mais efetiva?

A utilização de inseticidas biológicos em associação com inseticidas químicos é uma medida interessante no manejo da resistência, desde que o inseticida biológico seja efetivo em controlar o psilídeo.

Folha infestada pelo psilídeo

O que é melhor: usar produtos comerciais contendo a mistura de princípios ativos ou usar os ativos separadamente?

No caso em que os princípios ativos são utilizados frequentemente na citricultura (ex.: piretroides e neonicotinoides), a melhor estratégia é utilizar separadamente em rotação com outros princípios ativos contendo diferentes modos de ação.

Em períodos de brotações, os inseticidas químicos que atuam no desenvolvimento da fase jovem do psilídeo (reguladores de crescimento) podem ser aplicados em mistura com os demais inseticidas químicos.

Contudo, estes inseticidas reguladores de crescimento nunca devem ser utilizados isoladamente no manejo do psilídeo.

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