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Reserva hídrica do país atende apenas 22% da agropecuária

Vista aérea de uma área de cultivo com sistema de irrigação por aspersão em operação
Uso atual não passa de 3,3% mas levantamento aponta limitações de disponibilidade e desigualdades regionais no potencial hídrico brasileiro

Se todos os produtores rurais brasileiros decidissem, a partir de amanhã, usar irrigação em suas propriedades, faltaria água para abastecer o setor que mais gera riqueza no país. Segundo levantamento feito pela Agência Nacional de Águas (ANA) junto com o Ministério do Desenvolvimento Regional e a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), o potencial de irrigação total do Brasil corresponde a 55,8 milhões de hectares, o equivalente a pouco mais de 22% da área agropecuária atual. Desse total, 74% encontra-se na região Centro-Sul, sendo 35,3% só no Centro-Oeste – principal região produtora do país.

Na prática, contudo, o país ainda está longe disso. Apenas 3,3% desse potencial, o equivalente a 8,2 milhões de hectares, encontra-se em uso nos dias atuais. Para os próximos 20 anos, a previsão da ANA é de uma expansão de, no máximo, 6 milhões de hectares, chegando a 14,2 milhões em 2040 – ou 5,7% da área agropecuária do país. Os dados constam no Altas da Irrigação, que foi divulgado na última sexta-feira (26/2) pela ANA e levam em consideração, também, os demais usos da água atuais e projetados no país. Para acessar o Atlas clique no LINK.
Mesmo esses 22% já seriam um incremento de área irrigada no país muito grande, mais que dobraria a área atual. Então, isso remete a um incremento necessário da política e do fomento à irrigação e do ganho de produtividade que é o que se espera para o desenvolvimento da atividade no país.
A publicação tem como objetivo justamente contribuir na elaboração das políticas públicas de irrigação no Brasil. O cenário de potencial de curto e médio prazo é reflexo não só da disponibilidade hídrica, mas também da própria tendência de crescimento do país, numa projeção de que é possível expandir. Não significa que, neste prazo, se atinja todo o potencial porque o potencial é muito maior.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) apresentados pelo Atlas, o Brasil é o sexto país em área equipada para irrigação do mundo, logo atrás do Irã, com 8,7 milhões de hectares. Os líderes mundiais são China e Índia, com 70 milhões de hectares cada um, seguidos de EUA, com 26,7 milhões de hectares, e Paquistão, com 20 milhões de hectares. No caso chinês, por exemplo, a área irrigada equivale a cerca da metade dos 130 milhões de hectares com aptidão agropecuária do país. Não necessariamente há um gargalo físico, pois o país tem um potencial.

Efetivamente, porém, esse potencial é pequeno. Quando consideradas apenas as áreas com aptidão de solo, relevo e infraestrutura para a irrigação, a área irrigável adicional do Brasil calculada pela agência cai para 16,7 milhões de hectares – 6,7% da área agropecuária total e bem próximo da área projetada em caso de crescimento acelerado da adoção da tecnologia nos próximos 20 anos.

Essa disponibilidade é a disponibilidade momentânea, considerando tempo e espaço. É preciso fazer sempre essa contabilidade. A cada novo usuário de uma bacia, é preciso checar essa conta novamente, destacando-se sempre a importância do uso racional da água também na agricultura.

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