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Praga exótica da apicultura é interceptada em Guarulhos

Favo interceptado infestado pelo besouro exótico

A equipe do sistema de Vigilância Agropecuária (Vigiagro) do Aeroporto de Guarulhos conseguiu barrar a entrada no Brasil do besouro Cryptophagus scanicus, uma espécie considerada exótica, com capacidade de infestação em criações de abelhas. O impacto no sistema de produção nacional e ambiental é desconhecido.

Numa inspeção de rotina, uma servidora do Vigiagro apreendeu mel e outros produtos de interesse agropecuário vindos da Bielorrússia, transportados na bagagem de um passageiro. No favo de mel foi verificada a presença de besouros e larvas. O material foi enviado ao Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (Lfda) de Goiás, onde um exame de DNA identificou a espécie. O Vigiagro e o Lfda são estruturas do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

O besouro Cryptophagus scanicus

Segundo técnicos, há um risco significativo na entrada do Cryptophagus scanicus no Brasil em favos de mel importados sem o devido cumprimento dos requisitos sanitários brasileiros. O material apreendido não atendia às determinações sanitárias estabelecidas pela legislação brasileira. Segundo a Instrução Normativa nº 21, de 29 de junho de 2013, toda importação de produtos apícolas deve ser acompanhada de um Certificado Veterinário Internacional, garantindo condições sanitárias adequadas e a ausência de parasitas externos.

Os besouros da famíla Cryptophagidae são conhecidos vulgarmente como besouros de fungos de seda. Os adultos e as larvas são fungívoros, alimentando-se de esporos e hifas de fungos em uma ampla variedade de habitats. Podem ser encontrados em colmeias, ninhos de outros himenópteros (grupo de insetos que inclui vespas, abelhas e formigas), madeira podre, ninhos de roedores, lã, pelos e penas de animais. Esses besouros podem transmitir esporos de fungos aos produtos, estimulando o crescimento fúngico. Não foi identificado relato ou registro de sua presença no Brasil, sendo de ocorrência endêmica na Europa.

Doença Cria Giz – Crias de abelhas Apis mellifera apresentando três situações: à esquerda,
uma cria sadia na fase de pupa; ao centro, uma cria morta e mumificada pelo fungo e, à direita,
uma cria de coloração escura já com formação de esporos do fungo Ascosphaera apis
Micrografia de Nosema apis intracelularmente em contato com o núcleo do hospedeiro.
O Nosema apis é um fungo que afeta principalmente as abelhas

Este inseto, apesar de não constar na lista de doenças de notificação obrigatória ao serviço veterinário oficial (prevista na Instrução Normativa nº 50, de 24 de setembro de 2013), está sujeito à aplicação de medidas de defesa sanitária animal. Por sua característica biológica, pode se tornar vetor de agentes fúngicos, como o Ascosphaera apis (um fungo patogênico que causa a doença da “cria-giz” em abelhas, enfraquecendo as colônias) e o Nosema apis (fungo que causa a nosemose, doença que afeta o sistema digestivo das abelhas). Esses dois tipos de fungos estão presentes nessa listagem.

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