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As máquinas chinesas chegaram

Um micro trator chinês sendo testado

O primeiro contêiner chegou no dia 16 de janeiro, com 14 máquinas, entre trator de esteira, cultivador, plantadeira, colheitadeira e semeadoura de alta precisão, além de equipamentos como arado de disco e um reboque para trator. “É apenas o começo dessa parceria para incrementar a mecanização da agricultura familiar, responsável pela maior parte dos alimentos que chega à mesa do povo brasileiro, principalmente do Nordeste, responsável por mais de 50% dessa produção”, afirmou a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra.

Os agricultores familiares da cidade de Apodi, no interior do Rio Grande do Norte, são os primeiros a testarem as máquinas chinesas de pequeno porte, específicas para atender a necessidade desses produtores. É o início da parceria de cooperação agrícola com a China para aumentar a produtividade de propriedades da agricultura familiar, com o lançamento da Unidade Demonstrativa Brasil-China de Cooperação em Desenvolvimento Agrícola. O programa prevê a testagem de 31 máquinas chinesas, em assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), cooperativas e em unidades de agricultura familiar.

O primeiro desembarque das máquinas chinesas no RN
Agricultores familiares de Apodi, no interior do Rio Grande do Norte,
serão os primeiros a testarem máquinas chinesas – Foto: MST

A expectativa é que a introdução do maquinário aumente a eficiência, em diferentes estados da Região Nordeste, a partir dos tipos de solo e sistemas produtivos. O acordo, entre brasileiros e a Universidade Agrícola da China, prevê um período de testes para identificar os itens do maquinário que se adaptam ao dia a dia da produção familiar em território nacional.

Desse total de máquinas, 11 foram entregues ao MST no Rio Grande do Norte. O maquinário também será enviado para Ceará, Maranhão e Paraíba, onde serão realizadas as testagens de eficiência nos diferentes tipos de solo e sistemas produtivos. O objetivo é que, futuramente, os equipamentos sejam produzidos no Brasil.

Segundo o movimento, a relação entre brasileiros e chineses tem se estreitado desde 2022. A parceria conta com apoio da Associação Internacional para a Cooperação Popular (AICP), da Universidade Agrícola da China (CAU), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (Consórcio Nordeste), e do governo federal, que oferece financiamento a partir do Programa Mais Alimentos e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

Agricultores familiares têm o primeiro contato com uma das máquinas chinesas em Apodi, RN – Foto: MST

O governo federal() criou um conselho, com a participação da Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e outros agentes, para o desenvolvimento de máquinas menores adaptadas à realidade da produção na agricultura familiar.

A solenidade de entrega e apresentação dos equipamentos contou com uma visita ao campo de demonstração das máquinas chinesas e a realização de um ato político no centro de Apodi. O evento contou com a presença dos representantes das instituições chinesas que fazem parte da parceria e de representantes de sete diferentes empresas de máquinas agrícolas chinesas, que já estão no Brasil.

Solenidade de testagem das máquinas chinesas em Apodi, RN – Foto: Embaixada da China
Os representantes das instituições envolvidas na parceria

Também participam do lançamento a governadora do estado, Fátima Bezerra, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, o ministro Secretária Geral da Presidência, Márcio Macedo, a ministra Luciana Santos das Ciências, Tecnologia e Inovação, além e instituições governamentais e empresas públicas.

A intenção é aumentar a mecanização na agricultura familiar brasileira e diminuir a penosidade da atividade rural. A formação de um “centro de testagem”, em diferentes tipos de solos e de sistemas produtivos, apontará as especificações desses maquinários, sua eficiência no atendimento aos agricultores brasileiros e eventuais necessidades de adaptações, o que viabilizará a produção desses equipamentos no Brasil.

São máquinas como mini tratores, preparadores de solo, processadoras de alimentos e colheitadeiras de arroz. O MDA vai aportar R$ 1,1 milhão em uma parceria com o Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) para acompanhar o processo de testagem das máquinas.

Entre as máquinas, estão mini tratores, preparadores de solo,
processadoras de alimentos e colheitadeiras de arroz
Participantes da solenidade são apresentados a uma mini colheitadeira arrozeira

Segundo o ministro Paulo Teixeira, muitas modalidades de máquinas agrícolas ainda não existem no Brasil. Isso tudo está dentro do Programa Mais Alimentos. A Finep está financiando agora um edital para trazer as indústrias brasileiras para criar um ambiente de produção de máquinas pequenas para a agricultura familiar, não só para cultivar a terra, como tratores, implementos, mas também para processar os alimentos que vai ajudar muito na produção.

Com o desenvolvimento dessas máquinas de pequeno porte, a China consegue ter uma ampla cobertura de mecanização na sua agricultura familiar, com cerca de 87% das propriedades atendidas com esse tipo de tecnologia. No Brasil, os dados do último Censo Agropecuário de 2017 apontam que apenas 18% dos estabelecimentos familiares tinham ao menos um trator naquele ano.

Trator de esteira de pequeno porte
Agricultora familiar testando um micro trator
O embaixador da China, Zhu Qingqiao, na solenidade em Apodi, RN

Na ocasião, o ministro Paulo Teixeira convidou o embaixador da China, Zhu Qingqiao, a instalar uma fábrica no país. Em seu discurso, o ministro destacou a importância da mecanização para o desenvolvimento da agricultura familiar no Brasil e a necessidade de ampliar o acesso dos agricultores a máquinas e equipamentos adequados à realidade local. A instalação de uma indústria no Brasil representa um salto na mecanização dessa agricultura pungente, potente e nordestina que ensina o Brasil e o mundo a trabalhar nesse contexto de mudanças climáticas. Pelo lado da China, o embaixador Zhu Qingqiao se mostrou receptivo ao convite e destacou o interesse de seu país em fortalecer a parceria com o Brasil na área da agricultura.

“Nós temos uma meta comum de promover ainda mais a mecanização, a prosperidade para todos e, em seguida, ampliar para as áreas de comercio, investimentos, social, ciência, tecnologia e inovação e trazer benefícios para todo o povo de todas as regiões e de todas as camadas sociais”, afirmou o embaixador.

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