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Interior da floresta
A importância e o potencial dos pequenos produtores na conservação

FSC Brasil quer estimular a certificação como forma de ampliar a adoção de boas práticas
 
O Brasil possui a 2ª maior área de florestas do mundo. Isso significa que 59% do território brasileiro, ou seja, mais de 5 milhões de km², são cobertos por florestas naturais e plantadas. É, portanto, um país de clara vocação florestal. 
 
E sob a copa dessas árvores moram milhões de pessoas. Em todo o país, conforme dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR), dos 5,2 milhões de imóveis rurais, cerca de 3,5 milhões são de pequenas propriedades. Já de acordo com informações do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), os povos indígenas e as comunidades tradicionais ocupam ¼ do território nacional. Por fim, segundo o último censo demográfico da região (IBGE 2000), a chamada Amazônia Legal, que abrange dez estados brasileiros, tem mais de 20 milhões de moradores, sendo que 31% estão na área rural. Um estudo encomendado pelo FSC indica o potencial total de certificação de pelo menos 8.730.750 hectares aqui no Brasil, inclui especialmente concessões florestais – e o manejo comunitário pode ser um tipo de concessão regulado pela mesma lei.
Promover o manejo florestal responsável entre pequenos e comunitários, portanto, não melhora apenas as condições de vida dessas populações, mas contribui para o desenvolvimento econômico, social e ambiental de todo o País. Nesse sentido, o FSC, que é o sistema de certificação florestal mais reconhecido no mundo, está desenvolvendo, em parceria com o Instituto Terroá, o projeto “Novas abordagens para auditoria FSC em pequenos produtores e empreendimentos comunitários”. “Eles têm um papel-chave na agenda da bioeconomia brasileira aliada à conservação florestal. E a certificação os auxilia desde a execução de um manejo sustentável, até melhores práticas de gestão e governança territorial“, explica Luís Fernando Iozzi, diretor do Instituto Terroá.
 
O piloto do projeto acontecerá na Amazônia brasileira em 2021, e seu objetivo final é adaptar a abordagem de auditoria e os meios de verificação dos requisitos de certificação com o intuito de facilitar a entrada desse público no sistema, visando ampliar a adoção de boas práticas produtivas e diferenciar esses produtos no mercado. “O trabalho que vem sendo desenvolvido é fundamental para que mais comunidades tenham acesso à certificação FSC“, completa Iozzi.
“O selo nos ajudou a ganhar importância no mercado do setor florestal. Dois anos após a certificação, a Coomflona adquiriu mais clientes e passou a ser procurada por empresas interessadas em comprar madeira certificada, principalmente para exportar para a Europa”, conta Ângelo Chaves, engenheiro ambiental responsável técnico pela certificação da Cooperativa Mista da Floresta Nacional do Tapajós – Coomflona. “A valorização contínua do m³ da madeira em tora também tem contribuído para uma série de benefícios socioambientais para as populações locais”, reforça Chaves.
 
Outro exemplo interessante de certificação de pequenos e comunitários é a AmazonBai, no Amapá. A associação de produtores do Bailique, há seis anos, iniciou um processo que hoje significa ter o manejo florestal certificado, o único produto do açaí certificado do mundo e a verificação de impactos positivos nos serviços ecossistêmicos de carbono e biodiversidade. “Um legado de grande relevância é a consciência ambiental que a certificação trouxe pra nossa comunidade, porque ultrapassa os associados. Antes, você via muito lixo aqui na região e hoje, aqui dentro, isso melhorou quase 100%”, diz Miro Cordeiro Lopes, produtor agroextrativista que faz parte da cooperativa desde o início e destaca também o avanço na proteção das matas ciliares.
“Muitas vezes, essas pessoas não têm capital ou acesso a linhas de crédito, não contam com assistência técnica, insumos, mercado, muito menos alternativas sustentáveis, e ainda sofrem uma pressão enorme de desmatadores e mineradores ilegais, grileiros”, explica Aline Tristão Bernardes, diretora executiva do FSC Brasil. “Dar a eles alternativas de renda e apoio, estimulando a melhoria e o aprendizado contínuo, fortalece a ligação deles com a terra e promove a conservação a partir do momento que valoriza a floresta em pé”, diz.
 
Por mais que, ainda hoje, boa parte das certificações de pequenos produtores venha de uma exigência da indústria, de algum tipo de programa de fomento, já existem casos em que essa decisão tem por objetivo, por exemplo, captar investimentos para esses negócios florestais. Quanto mais essa noção de valor for compreendida por todos os players do mercado, dos mais variados setores, melhor será para as florestas brasileiras.
 
Fonte: FSC

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